Pelo segundo mês seguido, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, foi a campeã de rentabilidade, com valorização acumulada de 2,36% em outubro. Na outra ponta do ranking, com o pior desempenho do mês, ficou o dólar, com queda de 3,50%.
Com trajetórias opostas ao longo do mês, o comportamento da bolsa de valores e do dólar no período foi influenciado por fatores comuns do cenário internacional e doméstico.
Na coluna de fatores externos positivos, o destaque foi a redução da tensão entre EUA e China, diante da perspectiva de um acordo preliminar sobre tarifas comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Um aceno que, somado com a redução dos juros americanos, trouxe alento aos investidores temerosos de que o mundo embique em uma recessão.
A possibilidade de uma distensão animou os investidores estrangeiros com alta das bolsas internacionais e com reflexos positivos também no mercado doméstico de ações. Essa melhora de humor, no entanto, não foi suficiente para trazer o capital internacional de volta a Bolsa de Valores daqui. Foi o aumento de participação de investidores locais que assegurou fôlego à bolsa para escalar recordes nominais de valorização em número de pontos.
São apontados como estímulos ainda a esse aumento de interesse por ações a aprovação da reforma previdenciária, considerada uma medida que afasta o risco de quebra da Previdência Social e eventual calote nas contas públicas. A redução de incertezas em relação à trajetória das contas públicas gerou expectativas positivas sobre o retorno de investimentos no mercado de capitais e na produção.
A perspectiva de reequilíbrio das finanças do governo ampliou também o caminho para a continuidade de corte da Selic, cujo efeito mais direto foi a persistente redução do rendimento das aplicações financeiras. No último dia 30, o juro básico passou por nova redução de 0,50 ponto porcentual, para 5% redondos ao ano. Com possibilidade de queda adicional ainda este ano, para 4,50%, como já sinalizou o Banco Central.
O encolhimento dos juros na renda fixa fez o investidor olhar para aplicações de mais risco, porém com maior potencial de rentabilidade, no mercado de renda variável, especialmente para a bolsa de valores. A necessidade de compensar o rendimento cada vez mais baixo no segmento de juros levou o investidor a repensar e a reavaliar suas aplicações.
Nas novas escolhas no mercado de investimentos, uma parcela dos recursos tem migrado para a bolsa de valores, em uma política de diversificação que tem dado notória preferência às ações, um segmento cercado de expectativas positivas.
A maior participação do investidor pessoa física na compra de ações tem compensado ausência de capital estrangeiro e dado fôlego à valorização da B3. O número de investidores pessoas físicas na Bolsa de Valores de São Paulo cresceu 64% entre janeiro e agosto deste ano - em oito meses, passou de cerca de 800 mil para 1,3 milhão. A expectativa de analistas e gestores é que esse número mais que dobre em 2020.
No mercado de dólar, as cotações fecharam outubro ao redor de R$ 4, após encostar em R$ 4,20, em momento de maior tensão comercial entre EUA e China. Além da redução de incertezas no cenário externo, a aprovação da reforma da Previdência Social tirou parte da sustentação do dólar. Investidores que correram para a moeda, como proteção nos momentos de insegurança, passaram a vender dólares para, segundo especialistas, formar posições em bolsa de valores.
Perspectivas para novembro
O mercado financeiro começa o novo mês, nesta sexta-feira, atento ao andamento de novas reformas econômicas - a tributária e a administrativa -que estão em debate, ainda em banho-maria, no Congresso. As duas propostas dividirão a atenção dos investidores com o pacote de outras medidas da equipe econômica para a contenção dos gastos públicos.
Todo esse interesse em medidas de corte de despesas não deve desviar o olhar do mercado de outro foco, dos dados sobre o crescimento econômico projetado para este e o próximo ano - números em constante revisão para cima recentemente.É sabido que altas mais vigorosas da bolsa de valores, sobretudo com a possível e esperada participação do capital estrangeiro, e quedas mais consistentes do dólar tendem a ocorrer apenas em um cenário de crescimento mais robusto e sustentado da economia.
Balanço
Quanto renderam as principais aplicações em outubro, de acordo com os cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo.
Aplicação Rendimento
1º - Bolsa de Valores de São Paulo 2,36%
2º - IGP-M 0,68%
3º - Fundos DI 0,41 a 0,51%*
4º - Fundos de renda fixa 0,40 a 0,50%*
5º - CDB 0,38 a 0,48%*
6º - Caderneta 0,31%
7º - Títulos indexados ao IPCA 0,03 a 0,13%
8º - IPCA - 0,04%
9º - Ouro - 0,45%
10º - Euro - 1,26%
11º - Dólar - 3,50%
(*) Rendimento médio bruto
Remuneração da renda fixa
Ainda que o retorno da renda fixa esteja deslizando junto com a Selic, as aplicações de prazo um pouco mais elástico acenam com rentabilidade capaz de superar a inflação e ainda proporcionar uma margem de ganho real ao investidor.
Na pesquisa semanal feita no buscador de investimentos Yubb (www.yubb.com.br), confira as 10 opções mais rentáveis na renda fixa para o período de um ano e aplicações de R$ 5 mil.
Aplicações de 1 ano
Emissor/Tipo Distribuidor Rendimento(*)
Tes.Nacional (IPCA2050) Rico Inv. 5,52%
Tes.Nacional (IPCA2045) Rico Inv. 5,42%
Tes.Nacional (IPCA2035) Rico Inv. 5,42%
Tes.Nacional (IPCA2035) Rico Inv. 5,20%
Banco NBC (CDB) Órama 4,94%
Indusval (LCA) Easynvest 4,91%
BRK Fin. (LCA) Nova Futura 4,91%
Banco NBC (CDB) Modalmais 4,78%
Bco Máxima (CDB) Easynvest 4,77%
Bco Máxima (CDB) Órama 4,77%
(*) Rendimento líquido ao ano