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Imóveis multipropriedade crescem 17% no Brasil e movimentam R$ 28,3 bilhões

A modalidade imobiliária em que pessoas se tornam proprietárias de uma fração do empreendimento tem sido promovida por empresas como alternativa para dias de lazer

Por Bianca Zanatta e O Estado de S.Paulo
Atualização:

Especial para o Estadão

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As multipropriedades imobiliárias - modelo de aquisição que já existe há décadas nos Estados Unidos e em países europeus - vêm ganhando força no Brasil. Também conhecida como fractional ou time-sharing (compartilhamento de tempo), a modalidade consiste na compra de uma cota ou de fração de um empreendimento imobiliário que dá direito ao uso por um período pré-determinado do ano. Ou seja, em vez de comprar uma casa de praia, por exemplo, compra-se um "pedaço" de um residencial de lazer ou hotel para passar um tempo de férias.

De acordo com o relatório Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil 2021, produzido pela consultoria especializada Caio Calfat Real Estate Consulting, o País passou a contar com 128 empreendimentos do tipo no ano passado, sendo que 17 estão em fase de lançamento, 54 em construção e 57 prontos. O crescimento foi de 17% em relação a 2020. O levantamento indica ainda que a multipropriedade cresceu em média 24% nos últimos 4 anos, somando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 28,3 bilhões - 51% já comercializados e 49% em estoque.

Doutora em direito civil, a advogada Danielle Biazi explica que o principal fator que impulsionou esse mercado foi a criação, em 2018, da lei nº 13.777, que dispõe sobre o regime jurídico e registro da multipropriedade. "Antes da lei, o problema no Brasil era de aspecto registral. Nossa lei de registros é da década de 1970, com muitos aspectos burocráticos e taxativos, e não havia uma regulamentação específica para a multipropriedade", afirma. "Isso fez com que o modelo empacasse."

O empreendimento Castelos do Vale Resort, da Planalto, quer fortalecer o enoturismo em Bento Gonçalves (RS). Foto: Planalto/Divulgação

A especialista explica que, no caso desses empreendimentos, fala-se de "fração espaço-temporal". "São os mesmos direitos de uma propriedade, só que limitados a um período de tempo, que pode ser fixo ou variável, de acordo com o regime escolhido. É uma opção que reduz os custos de aquisição de um imóvel e resolve os problemas de ociosidade na baixa temporada. Há um melhor aproveitamento do bem", diz. A advogada acrescenta que, como as despesas são proporcionais à fração temporal, também são reduzidos custos com IPTU, taxa condominial e despesas de uso, que o comprador só tem quando está efetivamente usando o imóvel.

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Outra questão levantada pela advogada é o chamado "fenômeno do acesso''. "As pessoas estão gostando desse modelo de acessar e desfrutar de bens e serviços sem o ônus relacionado ao proprietário", afirma.

Casa de férias contemporânea

Localizado entre Ilhéus e Itacaré (BA), o North Hotel Residence entrará em operação no final do ano com 70% das cotas comercializadas a um preço médio de R$ 70 mil. Segundo o diretor José Bezerra, o empreendimento é integrado à natureza, com a concepção de "pé na areia". As unidades são para duas, quatro ou seis pessoas - algumas com hidromassagem - e as áreas comuns contam com spa, parque infantil, parque aquático com toboágua, quiosques, espaço gourmet e atendimento no deck da praia.

Bezerra ressalta que o empreendimento tem a vantagem de estar filiado a uma empresa intercambiadora de férias, serviço que permite aos proprietários trocarem seu período de permanência por hospedagens em resorts espalhados pelo mundo.

Compartilhamento

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Outro destino turístico queridinho dos brasileiros que vai ganhar um endereço de multipropriedade é Gramado (RS). O Own Time - Home Club Gramado, projeto da incorporadora OwnerInc, terá um clube completo com restaurante, empório, bar e adega integrados a uma varanda externa, espaços gourmet com churrasqueira, piscina aquecida, spa com massagem, espaço kids e sauna, entre outros. Além de usufruir de sua fração de tempo no lugar, os proprietários terão a opção de alugar esse tempo a terceiros, flexibilizar para outro período do ano ou trocar por estadias em mais de 500 resorts do mundo.

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As 64 unidades serão divididas entre casas e apartamentos de diferentes tamanhos, todos com churrasqueira, lareira e hidromassagem. Os valores de compra variam conforme o período do ano e tipologia do imóvel, podendo chegar a R$ 1 milhão.

"Em dois meses de lançamento do projeto comercializamos mais de 100 frações para clientes de norte a sul do Brasil", diz Jeferson Braga, presidente e fundador da incorporadora. "Acredito que o modelo não seja mais uma tendência e, sim, uma realidade. O conceito do estilo de vida compartilhado é o único possível para solucionar questões sociais, ambientais e culturais de destinos turísticos consolidados", ele defende.

Multipropriedade de nicho

Outra empresa que está apostando nas multipropriedades é a Planalto, que busca desenvolver produtos para nichos específicos. "Em novembro fizemos o primeiro lançamento da Mundo Planalto de Multipropriedade, com 2.116 cotas em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos", diz Wesley Reis, sócio-diretor da empresa.

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Batizado de Castelos do Vale Resorts, o empreendimento ficará dentro da vinícola Dom Cândido. A ideia, de acordo com o executivo, é fortalecer o enoturismo brasileiro com o projeto. Para 2022, será lançada ainda a Éden Resorts, que será a bandeira hoteleira do Terra Santa Cidade do Lazer, localizado em Trindade (GO). Outros projetos estão em desenvolvimento em Rio Verde e Vista, no mesmo estado, além de Gravataí e Viamão (RS), Sete Lagoas e Uberlândia (MG), Cuiabá (MT), Brasília (DF) e Campinas (SP).

"Em nossos empreendimentos teremos produtos de uma e duas semanas", diz Reis, destacando que os preços vão de R$ 34,9 mil por cota de uma semana a R$ 69,9 mil por cota de duas semanas. A perspectiva é lançar 15 mil unidades nos próximos três anos, entre condomínios de lazer, condomínios de casas, hotéis e resorts. "Esse modelo também se conectou com o propósito da empresa, que é tornar a vida mais leve, e está diretamente relacionado com nosso grande sonho de impactar a vida de 100 mil famílias até dezembro de 2025", ele afirma.

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