O blog do Caderno de Imóveis

Quarentena acelera transformações para corretores de imóveis


Trabalho já vinha sendo alterado por conta da tecnologia e foi pressionado pelo isolamento social; expectativa é que adaptações se tornem rotina após pandemia

Por Isaac de Oliveira

Especial para o Estado

Para manter não só a rotina de trabalho, mas o próprio emprego durante a pandemia do novo coronavírus, trabalhadores em todo o mundo precisaram reforçar os votos na tecnologia. E não seria diferente com os corretores de imóveis, que vêm enfrentando, às pressas, um atraso na cultura tecnológica do mercado imobiliário - pelo menos no tocante ao fechamento de negócios.

É que as operações no setor ainda são muito dependentes do olho no olho - comprar e alugar somente após uma série de visitas e assinaturas de papéis. Essa resistência - ou desconfiança - à tecnologia é atribuída principalmente ao risco dos negócios, que em geral envolvem grandes cifras.

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Mas, se os estandes estão fechados e as visitas, restringidas, o apoio em plataformas tecnológicas é vital agora e deve se fortalecer também após a pandemia. Os aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, têm sido usados para atendimento e negociação. Vídeos passam a ser mais usados do que fotos, já que permitem detalhar melhor os espaços. Assim, a ideia daquele profissional com uma pasta cheia de papéis começa a dar espaço a um cada vez mais conectado.

Durante a pandemia, o corretor Luiz Fernando Leone tem usado o Whatsapp para continuar trabalhando. Foto: Felipe Rau/Estadão
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O corretor Luiz Fernando Leone, de 60 anos, tem intensificado o uso da WhatsApp para fazer negociações, acompanhamento de cliente e novas captações. "Esse também é um momento de se atualizar, fazer capacitações", diz. Luiz trabalha para uma construtora, afetada pelo fechamento do estande e na qual os negócios passaram a ser todos online. Além da incorporadora, Luiz Fernando está também na plataforma Homer. Nas duas empresas, o tour virtual virou uma certeza.

A fundadora e CEO da Homer, Livia Rigueiral, explica que a startup tem apostado no modelo "open house", em que um corretor apresenta o imóvel em uma live para os diversos interessados, clientes e outros corretores. Esse método, segundo ela, permite não apenas que se tire todas as dúvidas em tempo real, mas se explore melhor os detalhes.

"É um processo que agiliza a vida do cliente. Hoje em dia, com ou sem pandemia, a gente está sem tempo, então o fato de o cliente poder conhecer virtualmente e só ir naquele que realmente gostou, já cobre grande parte do tempo que ele usaria", esclarece Livia.

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Além disso, grandes investidores que estão fugindo da Bolsa, por exemplo, tornam-se um potencial alvo para essa divulgação, já que eles também têm em pressa em investir o dinheiro que está parado. É a este perfil que Livia aconselha prestar atenção.

Thais Cancian, uma das fundadoras do AoCubo, proptech (empresa de tecnologia do setor imobliário) que foca no mercado de lançamentos e visa reduzir a precarização dos profissionais de corretagem, também destaca o sucesso dos vídeos neste período. Para ela, a ferramenta, além de apresentar o imóvel, pode ser usada para tratar de outros assuntos que influenciam na compra, como facilidades oferecidas pelos bancos na crise, por exemplo.

Entusiastas da inovação, as empresárias convergem sobre a importância dos profissionais de corretagem e aconselham que, caso não haja familiaridade deles com a tecnologia, o momento é de buscar as pazes. Mas também descartam que o impulso tecnológico leve a uma substituição da "mão de obra" por máquinas.

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"A tecnologia muito mais agrega do que tira pessoas do ramo. O corretor de imóveis vai ser sempre essencial para mediar uma negociação", sublinha Thais.

Capacitação é chave para mudança

A necessidade de renovação perpassa todo o mercado e chega também às empresas mais tradicionais. A imobiliária Lello, assim com as proptechs, tem promovido diversas mudanças antes mesmo da pandemia.

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Numa espécie de "uberização", o atendimento deixou de ser feito pelos corretores nas lojas e passou a ser realizado por uma central. Após o contato inicial, os clientes são direcionados aos corretores conforme a localização. Ainda que isso evite, por exemplo, deslocamentos desnecessários, o diretor de vendas Igor Freire explica que alguns corretores torceram o nariz e deixaram a imobiliária.

Para Igor, essa é uma das mudanças que devem vir para ficar e os profissionais têm de estar preparados. Durante a pandemia, a imobiliária tem promovido webinars para capacitar os 150 corretores da empresa sobre novidades e tendências do mercado. Além de vídeo, a Lello também aderiu à assinatura digital. "É uma coisa que a gente tinha deixado para depois, porque não é tão simples de fazer. São volumes altos de valor envolvidos. A gente fez isso em alguns contratos que tinham risco muito baixo, o pagamento era à vista, não tinha financiamento", explica Igor.

A empresa americana RE/MAX, que integra a maior rede de franquias imobiliárias do mundo e tem 4 mil corretores no Brasil, também já adota como praxe o uso de recursos em áudio e vídeo e assinatura digital. Peixoto Accyoli, CEO e presidente da RE/MAX Brasil, corrobora com o ideal de que a capacitação é inevitável para a continuidade e a retomada do mercado e a manutenção desses profissionais.

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"A tecnologia é extremamente estratégica para nós e se confirma fundamental em momentos como esse. Mas a vemos como um meio, não como um fim. Na compra do imóvel, a relação humanizada ainda é muito importante", lembra Peixoto.

O Sistema Cofeci-Creci tem tomado medidas para dar suporte aos corretores no período da crise, como prorrogação do período de pagamento da anuidade junto à instituição. Assim como empresas do mercado, o sistema tem procurando profissionalizar os corretores uma vez que a expectativa é de competitividade, principalmente na retomada do mercado, segundo o presidente João Teodoro.

"Nós temos promovido vários cursos para orientar os corretores como eles devem fazer para utilizar com mais qualidade as ferramentas disponíveis no mercado. Quem não entrar neste processo seguramente vai ser excluído da profissão pela própria incapacidade de adaptação", avalia.

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Especial para o Estado

Para manter não só a rotina de trabalho, mas o próprio emprego durante a pandemia do novo coronavírus, trabalhadores em todo o mundo precisaram reforçar os votos na tecnologia. E não seria diferente com os corretores de imóveis, que vêm enfrentando, às pressas, um atraso na cultura tecnológica do mercado imobiliário - pelo menos no tocante ao fechamento de negócios.

É que as operações no setor ainda são muito dependentes do olho no olho - comprar e alugar somente após uma série de visitas e assinaturas de papéis. Essa resistência - ou desconfiança - à tecnologia é atribuída principalmente ao risco dos negócios, que em geral envolvem grandes cifras.

Mas, se os estandes estão fechados e as visitas, restringidas, o apoio em plataformas tecnológicas é vital agora e deve se fortalecer também após a pandemia. Os aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, têm sido usados para atendimento e negociação. Vídeos passam a ser mais usados do que fotos, já que permitem detalhar melhor os espaços. Assim, a ideia daquele profissional com uma pasta cheia de papéis começa a dar espaço a um cada vez mais conectado.

Durante a pandemia, o corretor Luiz Fernando Leone tem usado o Whatsapp para continuar trabalhando. Foto: Felipe Rau/Estadão

O corretor Luiz Fernando Leone, de 60 anos, tem intensificado o uso da WhatsApp para fazer negociações, acompanhamento de cliente e novas captações. "Esse também é um momento de se atualizar, fazer capacitações", diz. Luiz trabalha para uma construtora, afetada pelo fechamento do estande e na qual os negócios passaram a ser todos online. Além da incorporadora, Luiz Fernando está também na plataforma Homer. Nas duas empresas, o tour virtual virou uma certeza.

A fundadora e CEO da Homer, Livia Rigueiral, explica que a startup tem apostado no modelo "open house", em que um corretor apresenta o imóvel em uma live para os diversos interessados, clientes e outros corretores. Esse método, segundo ela, permite não apenas que se tire todas as dúvidas em tempo real, mas se explore melhor os detalhes.

"É um processo que agiliza a vida do cliente. Hoje em dia, com ou sem pandemia, a gente está sem tempo, então o fato de o cliente poder conhecer virtualmente e só ir naquele que realmente gostou, já cobre grande parte do tempo que ele usaria", esclarece Livia.

Além disso, grandes investidores que estão fugindo da Bolsa, por exemplo, tornam-se um potencial alvo para essa divulgação, já que eles também têm em pressa em investir o dinheiro que está parado. É a este perfil que Livia aconselha prestar atenção.

Thais Cancian, uma das fundadoras do AoCubo, proptech (empresa de tecnologia do setor imobliário) que foca no mercado de lançamentos e visa reduzir a precarização dos profissionais de corretagem, também destaca o sucesso dos vídeos neste período. Para ela, a ferramenta, além de apresentar o imóvel, pode ser usada para tratar de outros assuntos que influenciam na compra, como facilidades oferecidas pelos bancos na crise, por exemplo.

Entusiastas da inovação, as empresárias convergem sobre a importância dos profissionais de corretagem e aconselham que, caso não haja familiaridade deles com a tecnologia, o momento é de buscar as pazes. Mas também descartam que o impulso tecnológico leve a uma substituição da "mão de obra" por máquinas.

"A tecnologia muito mais agrega do que tira pessoas do ramo. O corretor de imóveis vai ser sempre essencial para mediar uma negociação", sublinha Thais.

Capacitação é chave para mudança

A necessidade de renovação perpassa todo o mercado e chega também às empresas mais tradicionais. A imobiliária Lello, assim com as proptechs, tem promovido diversas mudanças antes mesmo da pandemia.

Numa espécie de "uberização", o atendimento deixou de ser feito pelos corretores nas lojas e passou a ser realizado por uma central. Após o contato inicial, os clientes são direcionados aos corretores conforme a localização. Ainda que isso evite, por exemplo, deslocamentos desnecessários, o diretor de vendas Igor Freire explica que alguns corretores torceram o nariz e deixaram a imobiliária.

Para Igor, essa é uma das mudanças que devem vir para ficar e os profissionais têm de estar preparados. Durante a pandemia, a imobiliária tem promovido webinars para capacitar os 150 corretores da empresa sobre novidades e tendências do mercado. Além de vídeo, a Lello também aderiu à assinatura digital. "É uma coisa que a gente tinha deixado para depois, porque não é tão simples de fazer. São volumes altos de valor envolvidos. A gente fez isso em alguns contratos que tinham risco muito baixo, o pagamento era à vista, não tinha financiamento", explica Igor.

A empresa americana RE/MAX, que integra a maior rede de franquias imobiliárias do mundo e tem 4 mil corretores no Brasil, também já adota como praxe o uso de recursos em áudio e vídeo e assinatura digital. Peixoto Accyoli, CEO e presidente da RE/MAX Brasil, corrobora com o ideal de que a capacitação é inevitável para a continuidade e a retomada do mercado e a manutenção desses profissionais.

"A tecnologia é extremamente estratégica para nós e se confirma fundamental em momentos como esse. Mas a vemos como um meio, não como um fim. Na compra do imóvel, a relação humanizada ainda é muito importante", lembra Peixoto.

O Sistema Cofeci-Creci tem tomado medidas para dar suporte aos corretores no período da crise, como prorrogação do período de pagamento da anuidade junto à instituição. Assim como empresas do mercado, o sistema tem procurando profissionalizar os corretores uma vez que a expectativa é de competitividade, principalmente na retomada do mercado, segundo o presidente João Teodoro.

"Nós temos promovido vários cursos para orientar os corretores como eles devem fazer para utilizar com mais qualidade as ferramentas disponíveis no mercado. Quem não entrar neste processo seguramente vai ser excluído da profissão pela própria incapacidade de adaptação", avalia.

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Para manter não só a rotina de trabalho, mas o próprio emprego durante a pandemia do novo coronavírus, trabalhadores em todo o mundo precisaram reforçar os votos na tecnologia. E não seria diferente com os corretores de imóveis, que vêm enfrentando, às pressas, um atraso na cultura tecnológica do mercado imobiliário - pelo menos no tocante ao fechamento de negócios.

É que as operações no setor ainda são muito dependentes do olho no olho - comprar e alugar somente após uma série de visitas e assinaturas de papéis. Essa resistência - ou desconfiança - à tecnologia é atribuída principalmente ao risco dos negócios, que em geral envolvem grandes cifras.

Mas, se os estandes estão fechados e as visitas, restringidas, o apoio em plataformas tecnológicas é vital agora e deve se fortalecer também após a pandemia. Os aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, têm sido usados para atendimento e negociação. Vídeos passam a ser mais usados do que fotos, já que permitem detalhar melhor os espaços. Assim, a ideia daquele profissional com uma pasta cheia de papéis começa a dar espaço a um cada vez mais conectado.

Durante a pandemia, o corretor Luiz Fernando Leone tem usado o Whatsapp para continuar trabalhando. Foto: Felipe Rau/Estadão

O corretor Luiz Fernando Leone, de 60 anos, tem intensificado o uso da WhatsApp para fazer negociações, acompanhamento de cliente e novas captações. "Esse também é um momento de se atualizar, fazer capacitações", diz. Luiz trabalha para uma construtora, afetada pelo fechamento do estande e na qual os negócios passaram a ser todos online. Além da incorporadora, Luiz Fernando está também na plataforma Homer. Nas duas empresas, o tour virtual virou uma certeza.

A fundadora e CEO da Homer, Livia Rigueiral, explica que a startup tem apostado no modelo "open house", em que um corretor apresenta o imóvel em uma live para os diversos interessados, clientes e outros corretores. Esse método, segundo ela, permite não apenas que se tire todas as dúvidas em tempo real, mas se explore melhor os detalhes.

"É um processo que agiliza a vida do cliente. Hoje em dia, com ou sem pandemia, a gente está sem tempo, então o fato de o cliente poder conhecer virtualmente e só ir naquele que realmente gostou, já cobre grande parte do tempo que ele usaria", esclarece Livia.

Além disso, grandes investidores que estão fugindo da Bolsa, por exemplo, tornam-se um potencial alvo para essa divulgação, já que eles também têm em pressa em investir o dinheiro que está parado. É a este perfil que Livia aconselha prestar atenção.

Thais Cancian, uma das fundadoras do AoCubo, proptech (empresa de tecnologia do setor imobliário) que foca no mercado de lançamentos e visa reduzir a precarização dos profissionais de corretagem, também destaca o sucesso dos vídeos neste período. Para ela, a ferramenta, além de apresentar o imóvel, pode ser usada para tratar de outros assuntos que influenciam na compra, como facilidades oferecidas pelos bancos na crise, por exemplo.

Entusiastas da inovação, as empresárias convergem sobre a importância dos profissionais de corretagem e aconselham que, caso não haja familiaridade deles com a tecnologia, o momento é de buscar as pazes. Mas também descartam que o impulso tecnológico leve a uma substituição da "mão de obra" por máquinas.

"A tecnologia muito mais agrega do que tira pessoas do ramo. O corretor de imóveis vai ser sempre essencial para mediar uma negociação", sublinha Thais.

Capacitação é chave para mudança

A necessidade de renovação perpassa todo o mercado e chega também às empresas mais tradicionais. A imobiliária Lello, assim com as proptechs, tem promovido diversas mudanças antes mesmo da pandemia.

Numa espécie de "uberização", o atendimento deixou de ser feito pelos corretores nas lojas e passou a ser realizado por uma central. Após o contato inicial, os clientes são direcionados aos corretores conforme a localização. Ainda que isso evite, por exemplo, deslocamentos desnecessários, o diretor de vendas Igor Freire explica que alguns corretores torceram o nariz e deixaram a imobiliária.

Para Igor, essa é uma das mudanças que devem vir para ficar e os profissionais têm de estar preparados. Durante a pandemia, a imobiliária tem promovido webinars para capacitar os 150 corretores da empresa sobre novidades e tendências do mercado. Além de vídeo, a Lello também aderiu à assinatura digital. "É uma coisa que a gente tinha deixado para depois, porque não é tão simples de fazer. São volumes altos de valor envolvidos. A gente fez isso em alguns contratos que tinham risco muito baixo, o pagamento era à vista, não tinha financiamento", explica Igor.

A empresa americana RE/MAX, que integra a maior rede de franquias imobiliárias do mundo e tem 4 mil corretores no Brasil, também já adota como praxe o uso de recursos em áudio e vídeo e assinatura digital. Peixoto Accyoli, CEO e presidente da RE/MAX Brasil, corrobora com o ideal de que a capacitação é inevitável para a continuidade e a retomada do mercado e a manutenção desses profissionais.

"A tecnologia é extremamente estratégica para nós e se confirma fundamental em momentos como esse. Mas a vemos como um meio, não como um fim. Na compra do imóvel, a relação humanizada ainda é muito importante", lembra Peixoto.

O Sistema Cofeci-Creci tem tomado medidas para dar suporte aos corretores no período da crise, como prorrogação do período de pagamento da anuidade junto à instituição. Assim como empresas do mercado, o sistema tem procurando profissionalizar os corretores uma vez que a expectativa é de competitividade, principalmente na retomada do mercado, segundo o presidente João Teodoro.

"Nós temos promovido vários cursos para orientar os corretores como eles devem fazer para utilizar com mais qualidade as ferramentas disponíveis no mercado. Quem não entrar neste processo seguramente vai ser excluído da profissão pela própria incapacidade de adaptação", avalia.

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Especial para o Estado

Para manter não só a rotina de trabalho, mas o próprio emprego durante a pandemia do novo coronavírus, trabalhadores em todo o mundo precisaram reforçar os votos na tecnologia. E não seria diferente com os corretores de imóveis, que vêm enfrentando, às pressas, um atraso na cultura tecnológica do mercado imobiliário - pelo menos no tocante ao fechamento de negócios.

É que as operações no setor ainda são muito dependentes do olho no olho - comprar e alugar somente após uma série de visitas e assinaturas de papéis. Essa resistência - ou desconfiança - à tecnologia é atribuída principalmente ao risco dos negócios, que em geral envolvem grandes cifras.

Mas, se os estandes estão fechados e as visitas, restringidas, o apoio em plataformas tecnológicas é vital agora e deve se fortalecer também após a pandemia. Os aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, têm sido usados para atendimento e negociação. Vídeos passam a ser mais usados do que fotos, já que permitem detalhar melhor os espaços. Assim, a ideia daquele profissional com uma pasta cheia de papéis começa a dar espaço a um cada vez mais conectado.

Durante a pandemia, o corretor Luiz Fernando Leone tem usado o Whatsapp para continuar trabalhando. Foto: Felipe Rau/Estadão

O corretor Luiz Fernando Leone, de 60 anos, tem intensificado o uso da WhatsApp para fazer negociações, acompanhamento de cliente e novas captações. "Esse também é um momento de se atualizar, fazer capacitações", diz. Luiz trabalha para uma construtora, afetada pelo fechamento do estande e na qual os negócios passaram a ser todos online. Além da incorporadora, Luiz Fernando está também na plataforma Homer. Nas duas empresas, o tour virtual virou uma certeza.

A fundadora e CEO da Homer, Livia Rigueiral, explica que a startup tem apostado no modelo "open house", em que um corretor apresenta o imóvel em uma live para os diversos interessados, clientes e outros corretores. Esse método, segundo ela, permite não apenas que se tire todas as dúvidas em tempo real, mas se explore melhor os detalhes.

"É um processo que agiliza a vida do cliente. Hoje em dia, com ou sem pandemia, a gente está sem tempo, então o fato de o cliente poder conhecer virtualmente e só ir naquele que realmente gostou, já cobre grande parte do tempo que ele usaria", esclarece Livia.

Além disso, grandes investidores que estão fugindo da Bolsa, por exemplo, tornam-se um potencial alvo para essa divulgação, já que eles também têm em pressa em investir o dinheiro que está parado. É a este perfil que Livia aconselha prestar atenção.

Thais Cancian, uma das fundadoras do AoCubo, proptech (empresa de tecnologia do setor imobliário) que foca no mercado de lançamentos e visa reduzir a precarização dos profissionais de corretagem, também destaca o sucesso dos vídeos neste período. Para ela, a ferramenta, além de apresentar o imóvel, pode ser usada para tratar de outros assuntos que influenciam na compra, como facilidades oferecidas pelos bancos na crise, por exemplo.

Entusiastas da inovação, as empresárias convergem sobre a importância dos profissionais de corretagem e aconselham que, caso não haja familiaridade deles com a tecnologia, o momento é de buscar as pazes. Mas também descartam que o impulso tecnológico leve a uma substituição da "mão de obra" por máquinas.

"A tecnologia muito mais agrega do que tira pessoas do ramo. O corretor de imóveis vai ser sempre essencial para mediar uma negociação", sublinha Thais.

Capacitação é chave para mudança

A necessidade de renovação perpassa todo o mercado e chega também às empresas mais tradicionais. A imobiliária Lello, assim com as proptechs, tem promovido diversas mudanças antes mesmo da pandemia.

Numa espécie de "uberização", o atendimento deixou de ser feito pelos corretores nas lojas e passou a ser realizado por uma central. Após o contato inicial, os clientes são direcionados aos corretores conforme a localização. Ainda que isso evite, por exemplo, deslocamentos desnecessários, o diretor de vendas Igor Freire explica que alguns corretores torceram o nariz e deixaram a imobiliária.

Para Igor, essa é uma das mudanças que devem vir para ficar e os profissionais têm de estar preparados. Durante a pandemia, a imobiliária tem promovido webinars para capacitar os 150 corretores da empresa sobre novidades e tendências do mercado. Além de vídeo, a Lello também aderiu à assinatura digital. "É uma coisa que a gente tinha deixado para depois, porque não é tão simples de fazer. São volumes altos de valor envolvidos. A gente fez isso em alguns contratos que tinham risco muito baixo, o pagamento era à vista, não tinha financiamento", explica Igor.

A empresa americana RE/MAX, que integra a maior rede de franquias imobiliárias do mundo e tem 4 mil corretores no Brasil, também já adota como praxe o uso de recursos em áudio e vídeo e assinatura digital. Peixoto Accyoli, CEO e presidente da RE/MAX Brasil, corrobora com o ideal de que a capacitação é inevitável para a continuidade e a retomada do mercado e a manutenção desses profissionais.

"A tecnologia é extremamente estratégica para nós e se confirma fundamental em momentos como esse. Mas a vemos como um meio, não como um fim. Na compra do imóvel, a relação humanizada ainda é muito importante", lembra Peixoto.

O Sistema Cofeci-Creci tem tomado medidas para dar suporte aos corretores no período da crise, como prorrogação do período de pagamento da anuidade junto à instituição. Assim como empresas do mercado, o sistema tem procurando profissionalizar os corretores uma vez que a expectativa é de competitividade, principalmente na retomada do mercado, segundo o presidente João Teodoro.

"Nós temos promovido vários cursos para orientar os corretores como eles devem fazer para utilizar com mais qualidade as ferramentas disponíveis no mercado. Quem não entrar neste processo seguramente vai ser excluído da profissão pela própria incapacidade de adaptação", avalia.

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