Seus bônus por um celular. Vale a pena?

Resolvi comprar um smartphone. Não precisava ser o mais vendido, o líder absoluto de mercado. Até porque, o modelo em questão está em falta e sem previsão de entrega. Ficar na lista de espera, nem pensar. Além disso, existe uma ampla oferta de outras marcas com os mesmos recursos técnicos e na mesma faixa de preço.

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Por Denise Juliani
Atualização:

Alguns modelos podem até sair de graça se você tiver pontos acumulados. De graça é modo de dizer, porque quem "resgata" um celular não acumulou aqueles bônus assim do nada. Eles são resultado de um relacionamento de longo prazo com a operadora. Considero isso um pagamento antecipado.

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Além dos bônus, o cliente assume o compromisso de permanecer "casado" com a empresa por um ano. Se quiser o divórcio tudo bem, desde que pague o aparelho recebido de "brinde".

Para modelos mais sofisticados os pontos raramente bastam e a diferença pode ser parcelada na conta em até seis vezes. Não será o único gasto do feliz comprador de um smartphone. Quem leva um aparelho desses busca acesso fácil e rápido à internet. Não quer esperar para abrir o computador em casa ou no trabalho para ver seus e-mails, pagar contas, conferir a cotação de suas ações, acompanhar os comentários do Twitter, atualizar o blog, e tudo o mais que o mundo virtual nos oferece.

São duas opções: pagar por um plano de dados (cerca de R$ 90,00 por mês) ou ficar "caçando" redes sem fio (wireless) abertas pelo caminho. A segunda opção é sem custo, mas além de incerta é insegura.

Com meus bônus obtive um desconto de 49% em relação ao preço de um aparelho igual desbloqueado. Detalhe importante: há anos, em toda troca de aparelho, escolho sempre a mesma marca. Mas não havia um disponível e resolvi variar.

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O problema desses aparelhos é que quanto mais sofisticados, maior a possibilidade de dar problema. Atenção, essa é uma percepção, quase uma crença, que tenho, não há nada de científico nisso (eu acho). Mas como desde o ano passado as operadoras são obrigadas a trocar na hora (e não mandar para a assistência técnica) o aparelho que der defeito, fiquei tranquila.

Pesquisa do Ministério da Justiça mostra que mais de três quartos das reclamações dos consumidores no caso de problemas com celulares estão relacionados a garantias, danos ou defeitos dos produtos. Apesar da insatisfação, poucos clientes trocam de operadora, mesmo com a possibilidade de levar seu número para outra empresa, na chamada portabilidade.

É que, na visão dos clientes, as empresas são todas igualmente ruins. As quatro operadoras de telefonia móvel de São Paulo estão entre as 20 empresas mais reclamadas no Procon-SP em 2009: a TIM ficou em 5° lugar, a Claro em 6°, a Oi Celular em 11° e a Vivo em 18°. Os dados de 2010 ainda não saíram.

Já que são todas iguais, resolvi renovar meus laços de fidelidade e "resgatar" um smartphone. Depois de três meses, ele começou a travar quando acessava a internet. Como suas outras funções não apresentam problemas, não vale a troca imediata determinada pelo governo, me diz a moça do call center da operadora.

Resultado: meu aparelho está neste momento de volta ao fabricante. A previsão é de uma resposta em 20 dias úteis. O que fazer? Colocar o chip de volta no meu Nokia velhinho que nunca deu problema. Será que a operadora vai descontar esse mês do meu plano de dados? Claro que não. Acabei de descobrir que, no mundo dos celulares, a fidelidade é relativa.

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Dominado

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Os smartphones devem liderar o mercado de mobilidade brasileiro em 2011. A venda desses produtos deve se popularizar, um crescimento de 67%, principalmente com a chegada das as classes B e C a este mercado. Os dados são da IDC Brasil, que realizou na semana passada a conferência Top 10 Predictions Brasil 2011, projeção para o mercado de tecnologia com base na opinião de 120 analistas do setor na América Latina.

Reclamações

A telefonia móvel cresce, porém a qualidade não acompanha. De janeiro a junho de 2010, o número de reclamações no Procon-SP chegou a 9.123, uma alta de 41,79% em relação ao mesmo período de 2009, que foram de 6.434. Os dados fechados do ano passado ainda não foram divulgados. Desse total, a maioria foi por cobrança indevida ou abusiva, que subiu de 2.151 para 3.619, alta de 68,24%.

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