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Por que inflação deve engrenar em tendência de baixa a partir deste mês

A inflação tem tudo para entrar em trajetória de baixa já a partir deste mês, depois dos repiques em setembro e outubro, estimam especialistas em acompanhamento de preços.

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Por Regina Pitoscia
Atualização:

Ainda que tímida, a indicação dessa tendência foi o recuo da inflação oficial de outubro, para 0,45%, menor que a de 0,48%, de setembro. A desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio abaixo das expectativas do mercado, indica um cenário inflacionário favorável que aponta até para possível variação negativa do índice ou deflação em novembro.

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A perspectiva de queda da inflação é boa notícia, sobretudo quando se constata que essa tendência é influenciada principalmente pelo recuo do custo de dois itens com preços administrados pelo governo, que batem forte e diretamente no bolso dos brasileiros: a energia elétrica e os combustíveis.

A conta de luz está mais barata desde o mês passado com a mudança tarifária de energia elétrica (de vermelha patamar 2 para amarela, mais barata), e a valorização do real perante o dólar contribuiu para o barateamento dos combustíveis. Energia e combustíveis têm forte participação no cálculo do IPCA, régua que calcula a inflação oficial.

O recuo dos preços desses itens é positivo para a inflação, apesar da arrancada recente de preços de alguns alimentos, como o do tomate, mas a acomodação e queda do IPCA, após picos de alta, como ocorreu nos dois últimos meses, reflete principalmente a bem-sucedida política de metas de inflação que orienta o Banco Central (BC) na calibragem da taxa básica de juros, a Selic, para alcançar determinada meta de inflação.

Essa meta que o BC persegue este ano está fixada em 4,50%, que cai para 4,25% em 2019 e para 4,00% no ano seguinte, em 2020. A meta inflacionária para 2021, que o BC vai mirar para calibrar a Selic, também já está definida, 3,75%. A meta a partir de 2022 será definida pelo novo governo em 2019, por decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN).

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A fixação de metas de inflação baixas não é suficiente para a execução de uma política monetária bem-sucedida. É preciso que o BC tenha credibilidade para que a chamada ancoragem de expectativas leve à reacomodação da inflação após eventuais repiques, como os de setembro e outubro.

Nesse regime, é a confiança dos agentes de mercado, financeiros e empresariais, na política do BC que inibe o repasse da inflação passada para os preços, em um processo de indexação que realimenta a inflação futura pelo repasse da inflação passada, bastante comum na história econômica do País há alguns anos.

No sistema de metas escorado na credibilidade de atuação do BC, os fatores de pressão que agem sobre os preços em certo momento se diluem e a inflação volta ao canal por onde trafegava anteriormente.

Em junho, por exemplo, o IPCA saltou para 1,26%, como efeito do movimento dos caminhoneiros, e recuou para 0,33% em julho, antes de mergulhar na deflação de 0,09% em agosto. A alta dos preços de combustíveis e de energia elétrica, com a adoção da bandeira vermelha, voltou a pressionar o IPCA, que subiu para 0,48% em setembro e para 0,45% em outubro.

As altas e baixas momentâneas da inflação não têm abalado as expectativas otimistas de analistas e economistas do mercado financeiro em relação à inflação. A expectativa deles, de acordo com os dados do último boletim Focus, do BC, é que o IPCA feche 2018 em 4,40% e 2019 em 4,22%, ambas previsões portanto abaixo da meta inflacionária (4,50% para este ano e 4,25% para o próximo ano).

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Renda fixa no vermelho

Em outubro, pelo segundo mês seguido, o rendimento da quase totalidade das aplicações de renda fixa perdeu da inflação. A caderneta de poupança rendeu 0,37% e os fundos de investimento, como o DI e de renda fixa, renderam bruto, na média, entre 0,46% e 0,56%, antes do desconto de imposto de renda.

A expectativa é que, com queda mais acentuada da inflação a partir deste mês, as aplicações de renda fixa voltem a proporcionar margem de ganho real, acima do IPCA, para os aplicadores.

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