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Cuide das finanças pessoais

Entenda o que houve e o que pode acontecer com o dólar

(*) Com Tom Morooka

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Por Regina Pitoscia
Atualização:

O dólar sucumbiu ao clima de otimismo com a eleição de Jair Bolsonaro e não tem parado de cair. Com a vitória de um político que se diz alinhado à agenda de reformas econômicas e ajuste nas contas públicas, os investidores que buscavam proteção na moeda americana contra surpresas políticas e econômicas mudaram o foco de interesse.

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O efeito tem sido a queda contínua dos preços do dólar, que fechou outubro acumulando desvalorização de 7,80%. A dança das cotações ao longo do mês ilustra o tamanho do tombo na moeda americana. Iniciou outubro, portanto uma semana antes da primeira rodada da eleição presidencial, valendo R$ 4,04 e fechou o mês, três dias após o segundo turno, cotada por R$ 3,72.

Quem tinha estocado a moeda como proteção passou a vendê-la e o interesse pela compra desapareceu depois que o resultado da eleição clareou o cenário político e os investidores passaram a confiar e apostar no governo do presidente eleito que começa em 1º de janeiro.

A expectativa de analistas é que as cotações permaneçam em queda, à medida que as medidas econômicas para o reequilíbrio das contas públicas, como a reforma previdenciária e a tributária, forem sendo anunciadas. O nome do presidente do Banco Central também atrai interesse e o mercado torce pela permanência de quem já está lá, Ilan Goldfajn, que já pilota o BC faz dois anos.

A expectativa é que, se tudo correr conforme o ideário do mercado financeiro, o dólar se ajuste a níveis cada vez mais baixos, até acomodar-se em um possível piso em torno de R$ 3,30/R$ 3,40, estimam especialistas do mercado.

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O otimismo é tão grande que nem dúvidas sobre possíveis mudanças na política cambial pelo novo governo abalam as cotações. Uma delas, com base nas declarações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia vir a ser a possível venda de parte das reservas internacionais, mantidas sob a guarda do BC e aplicadas no exterior.

O dinheiro de venda das reservas em dólares seria usado para quitar parte da monumental dívida pública, que gira em torno de R$ 3,3 trilhões. A ideia até faz sentido, porque o nível atual de reservas, em torno de US$ 380 bilhões, estaria além das necessidades como proteção contra crises externas e o déficit fiscal é o principal fator de vulnerabilidade do País.

Com efeito, a política monetária jamais esteve tão ajustada e confortável no período mais recente, combinando inflação baixa e juro básico no mínimo histórico. A política cambial de taxas flutuantes, por seu lado, tem amortecido e até neutralizado o impacto de crises internacionais, escorada em uma montanha de dólares das reservas internacionais.

A venda de reservas é tema recorrente que alimenta debates e polêmicas. Qualquer que seja a destinação proposta para os recursos obtidos, desde o possível uso para investimento em infraestrutura, para tentar acelerar o crescimento, até o abatimento da dívida pública, para reduzir o elevado custo com os juros que o Tesouro, atolado em déficit primário, nem sequer tem conseguido pagar aos credores da dívida.

Já que o gargalo fiscal é considerado o principal entrave ao investimento e ao crescimento, à primeira vista a ideia de usar as reservas cambiais para o abatimento parcial da dívida e melhorar as contas públicas parece até interessante e oportuna. A ideia divide opiniões. Para economistas e analistas que se opõem a ela, o uso das reservas alivia momentaneamente a dívida, mas não leva ao equilíbrio das contas públicas sem a adoção de medidas estruturais como as reformas econômicas e privatizações.

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É nesse ambiente de otimismo e alguns ruídos que o dólar deve continuar sua trajetória, mais inclinado à queda. É preciso levar em conta ainda o cenário externo, que, ao lado de fatores internos, tem influenciado as cotações domésticas.

Há especialistas que trabalham também com a possibilidade de forte aumento do fluxo de dólares, apesar das incertezas internacionais, atraídos pela perspectiva de elevados ganhos com o País sob nova gestão a partir de 1º de janeiro. Seria um fator adicional que apontaria para cotações da moeda americana ainda mais baixas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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