Os governos, que no início da crise financeira internacional apareceram como salvadores da economia, socorrendo empresas falidas e provendo estímulos à produção e ao emprego, agora se tornaram o novo problema, na avaliação da revista britânica The Economist.
A capa da edição desta semana alerta: "O medo volta - como evitar uma recessão de duplo mergulho". Nos Estados Unidos, onde a crise internacional teve início, as mais recentes propostas do governo para estímulo ao emprego elevarão o déficit do país em US$ 134 bilhões, para mais de US$ 1 trilhão.
O Congresso dos EUA também colabora com o aumento do déficit: apesar de recentemente ter proibido aumento de gastos e corte de impostos, agora vai votar incentivos de US$ 79 bilhões, com o argumento de que se trata de uma "emergência". Isso tudo apesar de as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto estarem sendo revisadas para cima.
"A política fiscal de Barack Obama tem sido descrita como 'acelerar agora, frear depois': aumento do déficit em curto prazo [...], seguido por uma mudança para reduzir o crescimento da dívida. A mudança, no entanto, permanece uma abstração futura".
O fato de o dólar ser a moeda mundial faz com que o problema das contas públicas dos EUA só piore, na opinião da Economist. Porque a moeda dos EUA, durante a crise internacional, acaba sendo valorizada, enquanto a taxa de juros dos títulos do país cai - ao contrário das demais nações.
Trata-se de um desestímulo para os políticos olharem para os problemas futuros que o déficit pode causar, na opinião da revista. "Ainda não há muito incentivo para [os EUA] tirarem o pé do acelerador a pisar no freio."
Leia a reportagem 'O medo volta' no site da Economist (em inglês)
Leia 'O grudento pedal do acelerador' no site da Economist (em inglês)