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Mailson: A ascensão do México

Segundo projeção, até 2018 nenhum outro país exportará tanto para os Estados Unidos

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Por Carla Miranda
Atualização:

A revista The Economist desta semana traz um survey sobre o México e dedica um de seus editoriais às perspectivas do país. Ao contrário do que se imaginava até pouco tempo atrás, ambos os textos prognosticam um futuro promissor para o país.

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O editorial assinala que a Casa Branca não gasta muito tempo olhando para o sul. Nas seis horas na campanha presidencial na TV, nem Obama nem seu vice-presidente mencionaram o México. "Isso é impressionante, pois um em cada dez mexicanos vive nos EUA". Se incluídos seus descendentes nascidos na América, são 33 milhões de pessoas ou cerca de 10% da população americana.

Apesar disso, os americanos estão preocupados com o México e com seu governo: três anos atrás, analistas do Pentágono alertaram para o risco de o país se tornar um "estado falido". Isso é completamente errado, diz a Economist. "Na verdade, a economia e a sociedade do México estão indo muito bem". Mesmo a violência, concentrada em algumas áreas, dá sinais de diminuir.

O primeiro lugar onde os americanos perceberão essas mudanças será nos shopping centers. "A China (com sessenta menções nos debates presidenciais) ainda é de longe a principal fonte de importações dos EUA, mas os salários nas fábricas chinesas quintuplicaram nos últimos dez anos e o custo do petróleo triplicou". Conclusão: a indústria focalizada no mercado americano tende a estabelecer fábricas próximas dele. O México já é o maior exportador de TVs de tela plana, de BlackBerries e de freezers e está subindo no ranking de carros, produtos aeroespaciais e outros. "No ritmo atual, antes de 2018 os EUA importarão mais do México do que de qualquer outro país."

A porta de entrada para essas importações é a fronteira de 2000 milhas, a mais movimentada do mundo. Mas os americanos estão tentando bloqueá-la com receio da uma invasão de imigrantes. Eles estão errados, diz a revista. Menos mexicanos se mudam atualmente para os EUA do que retornam. Ondas humanas ainda podem chegar aos EUA, mas a oferta de imigrantes mexicanos despencou: "enquanto nos anos 1960 a mulher mexicana tinha sete filhos, ela agora tem dois. Dentro de uma década, a taxa de fertilidade cairá baixo da americana".

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A parte menos certa dessa nova realidade tem a ver com segurança. Este ano ocorreu uma pequena queda nos assassínios. Alguns lugares, como Ciudad Juárez, melhoraram dramaticamente. Outro problema é que o policiamento continua fraco. Se o novo presidente do México, Enrique Peña Nieto, quiser manter sua promessa de reduzir a taxa de crimes de morte pela metade, ele tem que ser mais eficiente do que seu antecessor em expandir a policia federal e melhorar suas contrapartes estaduais.

Ele tampouco pode realizar a ambição de elevar a taxa de crescimento anual do México para 6% contando apenas com as exportações de produtos manufaturados. O objetivo requer a liberalização e o desmonte de monopólios estatais em energia, que falharam em explorar o vasto potencial das reservas de óleo e gás. Melhorar a baixa produtividade do México implica forçar a competição nos protegidos quase monopólios, começando com telecomunicações, TV, cimento, alimentação e bebidas. "Isso significa contrariar os magnatas que apoiaram sua campanha".

O Sr. Peña tem sido competente em discursar para diferentes públicos depois da sua eleição. Isso o ajudará a obter amplo e necessário consenso, que transcenda o PRI, o9 seu partido. O tempo dirá se ele será bem sucedido, mas as mudanças no México vão além do novo ocupante do palácio presidencial. "O país está pronto para se tornar a nova fábrica americana", diz a revista. "Se os vizinhos desejam aproveitar o melhor dessa situação, é tempo de dirigir um novo olhar sobre a fronteira", conclui a The Economist.

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