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O que há de novo na nuvem global

Já usou telefoto? Aparelho dos anos 1920 enviava imagens pela linha telefônica

::BAÚ TECNOLÓGICO::

Por nayarasampaio
Atualização:

Victor Vieira

Mal termina um discurso de Obama na Casa Branca ou um bombardeio em Bagdá e os sites jornalísticos já estão cheios de fotografias de cobertura. Até poucas décadas atrás, no entanto, o envio de imagens - de agências internacionais ou fotógrafos distantes - era um processo bem mais demorado. As telefotos, desenvolvidas na década de 1920, eram pesados equipamentos que serviam para enviar imagens. O funcionamento era simples: as fotografias em preto e branco eram transformadas em impulsos elétricos, que permitiam a transmissão pela linha telefônica em que o aparelho era conectado - não mais pelas ondas de rádio, como se fazia até então.

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A agência americana Associated Press (AP) inaugurou as transmissões por esse sistema em 1º de janeiro de 1935 com a notícia de um acidente aéreo de Adirondack, em Nova York. O primeiro circuito de transmissão da agência se limitava a Chicago, São Francisco e Nova York, mas não demorou para atingir cada canto do país. Um ano depois, a Soundphoto - que fornecia material para o jornal The New York Times - também entrou nesse mercado. Os serviços de telefoto se difundiram tanto que, a partir dos anos 1940, as imagens das mesmas agências estavam estampadas nas capas dos principais jornais do mundo. As telefotos aceleraram o processo de transmissão, porém a imagem perdia qualidade. Em muitas redações, era comum que o material fosse trabalhado por retocadores. O vídeo abaixo mostra o aparelho em funcionamento.

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O jornal O Estado de S. Paulo foi o primeiro veículo da América do Sul a usar a tecnologia para uma cobertura local, em 21 de abril de 1960. A imagem da missa de inauguração de Brasília (abaixo) foi transmitida a São Paulo por telefoto com ajuda da agência United Press International (UPI). Em poucas horas, a foto estava na edição extra do jornal. O Estado usou aparelhos de telefotos até a reforma gráfica de 1991, quando passou a adotar imagens em cores.

Fotógrafa do Grupo Estado desde 1988, Mônica Zarattini costumava levar a telefoto em uma maleta, junto de um pequeno laboratório de revelação. A conexão com os telefones, muitas vezes, era no improviso. "Depois de ampliar a foto [em tamanho 18cm x 24cm], fazíamos a transmissão em quartos de hotel ou orelhões". Para que os fotógrafos ligassem o telefone ao aparelho, era preciso desatarraxar o bocal e amarrar os fios. De acordo com a intensidade dos sinais elétricos, o papel receptor era pintado de preto ou cinza. Em grandes coberturas jornalísticas, não era raro o congestionamento de repórteres na sala da telefonista do hotel. "Era uma briga enorme, todo mundo queria mandar sua foto primeiro".

Segundo Mônica, o processo era bastante manual, além de barulhento, e dificilmente as máquinas davam defeito. "O problema era se a ligação caía. Precisávamos começar tudo de novo". O tempo para mandar cada foto - quando o telefonema estava bom - era de aproximadamente 20 minutos. Assim como na primeira transmissão da AP, para Mônica Zarattini a cobertura mais marcante com a telefoto foi de um acidente aéreo. Em seis de setembro de 1989, um avião fez pouso forçado em uma mata no norte do Mato Grosso após desvio de rota. A fotógrafa, que estava no Norte do País para outro trabalho, foi às pressas para o local registrar a tragédia e mandar as fotos para a redação. "Era uma correria, mas sempre conseguíamos mandar fotos exclusivas", conta Mônica.

Acervo

Veja outras capas famosas de O Estado de S. Paulo com telefotos

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Assinatura do Ato Institucional N. 5 - 14 de dezembro de 1968

Chegada do homem à Lua - 22 de julho de 1969

Visita do papa João Paulo II ao Brasil - 1 de julho de 1980

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