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O jornalista que fez o Burger King fechar 89 restaurantes na Alemanha

Hans-Günter Wallraff, de 72 anos, conhecido por suas reportagens investigativas, denunciou a falta de higiene e más condições de trabalho na cadeia de franqueados da rede americana

Por Cley Scholz
Atualização:

Günter Wallraff: jornalismo investigativo desde os anos 60 Foto: Estadão

SÃO PAULO - O jornalista alemão Hans-Günter Wallraff, de 72 anos, é conhecido por suas reportagens investigativas. A mais recente delas, transmitida pela rede de televisão RTL, denunciou a falta de higiene e más condições de trabalho nos restaurantes da rede Burger King.

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Por causa das denúncias, a rede americana de fast food rompeu o contrato com a franqueada Yi-Ko, o que levou ao fechamento esta semana de 89 restaurantes na Alemanha.

Günter Wallraff é conhecido pelo seu método de investigação, baseado na experiência pessoal e geralmente feito com táticas de infiltração sem se identificar como jornalista para verificar pessoalmente os fatos.

Um dos seus livros, lançado no Brasil com o título de 'Cabeça de Turco' (Ganz unten), retrata a situação dos turcos na Alemanha, vítimas de todo tipo de preconceito.

Trata-se de um relato na primeira pessoa, das agruras da vida dos estrangeiros que procuram trabalho na Alemanha, como os imigrantes iugoslavos, espanhóis, gregos e, em especial, os turcos.

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Wallraff denuncia, baseado na experiência vivida, a situação de marginalização, desprezo e discriminação das minorias étnicas numa sociedade que se julga sensata, soberana, incontestável e imparcial.

A metodologia da reportagem foi a da encarnação do repórter em personagem do seu próprio livro: o jornalista transformou-se no objeto da reportagem.

Para se passar por imigrante, ele usou lentes de contato escuras, treinou um alemão com sotaque estrangeiro e fez muito exercício físico para fortalecer as costas para os trabalhos extenuantes que o aguardavam.

Desde os anos 1960, Günter Wallraff trabalha como jornalista investigativo. Em 1977, ele causou um rebuliço com a sua obra 'fábrica de mentiras', onde narrava sua experiência como repórter do jornal sensacionalista Bild.

Loja do Burger King fechada em Frankfurt, após denúncias de falta de higiene e condições de trabalho ( Foto: EFE)

Burger King. Em abril deste ano, após a reportagem mostrar como eram por dentro os restaurantes do Burger King na Alemanha, o Tribunal Regional de Munique confirmou a adoção de uma medida liminar pedida pela rede americana que proíbe a Yi-Ko de utilizar sua logomarca e nomes de seus produtos. A franqueada também foi proibida de usar uniformes da rede.

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A Yi-Ko Holding não teve outra saída senão fechar suas filiais. Segundo o NGG, o sindicato alemão dos setores de alimentação, gastronomia e fumo, a maior parte das 89 unidades já fechou as portas.

Uma porta-voz do tribunal afirmou que a empresa recorreu da decisão, devendo haver uma audiência oral a respeito, em data a ser fixada. Proprietários da Yi-Ko são o turco Ergün Yildiz e o russo Alexander Kolobov.

O vice-diretor executivo da Yi-Ko, Dieter Stummel, instruiu todos os gerentes a fechar suas respectivas filiais, obedecendo à liminar expedida pelo Tribunal de Munique.

Ele comentou ao jornal Süddeutsche Zeitung que "uma declaração de falência será inevitável", caso não haja a possibilidade de reabrir as lanchonetes nos próximos dias.

Após as denúncias do jornalista alemão, o faturamento das franquias caiu até 40%.

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O presidente da Burger King na Alemanha, Andreas Bork, declarou ao jornal alemão Die Welt que, após a divulgação das irregularidades, a rede americana tentou fazer acordos com a franqueada para tentar melhorar o serviço, mas alguns dos acordos foram quebrados e o caso foi parar na justiça.

O executivo afirma não ter tomado a decisão de romper com a franqueada antes, por consideração aos funcionários. "Da Yi-Ko dependem 3 mil postos de trabalho. E queremos protegê-los. Algumas pessoas vão certamente interpretar isso como fraqueza. Eu, contudo, vejo ao contrário: tomamos uma decisão clara."

Leia também: Burger King fecha 89 restaurantes na Alemanha após escândalo

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