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A poupança e os investimentos

O mercado financeiro já aprovou a mudança nas regras da poupança, anunciada na semana passada pelo governo, mas muitos investidores ainda têm dúvidas sobre o que fazer diante do novo cenário.

Por Denise Juliani
Atualização:

Vamos lembrar. As aplicações feitas até 3 de maio não mudam: rendem 6,17% ao ano mais a variação da taxa Referencial (TR). Já os novos depósitos serão corrigidos pelo equivalente a 70% da taxa básica de juros, a Selic, mas só quando esta cair para 8,50%. Aliás, a rentabilidade histórica da caderneta é de 70% da Selic mais TR. Assim, a caderneta não sofrerá grandes alterações, apenas vai se ajustar ao novo cenário de juros baixos, como todas as aplicações de renda fixa.

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E se o ambiente econômico mudar e a Selic voltar a subir, como fica a nova poupança? Passa a render 6,17% ao ano mais TR - a caderneta é solidária apenas na queda dos juros. Dependendo do volume de dinheiro disponível para aplicar, não se encontra no mercado opção melhor. Basta dar uma olhada no ranking de investimentos de abril. [Entre os ativos de renda fixa, o maior rendimento foi dos fundos que aceitam aplicações acima de R$ 5 mil (0,80% no mês), em seguida ficaram os Certificados de Depósito Bancário (CDB) para investimentos superiores a R$ 100 mil (0,58%). A poupança rendeu 0,52%, na frente dos CDBs que aceitam aplicações de até R$ 5 mil (0,46%) e dos fundos para baixos valores (0,44%).

Simulações feitas pelo governo mostram que, mesmo com uma queda mais forte da Selic, a poupança continuará dando rendimento igual ao de um fundo DI com taxa de administração de 0,5% e que recolha tributação mais baixa (fique pelo menos um ano aplicado). Só que fundos com esta taxa só aceitam valores altos, a partir de R$ 100 mil. Já na poupança, o cliente tem o mesmo ganho sem investir muito.

Por que a mudança? É que a rentabilidade da caderneta estava travando uma redução maior dos juros e a mexida abre caminho para a queda da Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 29 e 30 deste mês. E isso é bom para todos.

Relembrando: os fundos de renda fixa e DI, que são grandes compradores de títulos públicos, passariam a render menos com a Selic abaixo de 8,50% ao ano, o que poderia provocar uma corrida para a poupança. Em consequência, os fundos teriam de vender seus títulos para fazer frente aos saques, restando menos dinheiro para o governo "rolar" sua dívida. O resultado seria nova alta da Selic.

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Agora, toda a sociedade será beneficiada, pois a Selic é referência para bancos e financeiras. Juros menores estimulam a atividade econômica, as empresas podem tomar dinheiro emprestado para ampliar a produção, pois confiam que os consumidores terão crédito para continuar comprando. E assim a economia se mantém aquecida. Este é o plano.

O sucesso dele depende de diferentes fatores. Vários processos de redução dos juros foram interrompidos por mudanças de cenário. Em 2008, a taxa saltou de 11,75% para 13,75% em poucos meses por causa da crise internacional. Em 2010 a história foi parecida com a atual: a Selic já a 8,75% e se discutia como evitar uma corrida de investidores para a poupança. Não foi preciso, pois as "pressões inflacionárias" levaram o Copom a subir a Selic para 9,5%. Em julho do ano passado a taxa chegou a 12,50%.

Denise Juliani

Publicado no Jornal da Tarde de 07/05/2012

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