Tiago Mavichian
12 de abril de 2022 | 09h09
Quando iniciamos um estágio ou, no caso de profissionais com mais tempo de estrada, um emprego novo, sempre começamos com energia alta, vontade de aprender e impactar o negócio. Logo, essa energia se dissipa nas atividades do dia a dia. Conforme as demandas vão chegando, chegam também as dúvidas: será que estou fazendo isso corretamente? Será que a equipe está satisfeita com meu trabalho? Como devo me posicionar nesta situação?
Para lidar com esse tipo de ansiedade, natural em um novo cargo, só há um caminho possível: o feedback. Ter um retorno estruturado sobre o desempenho é tão necessário que, se não é feito, você pode e deve pedir ao líder. E não fique com vergonha ou receio de fazer isso, afinal, os melhores talentos têm por hábito questionar colegas e chefes a respeito do próprio trabalho. Eles sabem que só irão aprender — e crescer — se conhecerem seus pontos fortes e fracos.
Além de calibrar papéis e responsabilidades, dar um norte, criar conexão e reduzir a distância em tempos de trabalho remoto, o feedback é um dos principais mecanismos para que você se desenvolva.
Feedback visa desenvolvimento profissional; líder e liderado devem se preparar. Foto: Unsplash/@wocintechchat
A boa notícia é que, apesar de ainda serem mais comuns após os ciclos semestrais de estágio, muitas empresas já estão incorporando feedbacks recorrentes, trimestrais ou até mensais, chamados de one-on-one. Se você está dando os primeiros passos na carreira e quer saber mais, vem comigo.
O bom feedback deve ser sempre construtivo, elencando os aspectos positivos a serem mantidos e aprimorados, e também algumas situações e seus resultados, que precisam ser pensados e trabalhados pelo colaborador. Tudo isso com exemplos de situações práticas, posturas e atitudes.
Apontar esses detalhes exige método. E existem vários disponíveis. Vamos a eles:
Vem da sigla Situação, Comportamento e Impacto. O gestor precisa seguir esse fluxo para passar o feedback. Primeiro, ele aponta uma situação vivida por você em sua rotina na empresa; depois, como você se comportou diante dela e, por último, como esse comportamento refletiu em seu desempenho.
Esse modelo é muito interessante, pois passa um relatório completo da situação que o gestor quer discutir e justifica com muita clareza a sua mensagem. Para citar um exemplo, o meu líder poderia me chamar e dizer: “Tiago, notei que você tem organizado com antecedência o material das reuniões de alinhamento semanais. Isso está deixando as conversas muito mais organizadas, dinâmicas e claras. Excelente trabalho!”. Todo SCI está presente nesse exemplo.
Como o nome diz, esse modelo entrega a você uma visão panorâmica de sua atuação na equipe, de 360 graus. A ideia desse feedback é que não apenas o gestor fale, mas também seus colegas e você próprio se avalie. Vale lembrar que você também vai avaliar seus colegas, então nada de ‘lavar a roupa suja’.
Esse modelo propõe uma pequena imersão em seu próprio trabalho. O gestor irá iniciar sua exposição elencando todos os seus pontos positivos, demonstrando construtivamente seu valor para a equipe e para os resultados da empresa; depois, para melhorar seus pontos de atenção, em vez de expô-los da mesma maneira, o gestor irá fazer uma pergunta para que você se avalie.
Isso é bom para pensar em pontos críticos que, às vezes, você nem sabia que estavam lá. Por último, o gestor irá propor uma ação para aprimorar esse ponto. Pode ser uma reflexão, um curso ou um novo fluxo de trabalho.
Se você ainda está se perguntando como isso tudo pode ajudar no seu crescimento dentro da organização, saiba que, muitas vezes, os ciclos de feedback estão atrelados ao seu Plano de Desenvolvimento Individual. O “PDI”, como é chamado na maioria das organizações, nada mais é do que o seu planejamento de carreira na companhia, com metas e objetivos de curto, médio e longo prazos.
Mal comparando, se na faculdade você tem o histórico escolar, no estágio você terá o PDI, um registro de seu progresso individual. Ou seja, o líder usará o PDI para entender se você atingiu ou não o que foi acordado e ajudá-lo a definir os próximos passos, como liderar um projeto, fazer curso em alguma área específica ou fortalecer uma habilidade. Por isso, o importante nesse processo todo é se preparar para perguntar e, mais do que isso, ouvir genuinamente.
Lembre-se: feedback não é sobre crítica, mas sobre aprendizado. Até a próxima!
* Tiago Mavichian é CEO e fundador da Companhia de Estágios, plataforma de recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovens aprendizes.
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