Atualizado às 11h46
O governo da Austrália, que já vinha aparecendo como um dos mais críticos ao Google, entre os países democráticos, elevou o tom dos ataques, como relata o site da ABC (Australian Broadcasting Corporation, a rede pública de televisão do país).
Em sessão no Senado, o ministro das Comunicações do país, Stephen Conroy, disse que o Google é protagonista do "provavelmente maior caso isolado de violação de privacidade da história" e que o presidente da empresa, Eric Schmidt, é "um tanto assustador", informa o ABC.
Conroy se refere à coleta de dados do projeto Street View, em que a empresa captou imagens nas ruas de 30 países nos últimos três anos. Na Europa, a empresa está sendo investigada. No Brasil, a companhia já terminou a tarefa de fotografar a cidade de São Paulo.
O jornal britânico Financial Times destacou em seu site parte do discurso de Conroy: "Eles [os executivos do Google] se consideram acima do governo. Eles se consideram as pessoas apropriadas para tomar decisões sobre dados privativos das pessoas e que eles estão perfeitamente autorizados para percorrer as ruas e coletar informações privadas fotografando por cima das cercas e fotografando e coletando informações", disse o ministro.
Conroy defende filtros para a internet na Austrália. Segundo o FT, a organização não-governamental Electronic Frontiers Australia considera que "a Austrália quase indubitavelmente tem o mais restritivo regime de censura da internet no mundo ocidental".
Google: simpático ou assustador?
Ontem (segunda-feira, 24), o jornal francês Le Monde perguntou a Larry Page, um dos fundadores do Google, se ele tinha consciência de que o Google estava perdendo sua imagem de simpatia e passando a ser percebido mais como uma ameaça. Page respondeu que está "muito consciente" e que a empresa tem um papel "cada vez mais importante na vida das pessoas", sendo "normal" que isso suscite dúvidas. "Mas se nós continuarmos a fazer o nosso melhor, superaremos essas dificuldades".
Na mesma entrevista, Page admite que a empresa errou ao "coletar dados que não queria coletar".