Carla Miranda
19 de maio de 2011 | 16h35
A revista britânica “The Economist”, tradicionalmente defensora da livre-iniciativa e do livre-mercado, não deixou de defender, em janeiro, a moratória de Portugal, Grécia e Irlanda, por acreditar que tal atitude seria necessária cedo ou tarde (saiba mais).
Agora, na edição desta semana, aponta a mão do Estado como importante fator que fez o Nordeste se tornar “o principal ator econômico do Brasil”.
A revista expõe a opinião de Marcelo Neri, professor da Fundação Getulio Vargas, segundo o qual “o Bolsa Família, louvado programa antipobreza de Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido importante”. Mas a publicação acrescenta que “outras políticas governamentais ajudaram mais”.
Veja abaixo excertos da reportagem que apontam fatores do crescimento do Nordeste:
. “O instituto [a FGV] avalia que o Crediamigo, o programa de microcrédito do Banco do Nordeste, retirou mais de 1 milhão de nordestinos da pobreza.”
. “Três quartos do crescimento da renda desde 2003, quando Lula se tornou presidente, vieram de salários, não de assistencialismo. […] Em termos reais, o salário-mínimo aumentou 60% no período, com os principais benefícios sendo sentidos no Nordeste. A nova situação do poder de compra na região está atraindo empresas.”
. “A Sudene, uma agência de desenvolvimento regional, ajudou a financiar 52 shoppings no NE desde 2006.”
. “O governo está investindo pesado em obras públicas, incluindo a ampliação da rodovia paralela à costa atlântica.”
. “A principal fonte de crescimento é o porto e o complexo industrial de Suape, que está sendo expandido para atender navios maiores. Mais de cem empresas se moveram para lá, atraídas por incentivos fiscais.”
. “No porto de Pecém (CE), o governo do Estado está montando um instituto para treinar 12 mil trabalhadores por ano, e a Petrobras está construindo outra refinaria.”
Setor privado
Com menos destaque, a reportagem aponta o papel do setor privado também como fator do desenvolvimento da infraestrutura na região.
“O porto privado da Vale Ponta da Madeira será o maior do Brasil em 2015, exportando 230 milhões de toneladas de minério de ferro por ano”, afirma a “Economist”.
Como principal risco ao desenvolvimento da região, a revista aponta o baixo nível da educação. As empresas estão investindo no treinamento dos seus funcionários, uma vez que a os gastos públicos com educação no Nordeste estão abaixo da média nacional.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.