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Já recebeu uma carta da Nigéria hoje?

Por Denise Juliani
Atualização:

Acabo de receber mais um e-mail com alguém pedindo ajuda para tirar dinheiro de um país africano em troca de uma boa comissão. Tenho vontade de fazer de conta que caí no golpe e dar sequência ao assunto, só para ver chegar a hora em que a pessoa vai me pedir um adiantamento por conta da dinheirama que vai dividir comigo.

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Mas prefiro deixar essa tarefa para os verdadeiros investigadores. No site Monitor das Fraudes, um dos vários locais onde se pode obter informações sobre os mais variados tipos de golpes, fico sabendo que esse tipo de crime é muito antigo, data dos anos 1920, mas continua fazendo suas vítimas. É conhecido como o golpe das "Cartas da Nigéria".

Segundo descreve o site, a vítima em geral é um empresário que recebe uma carta supostamente enviada por algum alto funcionário público da Nigéria (país da África onde reina a corrupção e o caos). Na carta o remetente propõe ao destinatário entrar como parceiro em alguma operação de extravio de dinheiro que seria obtido por meio de corrupção ou falsas transações. O empresário entraria como um "laranja" e receberia uma gorda compensação financeira. Depois que o alvo informa seus dados bancários e pessoais e também transfere uma "ajuda financeira" para a liberação final do dinheiro, os "parceiros", claro, desaparecem.

A coisa é tão séria que envolve departamentos de estado de vários países, em troca constante de informações para pegar os criminosos. "O serviço de inteligência britânico estima que, todos os dias, cinco americanos estejam no lobby de algum hotel de Londres aguardando a chegada de pessoas ligadas a este tipo de fraude", informa o site americano Snopes.com.

Com a chegada da era digital, esses bandidos agora atacam por e-mail e também em fóruns, chats e redes sociais. Mas a estratégia é sempre a mesma, dinheiro desviado de países em área de conflito, principalmente na África. Recentemente Índia, Russia e China entraram no radar dos bandidos.

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Há algumas semanas um empresário de São Paulo caiu em uma variante do golpe da Nigéria. Uma dupla de africanos propôs a troca de dólares por reais na proporção de um para um. O inconveniente era o fato de as notas estarem manchadas de tinta. O lado bom era que a tinta poderia a ser removida com um solvente especial. Parecia um ótimo negócio, pois, pela cotação atual, são necessários dois reais para se adquirir um dólar.

O truque dos africanos era dizer que não tinham o dinheiro para a compra do solvente e por isso estavam propondo a parceria ao brasileiro. Segundo a polícia, ele pagou mais de R$ 100 mil pelo tal solvente (que obviamente não funciona, além de as notas serem falsificações grosseiras) e os bandidos sumiram. Mas acabaram presos, porque a vítima foi à polícia. Ganância ou ingenuidade? Se ele tivesse pesquisado um pouco descobriria que o "negócio da China" era nada mais que um golpe, e ainda por cima, bem velho.

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