As 63 moedas que circulam no Brasil, sem contar o real, foram tema de reportagem de capa do diário americano "The Wall Street Journal". O recém lançado CDD, da Cidade de Deus, é apenas mais uma divisa que segue uma tendência iniciada nos anos 1990.
As divisas locais têm-se proliferado País adentro, em regiões pobres que tentam incentivar a população a não gastar todo o dinheiro fora, conta o correspondente do jornal, Paulo Prada.
O jornalista se concentrou no exemplo do município de Silva Jardim (RJ), em que a moeda local, o capivari, dá desconto no comércio da cidade. O incentivo tem dado resultado.
A dona de uma loja conta que um cliente, antes de fazer uma compra de R$ 2.700, foi trocar reais por capivaris e, com isso, ganhou 5% de desconto na venda. O proprietário de um supermercado afirma que 12% do seu faturamento já é em capivaris. A dona de uma loja de telhas diz que paga parte do salário dos funcionários na moeda local.
Para administrar a moeda local, existe o Banco Capivari, que guarda um real para cada capivari colocado em circulação. O câmbio é de um para um.
A primeira moeda local a circular no País foi a palma, no bairro de Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, em 1998. Na ocasião, a iniciativa preocupou o Banco Central. Mas o responsável pela ideia, o ex-seminarista Joaquim Melo, argumentou que a moeda estava atrelada ao real e que funcionava como qualquer cupom usado legalmente por instituições ou empresas.