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Por que a reforma da Previdência influencia tanto dólar e bolsa

Não conte com oscilações mais acentuadas, tanto para cima como para baixo, das cotações do dólar nestes próximos dias. Pelo menos até que a equipe econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, apresente os principais pontos da reforma da Previdência Social.

Por Regina Pitoscia
Atualização:

No momento, na falta de novidades concretas sobre as mudanças previdenciárias, o comportamento do dólar tem sido influenciado mais por fatores externos, muitas vezes pontuais, ainda que sem alteração significativa de tendência.

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A expectativa é a de que, até a divulgação dos pontos que alteram as regras da aposentadoria, as cotações do dólar tendem a permanecer oscilando em um intervalo entre R$ 3,75 e R$ 3,70. E o que vem dando suporte ao dólar nesses níveis são as dúvidas em torno das propostas para a reforma, cuja divulgação deve representar, para o mercado, um divisor de águas do comportamento do câmbio.

Caso as medidas sejam vistas pelos investidores como consistentes e suficientes para equilibrar e colocar as contas públicas no rumo do ajuste fiscal, o dólar poderia reagir com baixas que trariam os preços ao redor de R$ 3,65 a R$ 3,60 em um primeiro momento.

Já no momento seguinte, o mercado se voltaria para as condições políticas que sinalizem as chances de aprovação das mudanças de regras de aposentadoria pelo Congresso. Se a percepção for que as medidas passam sem maiores dificuldades, o preço da moeda americana poderia vir para um patamar ainda mais baixo, em torno até de R$ 3,50.

Em hipótese contrária, de sinais de resistência por parte de deputados e senadores para a aprovação do projeto de reforma previdenciária, a previsão é a cotação do dólar poderia acelerar e chegar a níveis que, para alguns, encostaria em R$ 4 ou mais.

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Para entender essa relação entre a reforma previdenciária e o dólar, que afeta tanto o mercado de câmbio, é preciso levar em conta que a preocupação com o forte crescimento dívida pública, aprofundando o rombo do déficit público, encoraja investidores a buscar proteção para seu dinheiro no dólar. Isso diante da desconfiança de que, a persistir esse ritmo de crescimento da dívida, o governo poderia rumar para a insolvência e perder a capacidade de honrar compromisso com os compradores de títulos públicos usados para o financiamento da dívida.

A reforma da Previdência Social, considerada a mais importante para o ajuste fiscal, e uma política mais agressiva de privatização de empresas estatais, como anuncia a equipe de Paulo Guedes, são vistas como condição necessária para tirar o País do sufoco financeiro e colocar a economia na trilha do crescimento sustentável.

Mexe com a bolsa

Esse mesmo cenário favorece o mercado de ações. Movida pela expectativa positiva com o andamento dessas mudanças, a Bolsa de Valores de São Paulo bateu seguidos recordes nominais, em número de pontos, na semana que passou. Na sexta-feira, o Índice Bovespa, que mede a evolução das ações de maior liquidez, fechou em 96.096 pontos, acumulando uma valorização de 2,60% na semana e de 9,34% no mês e no ano, até agora.

A confiança na reforma é tanta que os investidores, mesmo sem ter ideia mais clara das medidas, não perdem o apetite por ações, estimulados pela perspectiva de que o Ibovespa caminha agora para os 100 mil pontos.

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Analistas em investimento acreditam que a bolsa vá se manter nesse ritmo de valorizações graduais, pelo menos até a divulgação das propostas da reforma previdenciária. Até lá, a menos que surja algum fato novo negativo no cenário doméstico ou internacional, parece não haver espaço para quedas mais fortes.

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O anúncio de mudanças nas regras de aposentadoria é considerado o evento que poderia sacudir o mercado de ações, para o bem ou para o mal. Caso as propostas correspondam às expectativas dos investidores, a bolsa de valores poderia acelerar o ritmo de valorização até os 100 mil pontos, o que daria ainda uma alta de cerca de 4% até lá.

Essa hipótese combinada com a percepção de que o projeto para a Previdência passa sem maiores dificuldades pelo Congresso poderia levar o Ibovespa a um patamar muito mais elevado. É de olho nessa possibilidade, embalados pelo otimismo com o andamento das reformas, que os investidores têm comprado ações, ainda que o cenário contenha também incertezas que podem vir até a neutralizar o sentimento positivo e levar a uma reversão de tendência da bolsa.

Se tudo correr bem com as reformas, como é a aposta do próprio mercado, e a economia aprumar para o caminho do crescimento mais robusto, ações de alguns setores poderão ter o apelo fortalecido. Analistas veem boas oportunidades em ações de setores ligados ao consumo, que seria aquecido pelo crescimento doméstico.

Ao mesmo tempo, uma agenda de reformas bem-sucedida poderia enfraquecer ainda mais o dólar, o que tenderia a deprimir ações de empresas do setor de papel e celulose e exportadoras em geral.

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