O mercado financeiro encerrou os negócios da semana mais cedo, por causa da Sexta-Feira Santa, indicando um pouco mais de ânimo, com valorização do mercado de ações e ligeira queda do dólar, suficiente para interromper duas altas seguidas da moeda americana, que ficou cotada acima de R$ 3,90.
O fechamento mais tranquilo da semana, no entanto, não pode ser considerado indicação de que o clima de calmaria será reprisado nesta semana, na volta do feriado da Páscoa.
O reajuste do óleo diesel, que subiu 4,8% nas refinarias na quarta-feira, amenizou o desconforto de investidores e do mercado financeiro, provocado pela suspeita de ingerência na Petrobrás depois que o governo suspendeu o reajuste de 5,74% decidido pela estatal dias antes.
Declarações da equipe econômica de que o veto do presidente Bolsonaro ao aumento do diesel foi episódio isolado e não significa mudança na política de preços da Petrobrás, seguido do reajuste definido na quarta, suavizou o ambiente de mau humor do mercado.
As ações da Petrobrás, que haviam despencado e puxado para baixo o Ibovespa (Índice Bovespa, o principal índice da B3), reagiram com forte alta e contribuíram para a reação do mercado de ações. Uma recuperação que poderia ter sido mais vistosa não fosse um tropeço do projeto de reforma previdenciária, que teve a votação do relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, adiada para depois do feriado da Páscoa.
A Bolsa de Valores de São Paulo ou B3 fechou a quinta-feira com valorização de 1,39%, insuficiente para zerar a perda de 0,88% acumulada na semana. O dólar teve ligeiro recuo de 0,11% no dia, mas registrou valorização de 1,03% no mesmo período.
A preocupação dos investidores com o adiamento da votação do projeto de reforma previdenciária na CCJ é amplificada porque expressaria a falta de articulação política de governo com os deputados para a formação de uma base de apoio sólida e consistente às propostas de mudanças na aposentadoria.
Embora a aprovação do relatório na CCJ seja vista como favas contadas pelo mercado financeiro, o adiamento da votação provoca certa inquietação, porque essa etapa é considerada a mais simples do processo de tramitação.
O mercado vem operando com um sentimento misto de otimismo e preocupação, e é assim que retoma os negócios em uma semana que, tudo indica, o projeto de reforma previdenciária deve passar pela primeira prova de fogo, ainda que amena, na Câmara.
Coma a aprovação da reforma considerada certa, em diversas etapas de votação na Câmara, a dúvida maior dos investidores é saber quanto tempo levará esse processo e qual o resultado final, em termos de economia, de mudanças na Previdência Social.
"A mensagem de que o relatório da reforma previdenciária passa na CCJ já está absorvida pelos mercados", afirma Vicente Matheus Zuffo, diretor de investimentos da asset SRM. A questão agora seria saber o tempo de andamento da reforma no Congresso e seu resultado em ganho para o ajuste das contas públicas, dois fatores que poderão influenciar mais diretamente o comportamento dos mercados.
São incertezas que, ao lado de eventuais percalços pelos quais a reforma deve passar no processo de tramitação, tendem a provocar muita volatilidade nos mercados, especialmente nos de ações e de dólar.
Uma perspectiva que impossibilita a projeção de uma tendência para esses mercados, que, de acordo com o executivo Matheus Zuffo, deverão continuar atentos e reagir pontualmente aos ruídos políticos e econômicos do dia a dia.