Carla Miranda
22 de abril de 2010 | 13h42
Atualizado às 16h14
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, proferiu um discurso nesta terça-feira em Nova York defendendo a reforma no sistema financeiro. Ele reforçou o que havia sugerido há dois anos (antes de ser eleito e antes de a crise internacional estourar), de aumentar os limites aos riscos que os bancos podem assumir.
“As únicas pessoas que poderiam temer esse tipo de supervisão e transparência são aquelas cuja conduta trairá os seus votos”, declarou o presidente dos EUA, após conclamar parlamentares republicanos a aderirem à proposta. “Um voto pela reforma é um voto para avabar com as ajudas públicas pagas pelos contribuintes”, afirmou. Para ele, os políticos que trabalham pelo lobby da indústria financeira são “cínicos”.
Obama procurou passar a ideia de que a reforma no sistema financeiro é boa para todo o país, inclusive para os bancos. “[Essa proposta] não irá apenas salvaguardar o sistema contra crises, mas também tornar o nosso sistema mais forte e competitivo”. Todo em tom do discurso foi de tentar unir, e não opor, o mercado financeiro e os demais setores. “Ultimamente, não há linha divisória entre Main Street e Wall Street”, afirmou (a expressão “Main Street” se refere nos EUA ao interesse da população assalariada ou dos pequenos negociantes).
O raciocínio do presidente é de que, se se limitam os riscos, o sistema financeiro norte-americano se torna mais confiável e, portanto, mais competitivo. Dirigindo-se ao setor financeiro, Obama disse: “Juntem-se a nós, ao invés de lutar contra”.
Ele ainda criticou os complexos mecanismos de investimentos no mercado financeiro que permitiram empresas como AIG a fazer “apostas enormes e arriscadas […] de forma a desafiar a prestação de contas”. “É o que levou [o megainvestidor] Warren Buffett a descrever os derivativos que foram comprados e vendidos com pouco controle de ‘armas financeiras de destruição em massa’”.
Os 4 pontos da proposta de Obama
O presidente dos EUA dividiu sua proposta de reforma financeira em quatro itens:
1. Limitar o tamanho dos bancos e o tipo de risco que eles podem assumir
2. Determinar que as instituições financeiras abram para investidores e reguladores ,mais detalhes sobre as negociações de derivativos
3. Criar uma agência para levar aos clientes de bancos informações “claras e concisas”
4. Dar a acionistas maior influência sobre as decisões das empresas, podendo intervir, inclusive, nos bônus pagos aos executivos
Leia a íntegra do discurso no site do Wall Street Journal (em inglês)
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