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Revitalização da Santo Amaro influencia lançamentos residenciais na região

Impulsionado por Plano Diretor, distrito registra 2.110 lançamentos residenciais até setembro deste ano, ante 113 do ano passado, segundo o Secovi-SP

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Por Julliana Martins
Atualização:

Especial para o Estado

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Cumprindo a função de ser uma importante ligação entre a zona central e a zona sul de São Paulo, a Avenida Santo Amaro carrega o fardo de ser uma das mais congestionadas da cidade. A promessa da Prefeitura para os próximos anos, no entanto, é de transformação. Aprovado em 2016, o projeto de revitalização da via prevê soluções urbanísticas e de mobilidade e, ainda que esteja engatinhando, já vem causando impactos no mercado imobiliário. Ante 113 lançamentos residenciais em 2018, o distrito de Santo Amaro registrou 2.110 neste ano só até setembro, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação).

Ampliação de calçadas, alargamento de faixas, enterramento de redes aéreas, troca das redes de água, esgoto, gás e drenagem, melhorias na iluminação e no paisagismo, infraestrutura de transportes coletivos, sinalização e acessibilidade são algumas das intervenções previstas pelo projeto. Tais avanços conversam com o novo Plano Diretor, valorizando a região e atraindo a atenção de futuros moradores, diz o coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental.

"A cidade cresceu absurdamente em direção à região sul. A Avenida Santo Amaro, que era pequena, passou a ser um corredor de transporte de massa. Até a inauguração da linha 5-Lilás do metrô, que é recente, não tínhamos vias de acesso que fizesse essa ligação. E aí, na medida que a avenida fica saturada, ela começa a perder valor residencial e se deteriora no sentido urbanístico", explica Ajzental. "Isso aconteceu lá atrás com as avenidas Nove de Julho e Rebouças. Quando o governo faz um investimento para revitalizar a área, a via volta a atrair interesse, primeiro comercial e, nas ruas adjacentes, residencial."

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Avenida Santo Amaro: importante ligação entre a zona central e a zona sul de São Paulo. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Com o início das obras em agosto por meio de adequações e demolições de imóveis desapropriados, o trecho entre a Av. Juscelino Kubitschek e a Rua Afonso Bráz faz parte da primeira fase do projeto. Em um segundo momento, as obras vão se estender até a Av. Bandeirantes, completando 2,7 quilômetros de revitalização.

A proposta tem a intenção de estabelecer uma série de incentivos a empreendimentos da região, utilizando mecanismos previstos no novo Plano Diretor Estratégico, de 2014, de acordo com a Prefeitura. Um deles é o fato de as incorporadoras e construtoras poderem construir até quatro vezes mais que anteriormente.

No entanto, os benefícios vêm acompanhados de exigências, como lançar empreendimentos no modelo chamado de fachada ativa, com comércios no térreo, e respeitar o limite de vagas de carro por unidade residencial - que, em grande parte, restringe-se a uma.

Apartamentos compactos

A união desses fatores obriga o incorporador a construir unidades mais compactas, na opinião de Ajzental. A conclusão reflete o aumento de apartamentos com um dormitório na região, que passou de zero em 2016, 2017 e 2018 para 297 lançamentos em 2019 até setembro, de acordo o Secovi-SP.

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A construção de edifícios com apartamentos menores no local, além de contribuir para o adensamento, vai atrair um novo perfil de moradores. Segundo o professor da FGV, após a revitalização deve haver uma super oferta de produtos residenciais, o que pode resultar em uma atração de pessoas de zonas mais periféricas para mais perto do centro.

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"Acredito que em dois ou três anos esse público, que ainda mora a duas horas de distância do trabalho, vai conseguir se aproximar um pouco por meio do aluguel."

O novo público esperado pelo sócio-fundador da incorporadora Pivô, Fernando Trotta, também vai ocupar a região para morar mais perto do trabalho, mas o perfil já é outro. O lançamento Pivô Match Vila Nova, já em construção e com previsão de entrega para o fim de 2020, promete apartamentos de 23 m² a 76 m² e carrega o conceito da comunidade por meio de espaços compartilhados.

"A ideia é que seja um prédio muito focado no executivo que trabalha na Faria Lima, no Itaim ou na Vila Olímpia, mas que prefere morar na Vila Conceição pela proximidade com o Parque do Ibirapuera. Com a revitalização da Santo Amaro, que está a apenas 400 metros do parque, acreditamos que esse público vai aproveitar a facilidade da mobilidade para se deslocar de bicicleta ou de patinete para o trabalho", conta Trotta.

A Eztec é outra construtora que aposta na transformação do local. No Air Brooklin, com apartamentos de 29 m² a 82 m², o empreendimento combina torre residencial, torre comercial e um mall na própria Avenida Santo Amaro.

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Ali perto, o Mercado Municipal de Santo Amaro também terá cara nova e deve valorizar a região. Atingido por um incêndio em 2017, a construção está sob a concessão do Consórcio Fênix, da qual participa a empresa Engemon. Ela diz que vai aproveitar o movimento de urbanização do distrito para reformar o mercado.

As mudanças incluem ampliação e padronização das lojas - de 17 para 160 boxes - além da construção de um novo centro de eventos e polo gastronômico.

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