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Corte no Orçamento equivale a 3,7% da receita da União

Se considerado apenas o dinheiro do Poder Executivo, a redução foi de 6,2%

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Por Carla Miranda
Atualização:

Atualizado às 17h29

É quanto o corte de R$ 55 bi representa na receita prevista até então

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O governo anunciou um corte de R$ 55 bilhões no Orçamento, com o objetivo de aumentar investimentos e programas sociais.

Esse valor pode parecer muito ou pouco, dependendo da comparação que se faz. O volume corresponde, por exemplo, a apenas 3,7% das receitas da União. Mas já é um terço da meta de superávit primário (dinheiro que o governo junta para pagar dívida) deste ano, de R$ 140 bilhões.

A receita prevista pelo governo na Lei do Orçamento, em janeiro, era de R$ 1,5 trilhão, sem contar o que entrará nos cofres públicos por meio de emissão de títulos, ou seja, por meio de endividamento.

Se tiramos dessa receita de R$ 1, trilhão as transferências a Estados e municípios (R$ 202 bilhões) e a receita dos poderes Legislativo e Judiciário e de órgãos fora do controle do executivo (R$ 614 bilhões no total), percebemos que sobravam R$ 881 bilhões para o governo federal manusear, segundo a lei orçamentária de janeiro. O corte anunciado nesta quarta representa 6,2% disso.

Desses R$ 55 bilhões cortados, R$ 35 bilhões são em despesas discricionárias (aquelas que o governo consegue manejar livremente) e R$ 20 bilhões em obrigatórias (aquelas que já estão comprometidas e são mais difíceis de cortar).

A tabela abaixo, sobre as despesas discricionárias, mostra os ministérios que tiveram maior corte em termos absolutos e qual o novo orçamento dessas pastas (em bilhões de reais).

Ministério Tamanho do corte Como ficou
Saúde 5,5 86,3
Educação 1,9 72,3
Cidades 3,3 18,7
Defesa 3,3 61,2
Justiça 2,2 10,2
Integração 2,2 5,5

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O corte na Saúde foi, portanto, o maior entre os ministérios, em termos absolutos. Mas como esta pasta é uma das que têm maior Orçamento, em termos proporcionais a redução acabou ficando em 6% - portanto, dentro da média de cortes federais.

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Em relação às despesas obrigatórias, as maiores reduções em termos absolutos ocorreram em benefícios previdenciários (R$ 7,7 bilhões) e subsídios (R$ 5,16 bilhões).

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Aperto maior

O economista Vítor Wilher, do Instituto Milenium, analisou o contingenciamento orçamentário da seguinte maneira:

"O corte já era esperado porque o governo está trabalhando com o superavit primário cheio, incluindo os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento. Então, é necessário um aperto maior do que o do ano passado. Além disso, o Banco Central trabalha com um cenário futuro de corte nos juros. Portanto, ou o governo fazia essa redução nos gastos, ou o BC não poderia reduzir a Selic. Existem dúvidas no mercado se, para atingir a meta do superavit neste ano, o governo vai apertar o cinto ou vai contar com uma arrecadação extra de impostos, que viria, sobretudo, de dividendos de estatais e de concessões, como as de aeroportos."

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