Regina Pitoscia
06 de março de 2020 | 03h00
O Banco Central, que havia sinalizado na ata de sua última reunião do Comitê de Política Monetária o término das rodadas de corte do juro básico da economia (Selic), se posicionou nesta semana abrindo brecha para rever a decisão.
A possibilidade de que haja nova redução dos juros, hoje em 4,25% ao ano, na próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 17 e 18 de março, parece ter tomado corpo depois que o Fed, Banco Central dos EUA, anunciou queda dos juros por lá. O receio de que os efeitos do coronavírus trave as economias e aprofunde a recessão em nível mundial está levando os bancos centrais a usar a redução dos juros como estímulo monetário.
A ideia é a de que juros mais baixos torne o crédito mais barato, tanto para a produção como para o consumo, de modo a fornecer algum gás para o crescimento econômico do planeta. Por aqui, não é diferente, o BC afirmou que vai avaliar os reflexos trazidos pela epidemia para decidir se reduz mais a Selic este mês. A partir daí, o mercado passou a apostar em queda de, pelo menos, 0,25 ponto porcentual, o que levaria a taxa básica para 4,0% ao ano.
Como consequência, o rendimento da renda fixa tende a encolher junto com a Selic. A caderneta, que tem seu rendimento calculado em 70% dela, passaria a pagar 2,80% ao ano, ou 0,23% ao mês, caso a taxa escorregue para 4,0%. Atualmente, a caderneta rende 2,98% ao ano ou 0,24% ao mês. O mesmo movimento acaba acontecendo com o retorno proporcionado pelos papeis e fundos de renda fixa.
Aplicar por prazos mais dilatados em papeis de renda fixa é uma das saídas para conseguir uma rentabilidade um pouco mais robusta. O risco inerente a aplicações por alguns anos com um rendimento acertado e definido na renda fixa é o de a inflação, que hoje se mostra bem-comportada, disparar e engolir o rendimento. Um risco que, no entanto, se mostra diminuído diante da perspectiva de paradeira na economia.
Para aplicações por 72 meses (6 anos) o buscador de investimentos Yubb (www.yubb.com.br) apresentava neste dia 5 de março, dez opções que acenavam com retorno bem maior do que o atual. E se é fato que os juros vão cair ainda mais, a remuneração desses papeis torna-se ainda mais atraente. Na tabela, vai o rendimento líquido ao ano, quer dizer, depois do desconto do imposto de renda, e como a aplicação é pelo período de 6 anos, um papel que esteja oferecendo 7,47% ao ano, vai render 54% no período todo.
Aplicação por 6 anos
Emissor/tipo Distribuidor Rendimento/ano Aplicação mínima-R$
Avista Finan./RDB Avista Finan. 7,47% 1 mil
Avista Finan./RDB Avista Finan. 7,46% 1 mil
Bco Máxima/CDB Guide Inv. 7,08% 5 mil
Bco Pine/CDB XP Inv. 6,93% 1 mil
Bco Pine/CDB BTG Pactual 6,69% 10 mil
Bco Máxima/CDB Órama Inv. 6,69% 7,9 mil
Bco Pine/CDB Guide Inv. 6,60% 5 mil
Bco Fibra/CDB Ourinvest 6,46% 10 mil
Bco Fibra/CDB Nova Futura 6,41% 10 mil
Caruana Finan./LC Nova Futura 6,39% 1 mil
Fonte: Yubb
Retorno por um ano
Para aplicações por um prazo bem menor, de 12 meses, o rendimento cai, mas não é para ser desprezado não, dentro do nível atual da renda fixa. Considerando as cinco opções mais rentáveis, aparecem CDB emitidos pelo Banco Máxima e com rendimento prefixado, quer dizer, acertado antecipadamente no momento da aplicação. O rendimento líquido oferecido é quase o dobro do que é pago pela caderneta.
CDB – Banco Máxima – 1 ano
Distribuidor Rendimento Aplicação mínima – R$
Órama 5,56% 5 mil
Nova Futura 5,56% 500,00
Easynvest 5,56% 1 mil
Ourinvest 5,39% 5 mil
Guide Inv. 5,23% 5 mil
Fonte: Yubb
Aplicações por 1 mês
Para quem precisa ficar com o dinheiro mais à mão e está em busca de uma rentabilidade bem acima da que é paga pela caderneta, encontra nos títulos públicos a melhor opção dentro da renda fixa.
Os Títulos do Tesouro IPCA têm a sua remuneração composta por correção monetária, equivalente à inflação medida pelo IPCA, mais uma parcela de juros. E as cinco opções mais rentáveis eram ofertadas pela Rico Investimentos, nesta quinta-feira, dia 5. Um papel que oferece uma taxa de 5,46% ao ano, vai pagar pelo período de um mês, 0,44%, já livre do imposto de renda. Já a poupança está pagando 0,24% ao mês e com perspectiva de render menos ainda, de a Selic deslizar para 4,0% ao ano.
Por 1 mês – Rico Investimentos
Tipo título Rendimento/ano Aplicação mínima R$
Tesouro IPCA/juros 2055 5,46% 49,82
Tesouro IPCA/juros 2050 5,39% 49,63
Tesouro IPCA/juros 2040 5,36% 45,56
Tesouro IPCA/juros 2035 5,31% 40,20
Tesouro IPCA/juros 2030 4,96% 42,22
Fonte: Yubb
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