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O blog do Caderno de Imóveis

Como evitar ou reduzir prejuízos no imóvel em casos de inundação

Medidas de segurança podem prevenir ou atenuar efeitos de alagamentos, como os decorrentes da chuva da última semana em São Paulo

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Por Isaac de Oliveira
Atualização:

Especial para o Estado

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Ruas inteiras viraram "rios". Garagens em subsolos ficaram alagados. As horas ininterruptas de chuva na última segunda-feira, 10, na capital paulista deixaram diversas regiões embaixo d'água. Resultado: moradores presos em suas próprias residências, perdas de móveis e automóveis, com prejuízos que não estavam previstos no orçamento.

"Ficamos atados, sem muita opção a fazer. Moramos há 10 anos aqui e eu nunca tinha visto isso antes'", explica a psicóloga Chris Cotrim, moradora do City Butantã, zona oeste, que só soube da situação na manhã da segunda-feira, na hora de os filhos irem para a escola.

A água não chegou a entrar na residência da família, mas invadiu partes do terreno. "Ficamos ilhados o dia todo. Não conseguimos sair e ninguém entrava. Vizinhos perderam carros, móveis. Foi por muito pouco que não entrou aqui. Abri a porta da frente e tinha água até o terceiro degrau", recorda-se.

A psicóloga teve problemas com o portão, que precisou ser consertado. Passado o susto, ela tenta conseguir o reembolso do seguro residencial para cobrir os custos com o equipamento. Além de seguros, há outras providências que podem evitar ou mitigar os prejuízos em dias de enxurrada. Vão desde a instalação de comportas na garagem até a limpeza de calhas. Confira as dicas a seguir.

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Alagamento na Av. Doutor Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina. Foto: Werther Santana/Estadão

Prevenção

Ainda que o imóvel tenha um projeto bem executado de drenagem, é praticamente impossível prever o volume de água que pode atingir os condomínios de apartamentos, como os casos de alagamento da última semana na Vila Leopoldina, zona oeste, é o que explica o engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) Joni Matos Incheglu.

De todo modo, condomínios e administradoras podem recorrer a intervenções que podem, senão evitar alagamentos, mitigá-los. "Uma alternativa é a instalação de duas comportas na entrada dos carros, como se fosse uma clausura de estacionamento, uma na entrada e outra na saída", cita Joni.

As comportas consistem em placas de metal fixadas como se estivessem deitadas no chão, que podem ser erguidas para evitar a passagem de água. Em geral, medem de um a um metro e meio de altura. O engenheiro lembra, contudo, que um profissional habilitado deve analisar se esta é a melhor solução para o local.

Um detalhe que parece simples, mas é fundamental no escoamento, é a limpeza de estruturas como telhados, calhas e ralos. "Todo o sistema de escoamento de água, de drenagem do condomínio, tem que estar constantemente limpo", alerta Omar Anauate, diretor de condomínio da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic).

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"Se há muitas árvores, caem muitas folhas. Tem de ter um serviço de manutenção constante, para evitar entupimento, o que pode agravar uma situação de inundação", acrescenta Omar.

Além disso, em dias de muita chuva, é indicado que o zelador não coloque o lixo para fora, de modo que ele não seja levado pela chuva e entupa os canais de escoamento da cidade.

O uso de bombas hidráulicas também pode ser um aliado para expulsar a água nos prédios. Mas o diretor da Aabic lembra que, se a área externa ou a rua já estiverem alagadas, os equipamentos podem não ser tão eficientes. Daí, vira uma questão para a Prefeitura, no cuidado com os equipamentos públicos.

Seguros

Outro aliado são os seguros imobiliários que cubram esse tipo de dano. Apesar de custarem mais do que as apólices comuns, a depender da área costumeiramente afetada e da incidência de enxurradas em determinada região da cidade, eles são recomendáveis.

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"Nessas situações (de chuva), os seguros (comuns) costumam cobrir danos elétricos, com a queima de equipamentos", diz Omar Anauate, da Aabic.

O presidente do Sindicato de Empresários e Profissionais Autônomos da Corretagem e da Distribuição de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP), Alexandre Camillo, esclarece que os seguros podem ser residencial, de condomínios e empresarial, e que o custo da apólice depende do grau de risco.

"Se a residência, o condomínio ou a empresa estão localizados em regiões de risco, o custo será maior. Alguns fatores são levados em consideração, como a existência de cursos d'água e/ou adutora (e a distância do imóvel) e a conformação topográfica do local", detalha Alexandre.

Elevadores

O uso de elevadores deve ser evitado não só em casos de alagamento total, mas de infiltração de água em geral. A recomendação é do presidente do Sindicato das Empresas de Elevadores do Estado de São Paulo (Seciesp), Marcelo Braga.

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"Infelizmente, em 90% das vezes em que há infiltração de água, há queima de algum componente. Dificilmente o elevador passa ileso", atenta Braga.

Nos casos em que o subsolo ou mesmo o térreo é tomado pela água, a recomendação é estacionar as cabines a pelo menos um ou dois andares do alagamento e restringir o uso dos elevadores.

"Essa água que vai infiltrar no poço do elevador vai entrar em contato com os circuitos de segurança, fazendo com que se queime algum componente ou, na pior das hipóteses, provoque um curto circuito." O curto circuito pode levar o elevador a se movimentar com as portas abertas ou parar fora do nível, explica.

"Quando passar a enchente, deve-se chamar a empresa responsável para orientar a abrir a porta do elevador e acompanhar a retirada da água." Após isso, diz ele, é indicado deixar o elevador parado por 24 horas, para que se façam todos os testes de segurança.

Casos graves

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Em casos de alagamentos, a Defesa Civil pode ser acionada pelo telefone 199. O órgão municipal é o responsável por avaliar a situação estrutural das edificações afetadas e fazer intervenções, se necessárias. Se constatado abalo na estrutura, a Subprefeitura da região é acionada para avaliação, pode orientar a execução de obras e retorna ao imóvel para fazer a desinterdição do local.

Os moradores afetados também podem solicitar isenção do IPTU, caso sintam-se prejudicados. A Lei 14.493, de 9 de agosto de 2007, autoriza a Prefeitura a conceder isenção ou remissão do IPTU de imóveis com danos físicos ou nas instalações elétricas ou hidráulicas decorrentes das águas das chuvas.

O benefício é limitado a R$ 20 mil, relativo ao valor a ser recolhido por ano e por imóvel. Para solicitá-lo, o morador deve procurar a Subprefeitura da sua região.

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