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Sem estímulos e com incertezas, mercados apenas marcam o passo

(*) Com Tom Morooka

Por Regina Pitoscia
Atualização:

O mercado financeiro está em compasso de espera. Reflexo desse comportamento, os segmentos de ações e de dólar pouco se moveram, em dados de fechamento, ao longo da semana.

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A impressão é que após emplacar os 105 mil pontos, a B3 está sem tração suficiente, pela falta de estímulos, para avançar a patamares mais altos - o Ibovespa (Índice Bovespa, o índice de referência da B3) fechou a semana em 104.728,90 pontos.

Um fator de alento ao mercado, segundo analistas e especialistas, poderá vir da provável aprovação, em segundo turno, da reforma da Previdência Social, pelo Senado. A aprovação, esperada para terça-feira, dia 22, conclui a tramitação das propostas de mudanças na aposentadoria pelo Congresso.

Tudo indica, porém, que, antes mesmo de sacramentada a reforma previdenciária, considerada favas contadas, o olhar dos investidores se lança a outras propostas de reforma da agenda econômica do governo, como a tributária e administrativa.

A sensação, contudo, é que os mercados conviverão com um vácuo nessa agenda, após a passagem da reforma da Previdência. A reforma tributária, já em debate no Congresso, corre o risco de empacar, pela ausência de projeto do governo. Declarações de algumas fontes dão conta de que em seu lugar entraria a proposta de reforma administrativa, da qual não se conhece nem sequer um esboço, por enquanto.

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É nesse ambiente político, em que o governo permanece distante das articulações com o Congresso, que os mercados tocam os negócios, sem disfarçar preocupação com os ruídos provocados pela disputa de lideranças no PSL, partido do Presidente Jair Bolsonaro, que tende a rachar ainda mais a já fragmentada base de apoio parlamentar ao governo.

As indefinições na agenda de reformas econômicas e as turbulências políticas criam um cenário de incertezas que atrapalham a retomada do crescimento econômico de que o País necessita e o mercado de ações anseia para deslanchar de vez.

Para os analistas, enquanto não houver confiança nem sinais mais consistentes da volta do crescimento, a bolsa de valores não terá forças para avançar muito além do nível em que está.

Análise semelhante valeria para o dólar, que transita acima de R$ 4,10 sustentado pela procura dos investidores como proteção, e só desceria a patamares inferiores, até abaixo de R$ 4, quando houver a volta da confiança dos investidores e do crescimento.

Nessa categoria de investidores se incluem os estrangeiros, que venderam ações e deixaram a bolsa de valores antes das eleições presidenciais e, um ano depois, ainda não retornaram às compras no mercado doméstico de ações, como se esperava.

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Uma dúvida dos especialistas é se o estreitamento da diferença de juros domésticos e internacionais, como consequência das seguidas reduções da Selic, afetará o fluxo de capitais estrangeiros para aplicação em títulos de renda fixa no País. O achatamento da diferença de juros, aqui e lá fora, estaria inibindo o ingresso de divisas e dando certo suporte ao dólar.

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A expectativa é que o cenário que combina incertezas internas com fontes de turbulências externas, principalmente as associadas à disputa comercial entre Estados Unidos e China, continue dando o tom ao mercado financeiro.

Sem a disposição de investidores em assumir grandes posições em ações, a bolsa de valores tende a continuar reagindo a fatores pontuais, momento que os investidores mais preparados e ágeis aproveitam para realizar rápidas operações de compra e venda, sem que o mercado desenhe uma tendência.

A orientação é que o investidor que comprou ações para diversificar a carteira, com expectativa de retorno em tempos mais alongados, deve ficar na sua, paciente, sem reações precipitadas de venda. Senão por outros motivos, porque o capital ancorado em ações estaria deixando escapar um rendimento que não se compara ao outrora vistoso ganho dos juros altos em aplicações de renda fixa. Em outras palavras, o dinheiro que permanecer em bolsa não estaria deixando de ganhar um rendimento irresistível na renda fixa.

A bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou a sexta-feira com queda de 0,27%, mas acumulou uma valorização de 0,86% na semana. O dólar, cotado por R$ 4,12, subiu 0,61% no período.

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