Carla Miranda
28 de agosto de 2012 | 19h28
Um conjunto de fatores que se encontram neste momento dá ao Brasil uma chance única em toda uma geração de resolver parte dos problemas de infraestrutura, avalia o jornal Financial Times, que publicou extensa reportagem sobre o assunto.
“Juntos, os eventos (a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016) representam uma oportunidade que é única em uma geração para a maior economia da América Latina mostrar que pode executar grandes projetos, uma vez que o governo quer tocar um ambicioso plano para investir R$ 955 bilhões em novas rodovias, portos, aeroportos e usinas, com a participação de investidores estrangeiros.”
Além dos jogos esportivos, a taxa básica de juros em um nível historicamente baixo pode levar o capital internacional a investir menos na dívida pública e mais na infraestrutura.
“Ainda é cedo para dizer se os investidores estrangeiros terão interesse em assumir o risco de longo prazo de investir em títulos de infraestrutura em moeda local”, afirma o FT. “Se (o Banco Central) conseguir manter as taxas (de juros) em um nível baixo, investidores vão começar a olhar para investimentos de longo prazo em busca de retornos maiores”.
O jornal engrossa o coro dos que apoiam a decisão do governo de permitir que o setor privado invista R$ 166 bilhões em rodovias e ferrovias, bem como os planos, ainda não anunciados, de fazer o mesmo com portos e aeroportos. Mas alerta que, a partir de agora, a questão é se esses projetos serão executados integralmente. O diário lembra que, na primeira edição do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), “apenas um pouco mais do que a metade dos investimentos previstos para logística e serviços de utilidade pública foi concluído”.
O fato de o Brasil ter essa chance não significa que o País esteja próximo de se igualar, em termos de infraestrutura, às nações ricas ou mesmo a outras emergentes. Atualmente, apenas 6% das estradas no Brasil são pavimentadas, segundo dados do Goldman Sachs citados no FT. No México, essa proporção é de mais de 30%; na China, supera 50%; nos EUA, 60%, e na Rússia, 80%.
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