O que surpreende, no entanto, é que quase na mesma proporção o interesse pelo financiamento está ligado ao início ou ampliação de negócio próprio. Com mais de 13 milhões de pessoas desempregadas no País, os empréstimos podem ser opção para driblar a falta de vagas no mercado, por meio da busca por pequenos e médios negócios.
Do total de pessoas que recorreram ao financiamento pela Geru, de janeiro a abril deste ano, 24,85% afirmaram ter a intenção de equilibrar suas contas, enquanto 23,41% buscaram o empréstimo para empreendimentos.
Em relação ao mesmo período do ano passado houve um crescimento de 16,85% no uso do dinheiro para esse tipo de investimento. "Os empréstimos para pequenos empresários são extremamente caros e difíceis de obter, o que torna um empréstimo pessoal com taxas mais baixas excelente para este público", explica Tatiana Floh, diretora de operações da Geru.
"Quando players do mercado, principalmente os bancos, começam a enxugar as oportunidades de crédito, os microempresários e profissionais liberais são os primeiros a sofrer com pedidos negados e cobrança de taxas altas", explica a especialista.
Fazer reformas em casa foi apontada como a terceira maior motivação para os pedidos, com 13,45%. Segundo a empresa, o número nessa área tem crescido nos últimos dois anos. Em 2018, essa parcela foi de 11,12%, enquanto em 2017 o índice foi de 8,65% no total de solicitações recebidas pela plataforma digital.
Os empréstimos concedidos para compras em geral e para carros representam metade ou menos dos pedidos. Para Floh, o brasileiro tem uma cultura de crédito voltado para o consumo e esses são fatores que levam os tomadores a buscar empréstimos.
"As linhas de crédito mais acessíveis são as que pressupõem uma garantia atrelada, como é o caso do financiamento de veículos. A avaliação do bem pode ser desafiador pela burocracia e demora no processo e pela qualidade da garantia propriamente dita, entre outros fatores" afirma a executiva."Isso faz com que muitos tomadores prefiram linhas de crédito um pouco mais caras, porém com maior praticidade e agilidade na liberação do recurso", conclui ela.
Crédito online
Na Geru, o valor dos empréstimos vai de R$ 2 a R$ 50 mil, a taxa de juro varia de 2,00% a 8,20% ao mês no crédito pessoal para pessoas físicas e profissionais autônomos, de acordo com o perfil e a capacidade de pagamento. Quanto mais seu orçamento estiver comprometido com outros compromissos, maior o risco de inadimplência e daí maior a taxa.
O processo todo para o levantamento do dinheiro é feito pela internet. Qualquer interessado, maior de idade, e com conta corrente em um dos bancos parceiros da Geru pode se candidatar ao financiamento, bastando fazer um cadastro e apresentar comprovante de residência. A empresa fará uma análise de seus dados e perfil, de modo a encontrar a melhor taxa para sua condição. O site oferece um simulador que dá ideia exata de quanto ele terá de pagar por mês e em quanto tempo pelo crédito.
O empréstimo só será efetivado se o cliente der continuidade ao processo, ou seja, assinar o contrato e enviar os documentos. Após preencher o cadastro no site, em cinco minutos o cliente terá a resposta de sua pré-aprovação. Caso aprovado, em até um dia útil o dinheiro é depositado em sua conta.
A Lendico é outra plataforma que concede crédito online - o processo todo também é pela internet. Depois de fazer o cadastro e ter o crédito liberado, o dinheiro pode ser creditado no mesmo dia da assinatura do contrato, se isso for feito até as 14hs.
Os empréstimos são de até R$ 50 mil para pagamento em até 36 meses, e as taxas são a partir de 2,76% ao mês e quando incluídos impostos e outras despesas elas vão para 2,97%, o chamado Custo Efetivo Total (CET).
De janeiro a maio deste ano, a taxa de juros média nos empréstimos concedidos pela Lendico ficou em 3,78% ao mês, ou 59% ao ano. Já o custo efetivo ficou em 4,08% ao mês ou 64% ao ano. Os juros também variam na Lendico de acordo com o perfil do cliente.
De todo modo, fica claro que em ambas as fintechs, o interessado pode levantar um crédito bem mais barato que no cheque especial ou no cartão de crédito. Linhas que cobram o olho da cara e estão com juros de dois dígitos, veja tabela abaixo.
Também podem conseguir financiamento mais barato que no crédito pessoal oferecido pelos cinco grandes bancos do mercado. Neles, a taxa mensal no período de 29 de maio a 4 de junho ficou em 3,88% no Banco do Brasil; em 4,20%, no Itaú; em 4,32%, na Caixa; em 4,56% no Santander; e em 5,17% no Bradesco.
Mas sem sombra de dúvida, os juros no crédito pessoal estão em níveis mais camaradas que nas modalidades que se tornaram as vilãs do endividamento.
Juros exorbitantes (*)
Banco Cheque Especial -mês Rotativo regular - ao mês (**)
Caixa 11,84% 10,49%
Bradesco 12,28% 11,56%
Itaú 12,44% 10,44%
BB 12,68% 9,44%
Santander 14,69% 11,37%
(*) Período de 29 de maio a 4 de junho
(**) Pagamento de 15% da fatura (no mínimo) no vencimento
Fonte: Banco Central