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Cuide das finanças pessoais

Quanto e onde aplicar para ter uma aposentadoria de R$ 5 mil

Não é de hoje que o brasileiro se preocupa com a sua renda na aposentadoria. Afinal, contar somente com o benefício pago pelo INSS pode significar uma drástica redução no padrão de vida em relação ao que ele mantinha quando estava na ativa.

Por Regina Pitoscia
Atualização:

O valor máximo de benefício está em R$ 6,1 mil neste ano, mas pouquíssimos segurados conseguem se aposentar pelo teto. A grande maioria, mais de 60% do total dos aposentados e pensionistas da Previdência, ganha pelo piso de um salário mínimo, ou R$ 1.045 a partir de fevereiro.

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Sem falar que, com a reforma da Previdência, a aposentadoria ficou mais longe do trabalhador, com a exigência da idade mínima de 62 anos para a mulher e 65 anos para o homem, e tende a ter seu valor reduzido, porque será calculada sobre as contribuições feitas durante toda a vida.

São condições que precisam estar no radar de quem pretende formar uma poupança para receber um rendimento que lhe traga conforto e mais tranquilidade no futuro. Não é tarefa simples, mas não é impossível. Antes de mais nada, é necessário ter determinação. Reflexões pertinentes para esse 24 de janeiro, dia do Aposentado.

Caminhos possíveis

Felipe Dexheimer, coordenador de Alocação da XP Investimentos, fez alguns estudos para identificar os caminhos mais indicados ao aplicador na construção de uma poupança, que seja capaz de lhe proporcionar um rendimento mensal de R$ 5 mil, quando aposentar-se, e complementar à aposentadoria oficial, a do INSS.

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Para as projeções, Felipe considerou a situação de um homem, com 33 anos - idade média da população atualmente -e que viverá e receberá o benefício de R$ 5 mil até os 85 anos. Trata-se aí de um processo que se estenderá por 52 anos. Isso porque esse segurado terá de contribuir por mais 32 anos para que chegue à aposentadoria aos 65 anos, e depois receberá o benefício por mais 20, até os 85 anos.

É uma longa jornada, por mais de cinco décadas, com muita imprevisibilidade no cenário político-econômico, muitas mudanças, que podem ter impacto direito no resultado dos investimentos.

Só para traçar um paralelo e ilustrar como a conjuntura pode se transformar, e muito, em um período longo desses, o especialista lembra como estava o País em 1970, 50 anos atrás: era época do "milagre econômico", o Brasil crescia a uma taxa de 10% ao ano, e o uso do caixa-eletrônico era a grande novidade tecnológica entre os bancos. "Hoje nossa situação é inversa. Estamos saindo do pior período de crescimento da história. Nos últimos 8 anos, o Brasil cresceu apenas 0,2% em média".

Mas, do mais conservador ao mais arrojado, há opções oferecidas pelo mercado, nesse momento, com capacidade de atingir o objetivo desejado: o de remunerar o aplicador com um benefício de R$ 5 mil, como aposentadoria complementar. Fica claro que quanto maior o grau de risco a ser assumido na renda variável, maior a perspectiva de rentabilidade a ser conseguida com a aplicação, e mais baixo o desembolso a ser feito ao longo dos 32 anos, na fase de contribuição.

Os cálculos levaram em conta uma inflação anual de 3,5% e uma taxa média de juro de 6,30% ao ano para as operações feitas entre os bancos, que tem o CDI como referência.

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A opção mais conservadora é aplicar em um fundo de renda fixa DI, que terá uma remuneração colada a esses juros de 6,30% ao ano. Esse fundo está sujeito a uma antecipação de imposto de 15%, o come-cotas, que é recolhido e reduz o número de cotas do investidor nos meses de maio e novembro. Esse imposto tira uma lasca de rentabilidade do investidor.

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Nessas condições, o desembolso a ser feito mensalmente pelo aplicador de 33 anos, até aposentar-se, será de R$ 2.270, o que corresponde a 45% do benefício pretendido, de R$ 5 mil. Esses valores, tanto da contribuição como do benefício, são nominais e vão sendo ajustados de acordo com a inflação ao longo do tempo.

É ilusão pensar que por estar na renda fixa a aplicação é inteiramente segura. Não existe o risco de perda nominal, porque o valor das cotas vai subindo diariamente com o pagamento dos juros combinados. O risco aí é o de remunerar o dinheiro por um nível inferior ao da inflação, sem garantir e preservar o seu poder aquisitivo. Nesse caso, o objetivo não será alcançado, seja porque a aposentadoria terá um valor mais baixo, ou porque não poderá ser paga por 20 anos.

Se em vez de escolher um fundo DI, destinar seus recursos para um fundo de Previdência (VGBL), a situação melhora para o aplicador: a contribuição mensal diminui para R$ 1.900, o que equivale a 38% do benefício pretendido. Esse ganho está relacionado ao come-cotas, que não recai sobre os fundos de Previdência.

Se na composição da carteira desse fundo fossem acrescentados papeis de renda fixa atrelados a operações de crédito como debêntures, CDB, Letras Financeiras, entre outros, e de prazos mais longos, o rendimento tenderia a subir, algo equivalente à taxa de 6,30% mais 0,5% ao ano. Nessa hipótese, a contribuição mensal seria de R$ 1.654, ou seja, 33% do valor do benefício.

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Renda fixa X variável

Ao mesclar as aplicações entre a renda fixa e a renda variável, a perspectiva de ganho é maior. Dexheimer explica que tradicionalmente para períodos mais longos de tempo, o mercado considera como padrão algo em torno de 6,5% acima da inflação como retorno em ações. Há estudos que comprovam esse resultado.

A diversificação é outro ponto fundamental para ter bons resultados em prazos mais elásticos. Ao balancear as aplicações em 50% em fundos DI e 50% em fundos de ações, o rendimento tende a ser mais elevado, permitindo um desembolso mensal ainda mais baixo ao longo dos 32 anos, de R$ 1.236, ou 25% do benefício. Essa redução na contribuição decorre da perspectiva de rentabilidade mais alta com a bolsa, e pelo fato de não haver o come-cotas nos fundos de ações.

E em uma última composição, Felipe considerou 50% em fundos de Previdência (VGBL) e 50% em fundos de ações. Nenhum desses dois tipos de fundos é alcançado pela antecipação de imposto do come-cotas, o que favorece a rentabilidade a ser repassada ao investidor. Nessa hipótese, a contribuição mensal será de R$ 1.080, o que corresponde a 22% do benefício desejado de R$ 5 mil.

É evidente que o quanto antes o interessado iniciar a formação desse pé-de-meia, menor será a contribuição.

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Acabando com mitos

"Faz sentido dizer que a renda fixa é mais segura apenas para aplicações de curto prazo", afirma o consultor. No longo prazo, o risco é grande de haver um descasamento entre a taxa de juro e a inflação, explica ele. Foi o que aconteceu em 2015, quando os juros estavam em 14% ao ano, mas a inflação bateu nos 10,70%. Ao promover o desconto do imposto de renda os papeis que pagavam os 14% ao ano empataram com a inflação, sem ganho real.

"É preciso tomar mais risco no longo prazo", recomenda Felipe, que também reconhece que o investidor precisa ter perfil e sangue-frio para manter a posição, mesmo em épocas de queda do mercado, para conseguir fazer essa travessia.

 

 

 

 

 

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