Carla Miranda
18 de outubro de 2010 | 16h09
O “New York Times” chama atenção para mais uma operação financeira controversa que teve consequências desastrosas durante a pior fase da crise internacional.
Alguns bancos dos Estados Unidos conseguiram fechar negócios em que não assumiam riscos e ainda tinham chance de ganho. Fundos emprestavam papéis (inclusive ações) a instituições financeiras, que os trocavam por dinheiro. Os bancos investiam esse capital no mercado. Se o negócio desse certo, o banco ficava com uma parte do lucro; se desse errado, o fundo assumiria o prejuízo sozinho.
Fundos de pensão de funcionários públicos e do setor privado participaram desse tipo de operação. Quando veio a crise internacional, em 2008, alguns foram “virtualmente aniquilados”, nas palavras do “Times”.
Os fundos da IBM, dos funcionários do Estado de Nova York e da Federação de Artistas de Televisão e Rádio dos EUA, por exemplo, tiveram que gastar mais de meio bilhão de dólares para cobrir prejuízos durante a crise. Eles todos eram clientes do JP Morgan Chase. O banco não teve nenhuma perda nesse negócio; ao contrário, ainda ganhou dinheiro, no momento em que o investimento estava dando certo, antes da crise.
“O modo como o JP Morgan saiu ganhando enquanto seus clientes perderam dá uma ideia da forma como os bancos podem, e normalmente conseguem, levar vantagem em cima dos clientes”, afirma o “Times”.
No caso do fundo de pensão municipal dos funcionários de Nova Orleans, por exemplo, o banco ficou com 40% do lucro do investimento; quando vieram os prejuízos, o fundo teve que cobrir sozinho um rombo de US$ 340 mil.
O JP Morgan afirma que tem “um longo registro de sucessos nesse tipo de operação” e que os casos mencionados são pontuais. A reportagem cita também outros bancos que adotaram essa prática, como Northest Trust, Wells Fargo e State Street Corporation. Todos estão sendo processados. O Wells Fargo já perdeu uma ação e teve que pagar US$ 30 milhões a clientes.
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