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Mesmo contrariado, investidor estrangeiro aposta na Petrobrás

Estrangeiros temem aumento da parte do Estado, mas compram ações

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Por Carla Miranda
Atualização:

Atualizado às 18h37

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A capitalização da Petrobrás foi notícia em diversos sites estrangeiros, ao longo desta sexta-feira, 24, do norte-americano "The Wall Street Journal" ao australiano "Sydney Morning Herald". De uma forma ou de outra, a mensagem em geral foi de que investidores ficaram contrariados com o aumento da presença do Estado na empresa, mas mesmo assim resolveram entrar na operação.

Ao longo do dia, a estatal permaneceu no topo do ranking "Comprando na Baixa", que reúne as ações da bolsa de Nova York com maior afluxo de capital entre as que operam em baixa. O indicador é calculado pelo "WSJ Market Data Group".

"The Wall Street Journal"

"O petróleo é um setor cujos investidores há muito tempo lidam com risco político. Por isso, mesmo que a oferta da Petrobrás tenha aumentado a participação do governo na empresa, de 40% para 48%, os investidores não estão assustados", afirmou o "Wall Street Journal, na seção "Heard on the Street".

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Comparando a Petrobrás com a General Motors, que deve fazer uma grande oferta de ações em novembro, o diário nova-iorquino acredita que a empresa americana não terá tanta facilidade quanto a brasileira. Primeiro, porque o governo do Brasil comprou grande parte das ações. Depois, porque "o mundo precisa de mais petróleo; de carros, nem tanto".

O "Wall Street Journal" faz também uma comparação que vale pelo menos para os supersticiosos: antes da Petrobrás, a empresa que detinha o recorde mundial de uma oferta de ações era a japonesa Nippon Telegraph & Telephone. A operação ocorreu e 1987, "quando o mercado de Tóquio estava com tudo"; pouco depois, o Japão entrou em fase de estagnação econômica."Sem querer que chova na festa do Brasil, a história deveria deixar os brasileiros um pouco tensos", disse o "Journal".

"Financial Times"

O blog "BeyondBrics", do "Financial Times", vê uma incerteza sobre o que pode acontecer com a eficiência e a produtividade da Petrobrás, após o aumento da participação do governo. Normalmente, não faz muita diferença se o controlador tem 51% das ações ordinárias ou 100%. Mas essa máxima não vale para a Petrobrás, avalia o jornalista Jonathan Wheatley. Tendo mais ações, o Estado terá direito a uma parcela maior dos dividendos, o que pode deixar o governo de plantão tentado a intervir mais nos negócios da companhia.

Em texto que será publicado na edição impressa do "FT", Wheatley diz que "o Brasil toma banho de sol sob os holofotes da Petrobrás" e cita uma frase de Lula: "Estado fraco nunca foi sinônimo de setor privado forte".

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"The Economist"

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A revista "The Economist" avaliou, em seu site, que o ministro Guido Mantega (Fazenda) não exagerou ao dizer que a capitalização foi um "enorme sucesso", e apontou um lado positivo da relação entre o Estado e a Petrobras: "O presidente Lula quer usar esse dinheiro [parte da receita da estatal] para transformar o Brasil em um país desenvolvido, por meio de projetos em educação, bem-estar social e infraestrutura". Mas assinalou que "um grande medo é que isso seja o início de uma retomada da intromissão do governo na indústria".

"The New York Times"

O site "Deal Book", do "New York Times", observou que a oferta da Petrobrás assumiu "tons políticos", "uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma política de fortalecimento do controle do governo sobre a indústria do petróleo".

"El País"

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O site do jornal "El País" notou que a Petrobrás não apenas se tornou a segunda maior petrolífera do mundo em valor de mercado, atrás da norte-americana Exxon Mobil, como também a terceira maior empresa do Continente Americano, abaixo da vice-líder Apple.

"Sydney Morning Herald"

O "Sydney Morning Herald" publicou reportagem da Reuters segundo a qual a capitalização dá à Petrobrás a musculatura necessária para explorar o pré-sal. Segundo o texto, uma fonte que pediu anonimato informou que fundos soberanos do Oriente Médio e da Ásia compraram ações da Petrobrás e que houve uma "tremenda demanda" por parte de fundos norte-americanos.

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