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Opinião|"Sou uma pessoa fiel buscando resultados"

Executivo ajudou a reformular imagem de famosa companhia brasileira e espera continuar a contribuir por meio de novos talentos

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Atualização:

Victória MantoanESPECIAL PARA O ESTADO

Com experiência em pesquisa de mercado e encarregado de reformular a imagem da Bombril, Marcos Scaldelai entrou na empresa como diretor de marketing. E, em dezembro do ano passado, com apenas 36 anos, passou a ocupar a presidência da companhia. Para alcançar um dos mais altos postos de uma tradicional marca brasileira, Scaldelai contou com pessoas que acreditaram em seu trabalho e na sua dedicação e esforço para levantar ideias novas e diferentes. "Sempre na minha vida profissional, nas empresas em que trabalhei, desejei ser 'o cara', usando toda a minha humildade e meus conhecimentos". A seguir, trechos da entrevista.

 Foto: Estadão

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Quando estava cursando propaganda e marketing, você esperava ser CEO de uma das maiores marcas do Brasil? Eu não esperava e, na verdade, quando decidi fazer faculdade de propaganda e marketing, não entendia muito bem o que significava. Quando realmente decidi e fui entender um pouco mais sobre o que era o curso, não pensava pelo lado de marketing, e sim pelo lado de agência, de propaganda. Estudar propaganda e marketing, me fez entender o que era marketing e sua relação com a parte financeira. Percebi que era uma área de negócios e me apaixonei. Então, decidi que esse era o mercado no qual eu queria trabalhar. Mas ainda tinha muitos pontos a serem descobertos, antes de entender que um dia eu poderia ser presidente de uma empresa.

Quais as dificuldades que enfrentou ao assumir um cargo de liderança sendo tão novo? Eu não vejo dificuldade específica porque nunca pulei nenhuma etapa. Fui cargo a cargo. Então, tenho muita clareza de como visualizar o impacto de cada área dentro do todo. Acabei fazendo gestão de negócios na USP, que me ajudou bastante a ter essa visão, na época de meu MBA. Na verdade, por ser defensor de uma estratégia mãe, através de marketing, sempre tive a oportunidade de estar muito próximo a todas as áreas.

Antes da Bombril, você passou pelo Instituto de Pesquisa de Mercado Nielsen. Trabalhar com pesquisa de mercado te ajudou a entender o que o consumidor espera de um produto? A Nielsen foi minha melhor experiência e ajudou a definir claramente meu passo seguinte na carreira. Recomendo aos estudantes de marketing que busquem trabalhar em uma empresa de pesquisa como a Nielsen. Esse ambiente ajuda a abrir a cabeça e a entender as diferenças de mercados, de produtos e de como criar estratégias para conseguir vencer o dia a dia, enxergando corretamente a informação.

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O que você aprendeu e hoje aplica na Bombril? Teria um exemplo prático? A dinâmica de um produto é regional. Não se pode tomar uma decisão nacional em um País da nossa dimensão e achar que isso vai funcionar regionalmente da mesma forma. Cada região tem seus concorrentes, cada região tem uma forma de atuação diferente até das multinacionais. A estratégia tem de ser nacional, mas o repasse dela regionalmente deve ser diferente.

Como foi a sua entradanesta organização? A minha história foi muito engraçada porque tinha uma vaga para ser diretor de marketing, mas a Bombril já tinha decidido quem ia ocupar. De repente recebi o telefonema de uma headhunter porque o dono da empresa tinha me visto em uma matéria de revista, que me colocava muito a favor de inovação, expandindo categorias de produtos na outra empresa em que trabalhava. Ele viu e mandou me chamar, mesmo já tendo escolhido a pessoa que ia ocupar a vaga. Fui conversar com ele, já era quase Natal e ele me adorou e resolveu me contratar. Após duas semanas estava começando a trabalhar dentro do que ele me pedia.

Como foram enfrentados os desafios que estavam colocados? A gente deu uma grande virada quando entrei, em 2010. Foi o momento em que a classe média estava crescendo muito e, ao mesmo tempo, a Bombril não estava conversando com essa classe. Nós criamos uma estratégia vencedora que é a Bombril e os produtos que evoluíram com as mulheres. Ou seja, nós levantamos a bandeira em busca da valorização da mulher. Mostramos que a Bombril ajudou trazendo inovações e mais praticidade para o dia a dia. Mas faltava uma linguagem diferente, que nós colocamos chamando o homem para o processo de limpeza. Já que a mulher foi para o mercado de trabalho, nada mais justo do que em casa as tarefas fossem divididas. Foi quando o mercado enxergou a Bombril entrando nesse processo de rejuvenescimento. Essa foi a grande missão: como pegar uma marca reconhecida pelo público mais velho e fazer com que essa classe média, movimentada pelas mulheres mais jovens, entendesse a Bombril dentro desse escopo.

Foi nesse contexto que surgiu a ideia de colocar mulheres como protagonistas das propagandas da Bombril? Exatamente. Aquele momento, em que eu decidi, junto com a diretoria que apostou na minha ideia, afastar o garoto Bombril, para que o público jovem olhasse a Bombril de maneira diferente e conseguisse se desvincular da ideia de que a Bombril é empresa de um só produto. A mensagem ficou muito clara: por que não o homem participar desse processo de limpeza?

Quais são os principais desafios que você deve enfrentar na carreira nesse momento? Nesse ano já estava previsto que faríamos uma mudança estratégica. Vamos continuar nesse caminho, mas com uma mensagem diferente na qual estamos trabalhando. Só que para esse ano, se a gente fosse colocar um conceito diferente no ar, ia ser muito complicado pelo fato de ter Copa e Eleição. Então, deixamos a mudança estratégia para 2015.

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CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Quais elementos de sua história contribuíram para você chegar aonde chegou? Sempre tive pessoas que olharam por mim, que me enxergaram como um talento e me deram a oportunidade de demonstrar que sou uma pessoa de total fidelidade em busca de resultados. Agora, me sinto na obrigação de também olhar tudo o que acontece ao meu redor para buscar talentos o tempo inteiro. Sou um profissional que tem um peso emocional de gestão muito grande. Acho que a emoção gera cada vez mais amor naquilo que você está fazendo. Costumo falar para todos os meus funcionários: sejam sempre o cara. O cara é aquele que pensa diferente, pensa fora da caixa e não está ali só para fazer o trabalho normal, para o qual ele foi contratado. Na minha vida profissional, sempre, em qualquer empresa que eu trabalhei, quis ser o cara, usando toda a minha humildade e conhecimento.

Você já chegou à presidência de uma grande empresa. Quais suas metas para o futuro? Eu amo o que faço. Tenho uma importante vida aqui dentro dessa empresa. Quero sim ser reconhecido como um grande gestor, aquele que faz a diferença. Vou continuar buscando estar a frente de grandes empresas, mas tenho muito tempo ainda aqui, tenho muito o que ajudar. Vislumbro estar frente a outras empresas bem mais para frente, com outra idade. Quero ser uma referência no País, como um profissional que gera mudanças nos resultados das empresas.

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