A instalação de uma agência em plena avenida Paulista não deixa de ser emblemática para uma cooperativa. Mais do que estar próxima e dar acesso ao grande público, a estratégia demonstra que a concorrência agora é de igual para igual, com oferta de produtos e serviços como a de um banco tradicional. E, importante, com a vantagem de conceder crédito mais barato e dividir seus resultados com os associados.
A Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP, uma das cooperativas que fazem parte do Sistema Sicredi, não por acaso, além da avenida Paulista se posicionou também em outro grande centro financeiro da cidade, na Faria Lima. A cooperativa, que é a 4ª do grupo e a 10ª maior do País, conta com mais de 121 mil associados e 71 agências espalhadas em 51 cidades do Paraná e São Paulo. Em 15 das localidades em que opera, nas mais remotas, é a única instituição financeira existente.
A legislação que deu mais liberdade para a atuação das cooperativas, a Lei Complementar 130, está completando 10 anos. Até então, a atuação era bem engessada tanto em termos de clientela como de produtos financeiros. Era basicamente crédito para fomentar o crescimento de determinada atividade e atender as necessidades financeiras de seus associados, a um custo mais baixo.
Um detalhe relevante, porque o modelo de negócio sempre conseguiu desempenhar um importante papel para o desenvolvimento econômico e social nas comunidades de atuação. Como o próprio setor faz questão de ressaltar, o cooperativismo é uma filosofia de vida com capacidade de gerar melhores oportunidades para todos.
Inicialmente, as cooperativas estiveram voltadas ao crédito rural e segundo alguns registros, no Brasil a primeira associação data de 1902, atuando na cidade de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, onde não havia nenhuma instituição financeira. Essa cooperativa opera até hoje e também faz parte do Sistema Sicredi, a Sicredi Pioneira.
Estima-se que atualmente existam cerca de 7 mil cooperativas em todo País com mais de 13 milhões de associados. E não mais só destinadas às atividades rurais, mas também à saúde, habitação, educação, ao trabalho, ao consumo, ao turismo, lazer e a outros setores da economia.
Portanto, não faz muito tempo que as cooperativas deixaram de ser exclusivamente voltadas ao crédito rural ou a determinado setor para ampliar seus serviços, passando a trabalhar também com consórcio, cartão de crédito, aplicações em fundos em planos de previdência, financiamento imobiliário, operações de câmbio e por aí vai. Hoje, o Sistema Sicredi conta com mais de 300 soluções financeiras em suas prateleiras para os clientes.
O interessado paga uma taxa de adesão, que pode variar, mas é simbólica na Sicredi Vale do Piquiri, de R$ 5 a R$ 20 reais, para ter acesso a todos os serviços. Na verdade, mais do que isso, porque na prática ele estará comprando uma cota da cooperativa para participar dos resultados financeiros da instituição.
A divisão desses resultados a cada associado não é feita pelo número de cotas de cada um, mas sim pelo volume de transações que ele realizou com a instituição durante o ano. Quanto maior ele for, maior a participação.
O retorno positivo obtido pela associação, que poderia ser chamado de lucro, é batizado de "sobra" no jargão das cooperativas. Esse rendimento, na maioria dos casos, vai sendo capitalizado em nome do participante e pode ser retirado em três situações: quando ele sai do sistema, chega aos 65 anos, em casos de doenças graves. O dinheiro é remunerado em até 100% da taxa Selic que, atualmente, está em 6,5% ao ano.
No ano passado, a Sicredi Vale do Piquiri alcançou um resultado em suas operações de R$ 55,4 milhões. Desse total, mais de R$ 20 milhões voltaram para os associados em forma de juros aplicados ao capital da cooperativa e de "sobras" distribuídas.
Um diferencial importante na relação entre uma instituição financeira e seus clientes na opinião de Moacir Niehues, diretor-executivo da Sicredi Vale do Piquiri. "Enquanto em um banco o lucro será distribuído entre os acionistas, na cooperativa, ele volta para seus clientes que também são seus associados", diz ele.
Niehues fala do sucesso do modelo de cooperativa em todo o mundo e do seu potencial de crescimento no mercado doméstico. "Na Irlanda 74% da população é cooperada, no Canadá, 47%, nos Estados Unidos, 30%, na Alemanha, 22% e no Brasil, menos de 5%".
É importante saber também que em casos de prejuízos da cooperativa, eles serão igualmente rateados entre os participantes.
Na prática
As taxas praticadas no crédito à pessoa física pela Sicredi Vale do Piquiri são inferiores às da média de mercado, especialmente no crédito pessoal.
Crédito mais barato (ao mês)
Sicredi Média de Mercado
Crédito pessoal 2,57% 6,26%
Cheque especial 10,45% 12,54%
Aquisição/veículos 1,49% 1,65%
Fonte: Sicredi
A cooperativa também oferece opções de investimentos, como papeis e fundos de renda fixa, planos de previdência complementar. Alguns de seus fundos, renda fixa, renda variável e de previdência, têm apresentado rentabilidade diferenciada em um mercado de juros baixos. A seguir o desempenho deles nos últimos 12 meses.
Fundo Rentabilidade(*) Valor mín. aplic.
- Fixa Inflação 14,82% R$ 10 mil
- Fixa Performance 5,90% R$ 5 mil
- Fixa Executive 5,98% R$ 5 mil
- Ibovespa 11,59% R$ 500,00
- Petrobrás 20,37% R$200,00
- Prev. Inflação 12,83% -
- Prev. Reserva 6,14% -
- Prev. Valor Comp. 7,98% -
(*) Rentabilidade bruta, sem desconto do IR
Fonte: Sicredi