A queda dos juros cobrados no financiamento habitacional, de acordo com os bancos, é um movimento que procura acompanhar a descida da taxa básica de juros, a Selic, que alcançou a mínima histórica de baixa. Está rodando em 4,50% ao ano e pode recuar mais um pouco em fevereiro.
Além dos ajustes nos juros cobrados do mutuário, alguns bancos têm acenado também, na disputa para a atração de clientes, com estímulos adicionais. Ampliar o valor do limite de crédito imobiliário a ser concedido ao comprador é um deles.
Na virada deste ano, o Santander Brasil passou a financiar até 90% do valor de imóvel em compra com financiamento contratado na modalidade SAC (Sistema de Amortização Constante) de parcelas atualizáveis. Nele, o valor da prestação é maior nas parcelas iniciais e vai diminuindo ao longo do tempo. E nessa toada de mensalidades com valor decrescente, o mutuário chega ao fim do contrato com a dívida quitada.
Com a ampliação do volume financiado, de 80% para 90%, o candidato a mutuário será beneficiado com a exigência de um valor inicial menor na entrada. Em vez de ser equivalente a 20% do valor do imóvel, ele terá de desembolsar metade disso, 10%, para negociar o empréstimo com o banco. Em um imóvel avaliado em R$ 500 mil, o candidato entregará, em vez de R$ 100 mil, uma poupança de R$ 50 mil.
O financiamento de até 90% do valor do imóvel vale para a compra de unidades residenciais a partir de R$ 90 mil e até R$ 1,5 milhão pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com recursos da caderneta de poupança. As taxas de juro variam e podem chegar à mínima de 7,99% ao ano mais Taxa Referencial (TR), que está zerada no momento e assim pode permanecer enquanto a Selic continuar baixa. O mutuário poderá quitar o crédito imobiliário em até 35 anos ou 420 meses.
A comprovação de renda para análise de crédito e para ter acesso ao financiamento, de acordo com o Santander, pode ser feita com a soma de rendimentos de outras pessoas, mesmo sem relação de parentesco. É permitido o uso também dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A aprovação do empréstimo está condicionada a uma verificação de crédito personalizada. Os interessados podem simular o financiamento imobiliário por meio do site do banco.
O aumento do volume de crédito habitacional concedido pelo Santander facilitará a vida do candidato à compra financiada de imóvel, que precisará de valor menor para dar como entrada, mas exigirá algumas contrapartidas. Uma delas é o valor da prestação mais elevado, porque será calculado sobre um valor de financiamento maior.
Novidades
Ainda em meio à concorrência entre bancos na disputa por clientes para a concessão de crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal realiza estudos para a redução de taxas cobradas de mutuários antigos que contraíram empréstimos antes da atual temporada de redução dos juros.
A iniciativa teria duplo objetivo: conter a migração de mutuários para outros bancos, pelo sistema de portabilidade, movimento que ganha força no mercado de financiamento de imóvel, e também atrair contratos feitos em outros bancos com a oferta de melhores condições, principalmente juros mais baixos, ao mutuário que migra de agente financeiro.
Dados do site do Banco Central apontam que entre 2016 e 2019 - período que a taxa Selic recuou de 14,50% ao ano para 4,50% e derrubou também os juros do crédito imobiliário - o volume de financiamentos habitacionais transferidos de um banco para outro passou de R$ 8,8 milhões para R$ 1,5 bilhão. A expectativa de especialistas do setor é que a portabilidade desse tipo de contrato continue em alta em 2020.
Está em gestação também na Caixa uma linha de crédito habitacional com prestações prefixadas. O mutuário saberá quanto vai pagar do começo ao fim do contrato. Dependendo do que vier a ser a sua taxa de juro, essa modalidade pode ser interessante porque traz como principal vantagem a possibilidade de planejamento para a compra do imóvel.