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Cuide das finanças pessoais

Em maio, maior valorização foi do dólar. O que fazer em junho?

(*) Com Tom Morooka

Por Regina Pitoscia
Atualização:

Meia volta. A recente onda de turbulência que varreu o mercado financeiro, alimentada pela greve dos caminheiros, levou a maioria dos especialistas do mercado a reavaliar as estratégias de investimento. A política de diversificação das aplicações, a troca da renda fixa pela renda variável, em busca de uma rentabilidade mais atraente mesmo à custa de maior risco, tão alardeada e recomendada diante da persistente queda dos juros, foi deixada momentaneamente de lado.

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Segurança na renda fixa

As dicas agora apontam para o caminho que leva o investidor de volta às aplicações de renda fixa. De acordo com os especialistas, as aplicações conservadoras que remuneram com juro é o porto mais seguro para a travessia do período de instabilidade que só tenderia a aumentar com a aproximação das eleições.

A sugestão faz sentido. Diante da volatilidade e fortes solavancos no mercado de renda variável, especialmente da bolsa de valores e do dólar, o investidor deve preocupar-se mais em proteger o dinheiro do que optar por aplicações mais arriscadas.

A troca da renda variável pela renda fixa significa o retorno a uma rentabilidade miúda. Algo perto de 0,35% ao mês, mas suficiente para assegurar a correção monetária para o dinheiro enquanto o investidor supera a fase mais aguda de incertezas.

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Se em 28 de outubro sair vitorioso das urnas um candidato que tiver o apoio do mercado, por defender reformas econômicas e o reequilíbrio das contas públicas, principalmente, seria a hora de o investidor retomar a estratégia de diversificação de aplicações à luz de um cenário mais claro e com menos incertezas. A ordem, por enquanto, reafirmam especialistas, é proteger o patrimônio, sem se aventurar em opções de maior risco.

Uma delas é a bolsa de valores, segmento de mercado que mais tem sofrido com o aumento das incertezas políticas e econômicas. Em maio, a Bolsa de São Paulo amargou uma queda de quase 11%.

O sentimento de insegurança do investidor com os rumos da política e a economia tem desencorajado a compra final de ações e estimulado o giro rápido de papeis, sobretudo os de maior liquidez ou facilidade de negociação, como os de Petrobrás. Um ambiente de instabilidade que só aumenta o risco de quem investe em ações, porque o investidor estrangeiro, cujas compras vinham dando suporte à alta, está em retirada. Dados da bolsa de valores indicam que em maio, até o dia 25, os investidores externos saíram levando R$ 5,67 bilhões do mercado de ações.

Há quem entenda que o tombo da bolsa de valores em maio barateou as ações, tornando atraente a compra. Boa parte dos especialistas entende, porém, que o horizonte de incertezas, principalmente eleitorais, torna mais indicada adiar eventual compra para o fim deste ano ou início do próximo. E isso sem perder a oportunidade de encontrar pechinchas nos pregões.

Fôlego do dólar

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Uma previsão que alinha certo consenso entre os especialistas é sobre a perspectiva de continuidade de valorização do dólar. O movimento de alta da moeda americana, iniciado pela expectativa de alta dos juros nos EUA, foi reforçado em maio com a greve dos caminhoneiros, seguido pelo desabastecimento de combustíveis, que colocou a Petrobrás no olho do furacão da crise política.

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As concessões feitas pelo governo aos caminhoneiros e os termos do acordo negociado passaram aos investidores a sensação de fragilidade do presidente Michel Temer. Mais preocupante, trouxe de volta o temor de ingerência do governo na gestão da Petrobrás. Um sentimento que estimulou vendas das ações da estatal e a procura por dólar, que teve valorização de 6,65% em maio.

A impressão é que o mercado financeiro, que surfou até recentemente no otimismo de inflação e juros baixos e perspectiva de retomada vigorosa do crescimento, após mais de dois anos de severa recessão, se deu conta de que o movimento dos caminhoneiros e todos seus desdobramentos trouxeram a crise escancarada também para a economia real.

Embora a expectativa seja de valorização do dólar, ainda que não em trajetória linear, a compra de moeda americana é indicada pelos especialistas apenas para quem vai viajar ao exterior ou tem dívidas com correção cambial. Como as cotações estão inclinadas à alta, sem perspectiva aparente de piso, a dica é a compra picada, de pequenos lotes, em momentos de baixa. A estratégia possibilitaria a formação de um estoque de moeda americana por uma cotação média mais baixa que a corrente no mercado.

Outra opção para quem pretende dolarizar seus recursos são os fundos cambiais. Uma contraindicação dessa modalidade de aplicação é o elevado risco de perda embutido, por ser um investimento altamente especulativo, para quem pensa obter rendimento fácil e rápido com a possível escalada do dólar.

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Balanço

Os resultados de cada aplicação em maio traduzem o clima de insegurança que tomou conta do investidor. O Índice Bovespa (Ibovespa), principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, recuou 10,87% e por pouco não anulou a valorização acumulada no ano, traduzida agora em uma alta residual de apenas 0,46%. A bolsa ficou na lanterninha do ranking.

Ao mesmo tempo, dólar e ouro lideraram a corrida de melhor desempenho das aplicações. Considerando a estimativa do administrador de investimento, Fabio Colombo, de 0,23% para a inflação oficial de maio, a renda fixa terá protegido o dinheiro do aplicador contra as perdas da inflação. Confira o ranking das aplicações em maio calculado por Colombo.

Ranking de maio

1 - Dólar                                                    6,65%

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2 - Ouro                                                   5,97%

3 - Euro                                                    2,97%

4 - Títulos IPCA*  0,45 a 0,55%

5 - Fundos DI*                                        0,40 a 0,50%

6 - CDB* 0,40% a 0,50%

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7 - Fundos renda fixa* 0,35 a 0,45%

8 - Poupança 0,37% líquido

9 - IPCA  0,23% - estimado

10 - Bovespa - 10,87%

(*) Rendimento bruto

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