Regina Pitoscia
12 de outubro de 2018 | 00h32
Mesmo com toda a campanha para popularizar a aplicação em títulos públicos, por meio do Tesouro Direto, ou a disseminação das plataformas eletrônicas de investimento, que amplia a oferta de opções de investimentos com rendimento mais atraente, o brasileiro continua com clara preferência pela tradicional caderneta de poupança.
Os números mostram que, mesmo com as novidades que surgem aqui e acolá entre os concorrentes mais diretos, a caderneta mantém os poupadores cativos. Nada menos de 70% dos entrevistados em pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) admitiram depositar o dinheiro na poupança.
Ainda que seja possível obter remuneração mais gorda em outras opções de renda fixa, é preciso pontuar em que situações o aplicador terá vantagens em ir para a caderneta, ou não.
A começar pelo valor a ser depositado, porque a poupança aceita o dinheiro mais picado, mais miúdo e sua remuneração é a mesma para todas as contas, independentemente do valor do saldo. Atualmente, o rendimento da poupança é de 0,3715% ao mês ou 4,55% ao ano.
Já para conseguir uma remuneração melhor em títulos bancários (CDBs) ou em fundos de renda fixa, o volume a ser investido precisa superar determinados níveis, em geral entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para mais, dependendo da instituição financeira.
Para aplicar em títulos públicos pela internet, na plataforma do Tesouro Direto, é preciso ter no mínimo R$ 30,00. Um valor baixo, é verdade, mas aí entra em cena outro determinante, a liquidez – a possibilidade de retirar o dinheiro sem perda de remuneração.
Na caderneta, esse período é de um mês. A cada 30 dias há o crédito do rendimento. Se houver saque, o rendimento será calculado sobre o menor saldo existente nesse espaço de tempo; caso não tenha havido retirada, a base de cálculo da remuneração será o saldo no dia de vencimento da conta (data de abertura da poupança). Nos títulos públicos os prazos são mais longos, de acordo com as características de cada um deles: há papeis vencendo em 2025, 2035, 2045 e até 2050.
Embora os títulos possam ser renegociados a cada dia, o resgate antecipado, antes do vencimento, de papeis com juros prefixados poderá redundar em perda na remuneração. Tudo vai depender da variação dos juros no mercado futuro. A aplicação pelo Tesouro Direto vai valer a pena em relação à caderneta, em termos de rentabilidade, quando o dinheiro é investido por dois anos ou mais.
A mesma condição deve ser observada também por quem procura títulos ou fundos de renda fixa em busca de rentabilidade mais atraente. A partir de seis meses é possível encontrar opções mais rentáveis que a caderneta, mas aí será preciso contar com bom volume de recursos para ter um tratamento especial.
A cobrança de taxas ou de imposto é um ponto que também precisa ser considerado ao comparar o desempenho das aplicações. O rendimento da caderneta é livre de descontos. Os papeis de renda fixa são tributados pelo imposto de renda, assim como os fundos, que cobram ainda a taxa de administração. Assim, os papeis e fundos de investimento podem até acenar com rendimento mais polpudo, mas, depois dos descontos, a vantagem sobre a caderneta pode derreter.
Rendimento em 2018
O rendimento da caderneta de poupança vai continuar em 0,3715% ao mês, até o dia 12 de dezembro. Nesse dia, o Comitê de Política Econômica, o Copom, do Banco Central define em que nível ficará o juro básico da economia, a Selic, que foi mantida em 6,50% ao ano até lá. Com isso, já dá para saber que o rendimento acumulado da caderneta neste ano será de 4,68%.
Não fosse a disparada da inflação no mês de junho, a caderneta estaria proporcionando um rendimento positivo ao aplicador em 2018. Até setembro, a variação acumulada do IPCA, que mede a inflação oficial do País, está em 3,34%, enquanto a remuneração da poupança, em 3,14%.
Mas não está inteiramente descartada a possibilidade de que até o fim do a caderneta venha virar o jogo e seu rendimento passe a ser positivo. Isso vai acontecer se a inflação de outubro a dezembro for inferior a 0,37% a cada mês.
Desempenho no ano
Mês Rendimento
Janeiro 0,4273%
Fevereiro 0,3994%
Março 0,3994%
Abril 0,3855%
Maio 0,3715%
Junho 0,3715%
Julho 0,3715%
Agosto 0,3715%
Setembro 0,3715%
Outubro 0,3715%
Novembro 0,3715%
Dezembro 0,3715%
Rendimento anual acumulado: 4,68%
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