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Caderneta de poupança: patinho feio ou boa opção?

Por Regina Pitoscia
Atualização:

A taxa Selic na mínima histórica de 2,25% ao ano lançou à lona o rendimento de todas as aplicações referenciado nela, como os títulos e fundos de renda fixa e DI e a caderneta e poupança.

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Na avaliação de especialistas e na opinião de parcela de aplicadores, a caderneta voltou à condição de patinho feio, a que menos remunera o aplicador no mercado de investimentos. Afinal, a poupança rende 70% da Selic, o que dá 1,58% ao ano ou cerca de 0,14% ao mês.

Seu concorrente direto, o Tesouro Selic, ou LFT (Letra Financeira do Tesouro, o nome original de emissão do título), oferece um rendimento que acompanha a Selic, de 2,25% ao ano, no momento.

Tesouro Selic é a versão da LFT para a compra pela internet pelo investidor pessoa física na plataforma do Tesouro Direto. A LFT é o nome do mesmo título público, na versão que compõe a carteira dos fundos DI, portanto com rentabilidade que também acompanha a Selic.

À primeira vista, o Tesouro Selic comprado na plataforma do Tesouro Direto ou o fundo DI, com a carteira recheada por LFT, levaria vantagem sobre a caderneta, em rentabilidade, porque acenam como rendimento a taxa básica de juros, a Selic, integral e a poupança apenas 70% dela.

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A comparação, contudo, deve ir além do critério de cálculo da remuneração, até o resultado líquido final. É aí que a vantagem comparativa pode pender para a caderneta. A poupança é isenta de imposto de renda, o que significa que a parcela de 70% da Selic é líquida, vai direto para a conta do aplicador a cada 30 dias.

A poupança não tem também o custo de administração, que alguns fundos DI cobram, até com taxas consideradas abusivas pelo atual nível dos juros. A essa despesa se soma também, nos fundos, a cobrança de imposto de renda, que para aplicação de até 180 dias chega a 22,50% sobre o rendimento nominal. A alíquota é decrescente, de acordo com o prazo, e cai para 20% para período de aplicação de até 360 dias.

Fora o imposto de renda, resgate em fundos antes de 29 dias recolhe ainda o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), com alíquotas também decrescentes - quanto menor o período de aplicação, maior a alíquota e mais pesado o IOF.

Vai daí que, com esse emaranhado de custos, os fundos DI podem perder a suposta vantagem que levam sobre a caderneta. O aplicador tem liquidez diária, possibilidade de saque em qualquer momento em um fundo que rende a Selic cheia. No entanto, dependendo do tempo de permanência do dinheiro no fundo, a tributação (imposto de renda e IOF), além da taxa de administração, pode engolir todo o rendimento.

O investimento em Tesouro Selic também segue a mesma regra de tributação por alíquotas decrescentes, que começam em 22,50% ao ano, para aplicação de até 180 dias, e caem para 15%, para aplicação acima de 720 dias., com duas faixas intermediárias de 20% e 17,50%.

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Embora as indicações de especialistas nesse nicho mais conservador de investimento recaiam para o Tesouro Selic, que rende a Selic, uma avaliação criteriosa pode dar vantagem à caderneta, que rende 70% dela.

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A caderneta rende menos como porcentual da Selic, mas é isenta de imposto e outros custos, que incidem sobre o Tesouro Selic e, principalmente, sobre os fundos DI. Um imposto de 22,50%, para aplicação por menos de 180 dias, pode neutralizar a vantagem da Selic integral usada como referência para um fundo DI ou Tesouro Selic em relação à caderneta.

As condições de cada aplicação indicam que a caderneta continua sendo a melhor opção para a aplicação do dinheiro mantido como reserva estratégica para uso emergencial, a qualquer momento. Um dinheiro que, aplicado por pouco tempo em fundo DI ou Tesouro Selic corre o risco de ter o rendimento drenado por impostos e taxas.

Captação positiva

A captação líquida (depósitos menos saques) de R$ 20,34 bilhões em junho elevou o saldo positivo de depósitos na caderneta de poupança para R$ 84,435 bilhões no primeiro semestre.

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Os dados divulgados pelo Banco Central indicam que a caderneta não apenas mantém sua clientela cativa, como também atraiu aplicadores que procuraram aplicações mais seguras para a proteção do dinheiro contra a instabilidade que sacudiu outros segmentos do mercado financeiro.

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