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Ações: queda não é prejuízo realizado

Eduardo ensaia entrar no mercado de ações desde o final do ano passado. Sua intenção é aproveitar a queda dos preços para montar uma carteira de aplicações de longo prazo. Só planeja usar o dinheiro dentro de dez anos ou mais, pois seu objetivo é formar uma poupança para a aposentadoria.

Por Denise Juliani
Atualização:

O dinheiro que será usado para a compra das ações já está até separado em uma caderneta de poupança, podendo ser resgatado a qualquer momento, mas ele ainda não criou coragem de trocar a baixa (mas segura) rentabilidade da caderneta pela promessa de altos ganhos do mercado de ações.

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A cada recuo do Índice Bovespa, o principal indicador da Bolsa de Valores, ele diz: "se eu tivesse comprado, teria tido prejuízo". E a queda de 23% acumulada pelo Índice Bovespa no ano de fato impressiona. Apesar de estar familiarizado com o mercado de ações, pois vem estudando seu comportamento há meses, Eduardo ainda comete um equivoco muito comum, que é confundir queda de preço com prejuízo realizado. Se tivesse comprado ações em dezembro a um preço maior do que o atual, por exemplo, ele só teria prejuízo se as vendesse agora, quando os preços estão em baixa.

Digamos que ele tivesse aplicado R$ 20 mil em ações no final do ano passado e que hoje estas ações estejam cotadas pela metade do que estavam na época. Se ele se desesperar e vender os papéis ao preço atual vai receber R$ 10 mil. Isso sim é um prejuízo. Mas se mantiver as ações na carteira pelos dez anos ou mais planejados inicialmente, há tempo de sobra para uma recuperação. É o que sempre observam os especialistas em investimentos.

Ele está descobrindo que não tem tanto estômago para operar na Bolsa como pensava. Para investir em ações é preciso mesmo se preparar para períodos de montanha-russa. E o cenário de sobe e desce está longe de terminar. O principal combustível é o agravamento da crise na Europa e as previsões de crescimento fraco para todos os países, inclusive os emergentes, como o Brasil, que passaram mais tranquilos pelas turbulências da crise de 2008. Já se prevê que essa nova onda será bem pior e que a volatilidade deve continuar por pelo menos mais dois anos.

Só este ano, até a última quinta-feira, as empresas brasileiras de capital aberto perderam US$ 378,1 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento da consultoria Economática, com base na cotação das ações de 301 companhias.

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O valor de mercado é uma referência usada pelos investidores para avaliar se a ação está cara ou barata, ou seja, está sendo negociada acima ou abaixo do que a companhia efetivamente vale - seu patrimônio menos as dívidas, mais as projeções de lucros, por exemplo.

De acordo com o levantamento da consultoria, no final de 2010 as empresas brasileiras tinham valor de mercado de US$ 1,43 trilhão, que caiu 26% para US$ 1,057 trilhão em 22 de setembro.

O valor de mercado de uma empresa de capital aberto é calculado multiplicando-se o volume total de suas ações em circulação no mercado pela cotação dessas ações na Bolsa. Assim, se uma empresa tem 100 mil ações em circulação ao preço de R$ 1, seu valor de mercado é de R$ 100 mil. Se a ação sobe para R$ 2, esse valor pula para R$ 200 mil. E se a ação cai para R$ 0,50, o valor de mercado desce para R$ 50 mil.

Denise Juliani - Jornal da Tarde

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