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Cuide das finanças pessoais

É hora de comprar dólar e ouro?

A dupla verde-amarela é considerada refúgio em momentos de indefinição e incerteza. O aumento da demanda, diante do agravamento do cenário de instabilidade tanto lá fora como no mercado interno, reflete-se na pressão sobre os preços, que estão em alta.

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Por Regina Pitoscia
Atualização:

O segmento doméstico de ouro, bastante movimentado no período de hiperinflação das décadas de 1980 e 1990, ficou esvaziado com a estabilização da economia e a chegada do Plano Real, em 1994.

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Embora ainda negociado na B3, bolsa que resultou da fusão da BM&F com a Bovespa, o ouro movimenta atualmente pequeno volume de negócios no segmento formal da bolsa.

O mercado de dólar também passou por mudanças de 2000 para cá, mas o aspecto mais relevante na área cambial está no fortalecimento das contas externas do País, o que retirou parte do combustível de alta desses mercados.

Eventos que levavam a crises no balanço de pagamentos (desequilíbrio das contas externas) no passado encontram agora resistência na blindagem do setor externo do País: reservas internacionais ao redor de US$ 380 bilhões, superávit comercial que passa de US$ 65 bilhões no ano e déficit residual em conta corrente financiado com capitais que chegam como investimento estrangeiro direto ao País.

Ainda assim, o comportamento de dólar e ouro continua como termômetro das expectativas dos investidores e, como tal, indicando um horizonte de instabilidade pela frente.

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Pressão de alta

Seriam basicamente duas fontes de pressão sobre esses mercados. Uma externa, ligada ao agravamento da crise econômica na Turquia, que derrubou a moeda local, a lira turca, e empurrou para baixo as moedas dos demais países considerados emergentes, incluído o real.

No front interno, a pressão está associada às dúvidas com as eleições que escolherão o novo presidente da República em outubro e a política econômica que será adotada pelo governo que começa em 1º de janeiro.

O diretor da Ourominas DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), Mauriciano Cavalcante, avalia que as medidas já adotadas pelo governo para tentar debelar a crise podem levar a uma acomodação e sustentação da moeda local, sem grandes efeitos negativos sobre a economia de outros países.

Ele acredita que o principal fator de instabilidade dos mercados daqui para a frente serão as incertezas políticas, com os investidores atentos a dados de pesquisas eleitorais que apontem o favoritismo de um ou outro candidato à disputa presidencial.

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O mercado financeiro não disfarça que está alinhado com o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) e reagiria mal a dados que apontem favoritismo a outro candidato na linha mais populista. A resposta seria a valorização do dólar e queda da bolsa de valores. Uma sinalização de vantagem do candidato tucano, por sua vez, daria alento às ações e deprimiria o dólar.

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O comportamento desses mercados dependerá, em grande medida, das expectativas eleitorais, mas pelas indefinições de momento o viés estaria mais para a alta do que para a baixa das cotações.

Ainda assim, a aplicação em dólar é vista como de alto risco pelo diretor da Ourominas, que diz preferir uma aplicação que tenha viés de maior segurança, como o ouro. Para Cavalcante, o ouro é uma aplicação mais segura e oferece liquidez imediata, a possibilidade de venda rápida para quem precisa de dinheiro.

Ele sugere a compra de ouro como diversificação de investimento, com a destinação de até 30% dos recursos, principalmente nesta etapa de turbulência política. Indica também a compra de dólar para quem vai viajar ao exterior, sem deixar a procura pela moeda americana para a última hora, ficando refém da cotação vigente na hora da operação.

Como aplicar

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O diretor da Ourominas explica que é possível investir em ouro de duas formas. Por meio de contrato padrão de 250 gramas, na BM&F, ou em barrinha a partir de 1 grama, no mercado de balcão, em corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários que atuam no mercado de balcão de ouro.

O preço é a cotação do dia, com spread (diferença) para o preço de compra e o de venda, embora menor que o do dólar. O preço é calculado dividindo-se a cotação do ouro em Nova York pela onça-troy, o equivalente a 31,104 gramas. Pela cotação de US$ 1.175 na quinta-feira, o preço do grama ficaria em torno de U$ 37,80 ou R$ 147,40, convertido em reais pela cotação de fechamento de R$ 3,90 do dólar comercial.

Quem compra ouro pode levar a barrinha para casa ou deixar custodiado (guardado) na própria corretora ou distribuidora que vendeu o metal.

A valorização acumulada pelo ouro doméstico no ano até agora está em torno de 5%, mas chegou a 13% em momentos de pico de alta. Um recuo que, segundo Cavalcanti, é indicação que o ouro ficou barato e pode estar com preço atraente para compra como investimento.

 

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