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O que há de novo na nuvem global

Censura ao Google atrapalha os negócios na China

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Por blogs
Atualização:

NYTIMES.COM

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O problema do Google na China acaba de piorar. Como parte de uma ampla campanha para intensificar a segurança interna, o governo chinês lançou um manto negro sobre a comunicação por internet - o que dificulta ainda mais os negócios de empresas como Google e seus clientes no país.

Exportadores chineses lutaram muito para emplacar anúncios no Google que chegam ao mundo todo. Pesquisadores da área de biotecnologia de Pequim tiveram dificuldade ao tentar recalibrar um microscópio cujas instruções online não podiam ser encontradas. E empresas internacionais sofreram intermitências no servidor do Gmail que prejudicaram agendas e calendários de reuniões formalizados em aplicativos como o calendário Google.

"É frustrante e desagradável ser obrigado a reduzir produtividade", afirma Jeffrey Phillips, um executivo americano do setor de energia que morou 14 anos na China. "As pessoas gastam tempo tentando enviar um arquivo por e-mail em vez de fazer o trabalho delas", acrescenta.

O problema está por toda parte. Dois populares serviços de troca de mensagem de empresas sul-coreanas, Line e Kakao Talk, foram bloqueados de repente, assim como os aplicativos Didi, Talk Box e Vower. Gigantes americanas como Twitter e Facebook há muito tempo são censuradas pelo Grande Firewall da China, um caro sistema de filtro usado pelo governo para controlar o fluxo de informação na internet do país.

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Apesar do Google e outras grandes empresas de tecnologia terem feito um intenso lobby para aliviar as restrições, o controle de Pequim sobre as multinacionais recrudesceu. Em julho último, investigadores antimonopolistas apareceram de surpresa em escritórios da Microsoft de quatro cidades chineses, interrogaram gerentes e copiaram informação dos discos rígidos. Qualcomm, uma grande empresa de chips de computador e detentora de diversas patentes em tecnologia de redes sem fio, está sendo investigada separadamente pelo serviço antimonopolista do governo.

Transferência. O crescente bloqueio da internet, além de outros problemas como a qualidade do ar e alto índice de poluição nos grandes centros urbanos da China, têm levado algumas empresas a transferir seus funcionários para hubs regionais com melhor qualidade de vida e acesso livre à internet, como Singapura.

"As empresas minimizaram o problema da internet na China quando a economia disparou", observa Shaun Rein, diretor do China Market Research Group, grupo de consultoria de Xangai. "E agora várias empresas estão se perguntando se realmente deveriam estar na China", observa ele.

O diretor de tecnologia de uma start-up chinesa conta que está especialmente difícil usar o Google Drive nos últimos tempos, o que compromete o trabalho de funcionários que precisam compartilhar arquivos e documentos.

"Trabalhávamos muito com edição colaborativa, e agora estamos de mãos atadas", conta ele, que insistiu no anonimato por medo de represálias do governo chinês. "Editar o mesmo documento de forma colaborativa e compartilhada mantém a sintonia do trabalho, e ao mesmo tempo permite que a gerência acompanhe simultaneamente o que está sendo feito", explica.

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Como demonstrado pela oferta pública inicial da Alibaba no mercado de ações de Nova York na última quinta-feira, a China produziu grandes negócios em plataformas digitais. Mas executivos e pesquisadores afirmam que as empresas locais de internet oferecem menos qualidade no serviço que suas concorrentes multinacionais.

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Jin Hetian, um arqueólogo de Pequim, disse que foi muito difícil fazer pesquisa na China com o Baidu, sistema de busca local com diversas limitações para palavras-chave em inglês e outros idiomas, e cujas funções e filtros são pouco especializados. "Sei que alguns cientistas estrangeiros estão analisando os anéis de troncos de árvore para obter novas informações relacionadas à mudança climática, mas não consigo encontrar esses trabalhos usando o Baidu", contou Jin. "Quando estou na China, é difícil acessar o Google Scholar (busca acadêmica e científica), então fico apartado das últimas descobertas", conclui.

Kaiser Kuo, porta-voz da Baidu, contestou dizendo que a empresa é focada em indexar sites escritos em chinês, já que seus usuários são majoritariamente chineses. Tradução de Livia Almendary.

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