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O que há de novo na nuvem global

Sony deve lançar relógio de papel eletrônico em 2015

Novo material permite que toda a superfície funcione como tela que pode mudar de aparência conforme a preferência do usuário

Por Economia & Negócios
Atualização:

Pavel Alpeyev e Grace Huang Bloomberg News

Relógio de papel eletrônico: novidade da Sony ( Foto: Divulgação)

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TÓQUIO - A Sony está desenvolvendo um relógio feito de papel eletrônico que deve ser lançado já no ano que vem, como teste da nova abordagem da empresa para a criação de produtos, inspirada no ambiente dos investidores em tecnologia.

O mostrador do relógio e a pulseira serão feitos de um material patenteado que permite que toda a superfície funcione como tela e mude de aparência, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque o protótipo ainda não foi anunciado.

O aparelho dará ênfase ao estilo, em vez de tentar superar alternativas mais tecnológicas como o relógio da Apple e o SmartWatch da própria Sony, disseram as fontes.

Há em jogo mais do que uma simples vitória contra a Apple e a Samsung Electronics. Um década de reduções nos custos e cortes de empregos azedou a cultura de inovação da Sony, antes celebrada pelo Walkman e pelos televisores Trinitron. O diretor executivo Kazuo Hirai formou uma divisão de criação empresarial este ano sob seu controle direto para acelerar o desenvolvimento de produtos promissores, e o relógio é um dos primeiros resultados dessa iniciativa.

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"O programa de inovação é muito importante, mas será necessário algum tempo e teremos de correr certos riscos", disse Sadao Nagaoka, professor da Universidade Hitotsubashi em Tóquio, que estuda a inovação e atua como conselheiro econômico do Escritório Japonês de Registro de Patentes. "Não é que a Sony tenha ficado sem ideias, mas a empresa está demorando demais para se reestruturar, e perdas gigantescas sufocaram os recursos para novos empreendimentos."

A nova divisão de Hirai busca criar produtos e serviços que não se encaixam no molde das atividades existentes da Sony. Além do relógio de papel eletrônico, o grupo está desenvolvendo elementos tecnológicos de construção pensados para ajudar profissionais e amadores a criar rapidamente protótipos de novos produtos.

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O projeto MESH - sigla em inglês para criar, vivenciar e compartilhar - é um conjunto de sensores, diodos emissores de luz e botões incorporados a blocos coloridos menores do que uma embalagem de chiclete. Os dispositivos são conectados sem fio e podem ser operados por meio de uma interface para tablets, acessível àqueles que não têm habilidades de programação ou engenharia.

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A divisão inclui também o programa Seed Acceleration, da Sony, criado para que qualquer funcionário com uma boa ideia possa apresentá-la à divisão de financiamento e investimento. Os aspirantes a empreendedores fazem suas propostas a outros funcionários ou a um painel de especialistas externos, mas nesse caso as apresentações são anônimas, disse uma das fontes.

O processo que imita as startups inclui fases de testes, incubação e implementação que enfatizam agilidade e lucratividade. Equipes de até cinco pessoas se enfrentam a cada três meses e podem incluir pessoas de fora, de acordo com boletim interno publicado em julho. Aqueles que forem aprovados têm até seis meses para preparar um plano de negócios, e podem trabalhar em suas ideias em tempo integral.

O produto final pode ser apropriado por uma divisão existente ou se tornar uma empresa independente. A primeira rodada, realizada em junho, atraiu 187 inscrições, das quais 80 foram aprovadas para o estágio seguinte, de acordo com o documento. Quando procurado pelo telefone na terça feira, Koji Kurata, porta-voz da Sony, não quis se pronunciar.

O relógio de papel eletrônico será uma prova para a nova divisão da Sony. Embora o mercado de dispositivos vestíveis ainda seja pequeno, com apenas 22 milhões de unidades vendidas em todo o mundo no presente ano fiscal, a indústria deve quintuplicar de tamanho nos próximos cinco anos, de acordo com o MM Research Institute Ltd. Mais da metade dos dispositivos vestíveis foi pensada para o pulso, desde pulseiras de borracha equipadas com sensores para acompanhar os exercícios físicos (Fitbit Inc.) até o relógios de luxo da Veldt (US$ 780).

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Manter o foco na aparência pode ajudar a destacar o novo produto da Sony em meio à multidão de aparelhos que funcionam como telas secundárias para os smartphones. O SmartWatch da própria Sony funciona como controle remoto dos aparelhos de som, enquanto o Galaxy Gear, da Samsung, traz o recurso de atender chamadas sem usar as mãos. Ambos exibem notificações de e-mail e do Facebook, e exigem que o dono já tenha um celular.

Os consumidores que participaram de um levantamento realizado pela Nomura Research Institute citaram a feiúra generalizada dos dispositivos vestíveis como terceiro principal obstáculo à sua adoção, depois do preço e do peso. A Apple, que contratou o célebre designer Marc Newson em setembro, vai oferecer opções em aço inoxidável, alumínio e ouro 18 quilates quando o relógio começar a ser vendido no ano que vem.

"Os smartwatches têm sido pouco vendidos porque há escassos motivos para comprá-los, já que os celulares desempenham as mesmas funções", disse Taichiro Nakayama, consultor sênior da Nomura Research, de Tóquio. "Muitos escolhem seus relógios com base na marca e no design. Não é fácil convencer o público a substituir os relógios em seus pulsos."

Hirai tem lutado para reverter o rumo da empresa conforme enfrenta concorrência crescente no ramo dos celulares e dos jogos, e baixa demanda por televisores e câmeras. A Sony deve acumular perdas de 1 trilhão de ienes (US$ 8,5 bilhões) desde 2010.

Hirai pareceu otimista ao falar aos investidores em maio, dizendo que o programa de inovação vai criar novos empreendimentos e fomentar jovens talentos. Ele disse que esta deve ser "a força motriz da nossa nova Sony".

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Um engenheiro da Sony que participou do programa disse que a iniciativa criou empolgação entre os funcionários mais jovens, embora ainda haja hesitação em torno do investimento em algo que pode fracassar. Ele decidiu apresentar seu projeto a uma comissão de especialistas externos em vez de colocá-la em votação pública em parte porque não desejava que os chefes soubessem que ele pretendia deixar a empresa. O engenheiro, que pediu para não ser identificado por não ter autorização para falar do programa, disse que sua proposta não recebeu financiamento.

"O problema da Sony não está apenas em acertar o foco nas tecnologias corretas - há também problemas administrativos, de governança corporativa e assim por diante", disse Keun Lee, professor de economia da Universidade Nacional de Seul, que escreve a respeito de inovações que revolucionam mercados. "Recorrer a diferentes fontes de conhecimento e melhorar a comunicação entre as divisões da empresa pode ser uma fonte de recuperação."/Tradução de Augusto Calil

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