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PT é taxado 'populista' pelo 'FT' ao propor imposto para ricos

A mordida do leão seria maior para quem tem patrimônio líquido acima de R$ 13 milhões

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Por Gustavo Santos Ferreira
Atualização:

Faz dois dias, o Financial Times cornetou o pacto nacional proposto pela presidente Dilma Rousseff. Agora, a proposta de criar impostos específicos para milionários no Brasil, encampada pela bancada do PT na Câmara, foi chamada de "aparente reversão ao populismo".

Isso tornaria mais justo o regime tributário no País - defendem os petistas. A proposta progressista, no entanto, de fazer com que quem ganhe menos pague menos ao Fisco e que quem ganhe mais, por consequência, pague mais, foi chamada de "chavista" pelo cientista político Paulo Krammer, da Universidade de Brasília, entrevistado pelo jornal - alusão ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em março deste ano.

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Caso o projeto vingue, a mordida do leão será maior para quem tem patrimônio líquido acima de R$ 13 milhões. Nas contas do PT, há 10 mil famílias brasileiras nessas condições. A nova arrecadação serviria para financiar o transporte público.

O apoio de Dilma ou de seu antecessor no Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, não está claro - afirma o FT. Mas, independentemente do respaldo deles, o imposto dos ricaços seria o primeiro passo do PT para resgatar antigas bandeiras defendidas.

"Qualquer tentativa de transformar os protestos de rua numa questão de política de classes será profundamente polêmica num país em que a desigualdade tem diminuído, mas permanece grave", publicou o jornal.

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Essa taxação é polêmica antiga, na verdade. Era prevista desde a elaboração da Constituição de 1988, mas acabou não constando na Carta. Quando estavam na Presidência, Lula e seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, negaram-se a levar a ideia adiante. FHC, porém, foi um dos grandes entusiastas da ideia quando era senador, em 1989.

Esse "imposto Robin Hood" que tira dos ricos para dar aos pobres também está na pauta internacional. Nos Estados Unidos, apesar do apoio do presidente Barack Obama (acima, em montagem que rodou na internet), foi rejeitado pelo Congresso, em abril.

Na França, o presidente François Hollande, após ter o projeto barrado por parlamentares, verá os franceses com mais de 1 milhão de euros ter a renda taxada em 75% em 2014. Muitos descontentes já estão se mudando para Bélgica, Suíça, Londres e até mesmo para a Rússia.

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