Regina Pitoscia
04 de outubro de 2019 | 01h22
O aplicador que resiste em correr maior risco na renda variável, atrás da chance de uma rentabilidade mais atraente em mercados como o de ações, e insiste em permanecer na renda fixa de juros cada vez mais baixos precisa reavaliar e remodelar sua carteira.
Foi-se o tempo em que o investidor se dava ao conforto de colocar o dinheiro em uma aplicação de renda fixa atrelada ao juro DI, a taxa interbancária, que assegurava remuneração vista como suficiente, sem que fosse preciso ir atrás de outras oportunidades mais rentáveis.
A temporada de taxas de juro cada vez mais baixas, em que parte dos investidores passa a torcer o nariz para o juro espelhado na Selic, exige uma revisão e até uma mudança de atitude na administração e proteção do dinheiro.
Uma das opções é expor-se ao risco migrando para a renda variável, em aplicações como a bolsa de valores, no âmbito de uma estratégia de diversificação de carteira que pode abrir caminho para ganhos mais atraentes.
Outra é espichar o prazo das aplicações, sem sair do segmento de renda fixa, para beneficiar-se principalmente de menor desconto de imposto de renda. Até porque, as taxas de juro costumam ser mais atraentes também para aplicações de prazo longo.
A análise do período em que o dinheiro estará disponível para aplicação é apenas um dos cuidados. Como a alíquota mais baixa de imposto exige um período de aplicação mais elástico, dependendo da opção, será preciso avaliar também o possível cenário de inflação e juros para decidir se é mais vantagem escolher uma aplicação com juro prefixado ou pós-fixado.
O investimento com juro prefixado mais comum são os títulos da dívida pública, por meio da internet, na plataforma do Tesouro Direto, como o Tesouro Prefixado (versão da LTN). É uma opção indicada quando existe a expectativa ou possibilidade de queda dos juros, como agora, já que o investidor estaria travando um juro mais alto em um título que atravessaria período de juro mais baixo até o vencimento.
Nem todos os especialistas consideram, porém, uma aplicação com juro prefixado boa ideia no momento. A restrição vem de quem teme eventual reviravolta no cenário que leve a uma inversão de tendência da Selic, de queda para a alta. Um movimento que levaria a uma desvalorização de títulos prefixados, com queda de seu rendimento no mercado, em caso de resgate pelo caminho, antes do vencimento – se o título for resgatado no vencimento, o investidor recebe o rendimento integral previsto no título.
Os mais cautelosos com essa possibilidade avaliam que, como a Selic teria também pouco espaço para novas quedas, o mais interessante seriam os títulos atrelados à Selic de vencimentos mais curtos. São avaliações que, no fim das contas, afunilam ainda mais as opções de escolha na renda fixa e acabam reforçando a sedução das de maior risco.
Os mais rentáveis
Na pesquisa semanal, feita pelo buscador de investimentos Yubb (www.yubb.com.br) o destaque fica com as aplicações de R$ 3 mil pelo prazo de 18 meses, a faixa em que há maior demanda e interesse dos usuários, atualmente, segundo seu diretor-executivo, Bernardo Pascowitch.
Ele ressalta que para esse perfil de aplicação, nenhuma das 10 opções mais rentáveis oferece rendimento equivalente a 100% do CDI, que atualmente está em 5,40% ao ano. Trata-se de um título negociado entre os bancos, sem acesso do investidor, cuja taxa anda colada ao juro básico da economia, a Selic.
Agora, afirma o especialista, “as aplicações em renda fixa desempenham um importante papel de conservação e manutenção do patrimônio, mas já não pagam rentabilidade alta como no passado”. Para ele, o investidor que quiser ter uma rentabilidade mais robusta terá de aumentar sua exposição ao risco, mas de acordo com seu perfil, seus objetivos e suas condições financeiras. Entre as alternativas, ele elenca as debêntures, fundos de investimentos, ações, câmbio e derivativos.
A seguir, veja os títulos com a melhor remuneração líquida a cada ano, depois do desconto do imposto de renda, na renda fixa para aplicações pelo período de um ano e meio.
Rendimento maior
Emissor/tipo Plataforma Rend.líq. a.a Valor mínimo R$
BTG Pactual(LCI) BTG Pactual 5,16% 1 mil
Banco Pan (LCI) Banco Pan 5,16% 100,00
Banco BMG(CDB) BMG Invest. 5,12% 1 mil
Portocred Fin(LC) PoupaBrasil 4,77% 1 mil
Caruana Fin(LC) PoupaBrasil 4,73% 1 mil
Agibank (CDB) Ourinvest 4,73% 1 mil
Paraná Bco(CDB) Paraná Bco 4,69% 1 mil
Bco Pine Pine Online 4,65% 1 mil
Caruana Fin(LC) Nova Futura 4,63% 1 mil
RCI Brasil(CDB) RCI 4,43% 500,00
Fonte: Yubb
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