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Alta da bolsa e queda do dólar. O que aconteceu?

(*) Com Tom Morooka

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Por Regina Pitoscia
Atualização:

O mercado financeiro passou por uma reviravolta nos últimos dias. Em movimento de surpreendente recuperação, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, engatou uma sequência de cinco valorizações consecutivas (seis, com a da sexta-feira anterior) e fechou a semana no nível de 94.637 pontos, com valorização acumulada de 8,28%, que é também a do mês. Com a reação, a perda no ano foi reduzida a 18,17%.

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A trajetória do dólar não foi menos surpreendente, que mergulhou abaixo de R$ 5. Cotada por R$ 4,99 na sexta-feira, a moeda americana encerrou a semana com desvalorização de 6,6%, que corresponde também à do mês. A valorização acumulada no ano, até agora, foi cortada para 24,29%.

A repentina mudança de trajetória da bolsa de valores e do dólar foi atribuída por especialistas e profissionais do mercado ao otimismo com a reabertura gradual da economia em vários países da Europa, na esteira do relaxamento de regras mais duras contra o coronavírus.

A mudança de humor se estende também ao País, que passa a ensaiar os primeiros passos na direção de uma lenta flexibilização das normas de fechamento de atividade comercial e isolamento social.

Anima também os investidores a expectativa de que a normalização gradual de atividade, apesar da persistência da pandemia, e a ligeira melhora de humor passe a atrair parte da montanha de dinheiro injetado pelos bancos centrais de diversos países, para o enfrentamento da pandemia, para o mercado financeiro.

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Muitos recursos à espera de oportunidades, torcem investidores e mercados, tenderiam a migrar de países de juros baixos ou negativos para países com opções mais rentáveis, incluído o Brasil. Contam para isso também, como fator de atração de capitais externos, com a redução da tensão política doméstica, causada pelos conflitos entre os três Poderes, sobretudo entre o Executivo e o Judiciário.

"Um sentimento de otimismo muito grande tomou conta dos mercados, tanto fora como aqui, apesar das turbulências, avalia Mauriciano Cavalcante, diretor de Câmbio da Ourominas. Ele atribui essa alteração de humor dos investidores ao fato de que o mercado considera afastado orisco de processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, um dos principais temores do mercado, a que se somaria ainda, como algo positivo para a economia, o relaxamento gradual e parcial das regras de de quarentena e isolamento social em vigor para o combate à pandemia.

Nesse cenário, ele acredita que o dólar pode seguir para o patamar de R$ 4,90 - fechou sexta-feira em R$ 4,98 - e permanecer orbitando em torno desse nível por algum tempo, com bastante volatilidade de preços. "O nível de R$ 4,90 é ainda uma barreira a ser rompida e, se isso ocorrer, as cotações tendem a se deslocar mais para baixo, em torno de R$ 4,80."

O diretor da Ourominas diz que, apesar da espera pelo capital estrangeiro, "é o investidor doméstico que continua comandando o volume de negócios e dando suporte à bolsa de valores". São investidores que estão atrás de ações ainda baratas e também das com boas perspectivas de lucro, no cenário de reabertura econômica, como as das empresas do setor de varejo, aéreo, de commodities e de bancos.

A perspectiva de uma reabertura econômica bem-sucedida, com a pandemia do coronavírus sob controle, pode empurrar o índice Bovespa (principal índice da B3) para o patamar de 100 mil pontos, após transitar algum tempo no intervalo entre 90 mil e 95 mil pontos, acredita Cavalcante. "Uma coisa é certa, porém. Se a flexibilização der errado e o fechamento voltar, a bolsa de valores cai e o dólar sobe."

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E os juros?

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O mercado financeiro tem projetado no radar provável nova redução da taxa básica de juros, a Selic, que roda em 3% ao ano, no momento. A aposta é por um repeteco do corte decidido em maio, de 0,75 ponto porcentual, o que traria o juro básico para 2,25% ao ano. A decisão sobre o rumo da Selic será tomada no dia 17 de junho, no término da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central.

Um corte adicional na taxa básica é considerado altamente provável por causa da crise econômica, agravada pela pandemia do coronavírus, que derrubou o consumo, pelo desemprego ou redução e perda de renda. A inflação anda em terreno negativo desde abril, quando houve deflação de 0,31%, tendência que deve ser mantida em maio e nos próximos meses.

A perspectiva de uma Selic mais baixa exige não só uma reavaliação da renda fixa, cujo rendimento nominal e real anda pelo chão, como também mais cuidado de quem insiste em permanecer em aplicações desse segmento, como CDB e principalmente fundos de renda fixa e DI.

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