Carla Miranda
20 de julho de 2010 | 10h01
Mantega nega novo aporte no BNDES e evita polêmica com BC (foto: Dida Sampaio/AE)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prevê um crescimento econômico do País “de 1% para baixo” no segundo trimestre, em relação ao primeiro, e uma inflação em 2010 acima do centro da meta, que é de 4,5% ao ano. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Valor Econômico. O índice oficial de inflação, segundo o ministro, ficará “mais perto de 5%” do que de 5,5%.
Pela entrevista, o ministro deu sinal de que a economia do País pode crescer acima do seu potencial, ou seja, pode se expandir a ponto de pressionar a inflação mais do que o desejado.
Ele afirma que o “PIB [Produto Interno Bruto] potencial está entre 5,5% e 6%” ao ano. (O PIB potencial é a capacidade de crescimento sem pressionar a inflação.) Depois, em outro momento da entrevista, ao comentar os gastos públicos, afirma: “A projeção de crescimento de 7% é assim: cresceu muito no primeiro trimestre e, nos outros trimestres, haverá queda da atividade e acho que vamos terminar de forma equilibrada”.
BNDES andará ‘com as próprias pernas’
Mantega disse que o BNDES, a partir, de agora “terá que andar com as próprias pernas”, captando dinheiro no mercado. Ele respondia a crítica de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tem sido banco pelo Tesouro Nacional. Segundo o ministro, a elevação da participação do Tesouro na atuação do BNDES ocorreu “em um momento de crise”. “Não há novo aporte pensado para o BNDES.”
Como o Estadão noticiou, o BNDES “se agigantou” nos últimos três anos e faz aportes maiores que os do Banco Mundial, graças a recursos do Tesouro.
O titular da Fazenda disse ainda que, em 2011, “todos os estímulos [serão] eliminados”. Ele não acredita em um segundo mergulho da crise econômica internacional, porque “a própria crise de 2008 gerou um G-20 forte, e os países aprenderam a administrar a crise. “Podemos ter um problema na União Europeia, como tivemos, mas não quebra […] porque se tem como remediar”.
O ministro evitou polemizar com o Banco Central, que decide sobre a taxa básica de juros amanhã (quarta-feira, 21). Questionado duas vezes sobre a política monetária, recusou-se a dar opinião; na segunda vez, afirmou: “O BC é autônomo e faz a sua análise”.
Leia a entrevista no site do Valor Econômico (restrita a assinantes)
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.