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O blog do Caderno de Oportunidades

Busca por vida saudável incentiva pequenos negócios

Grandes cidades atraem mais esse tipo de empreendimento

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Daniele Facanha cozinha em domicílios sob encomenda. Foto: JF Diório/Estadão

Letícia Ginak e Tulio Kruse /Especial para o Estado O crescimento de serviços sob demanda, aliados à tecnologia e com foco na flexibilidade, está mudando a forma de se empreender no setor de bem-estar. Dos clubes de marmitas saudáveis às plataformas que conectam clientes e profissionais, têm aumentado a oferta de opções simples e baratas para quem quer entrar nesse mercado.

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A procura por produtos e serviços no segmento, segundo especialistas, também aumentou nos últimos anos. Para quem apostou em novos negócios nesse nicho, o estilo de vida agitado e a falta de tempo nas metrópoles se tornaram aliados. Tanto a demanda gerada pelo estresse quanto a disponibilidade de profissionais qualificados ajudam a explicar essa tendência, que se concentra principalmente em grandes cidades.

O setor foi reforçado por uma nova onda de empreendedores, que foram demitidos durante a crise ou largaram seus empregos para abrir seus próprios negócios. Com formação técnica acima da média, eles apostam na facilidade de plataformas digitais para crescer.

"Em cidades pequenas, normalmente não existe essa cultura do estresse e não há a mesma demanda. Não há necessidade, por exemplo, de tanta massagem ou de um personal trainer", diz o professor de Inovação e Empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa. "Hoje, a tecnologia permite que vários novos modelos de negócio sob demanda se tornem coisas simples. Antigamente, para você pedir uma coisa dessas era muito sob indicação, tinha que marcar horário, ligar, se deslocar."

Cultura do estresse

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O consultor do Sebrae Adriano Augusto Campos diz que a procura por serviços no setor deve continuar aumentado. Com a tendência de envelhecimento da população, serviços personalizados de saúde serão ainda mais necessários. "O contingente de idosos está crescendo e precisa de acompanhamento a distância", diz Campos.

Alimentação. Com um tempero de dar inveja e o empurrão de uma amiga, que pediu ajuda para colocar em prática uma dieta que tinha acabado de receber de uma nutricionista, surgiu a Da Cumadi, empresa criada pela cozinheira Daniele Facanha. O conceito é simples: passar o dia na casa do cliente cozinhando refeições balanceadas para um período de, aproximadamente, 20 dias. Batizado de 'Day Cooking', Daniele chega à casa do cliente por volta das 10h e deixa as panelas às 17h. Com a rotina apertada nas grandes cidades e o aumento da preocupação por um estilo de vida equilibrado, procura é o que não falta. "Atendo algumas pessoas que nunca vi pessoalmente, por exemplo. Elas deixam a chave na portaria, eu entro, cozinho e vou embora", conta.

Em uma conversa, a cozinheira entende as necessidades, preferência e restrições para então elaborar as receitas. Os ingredientes são comprados pelos clientes. "Dou dicas de produtos bons, mas se o cliente vai comprar um azeite de R$ 5 ou R$ 30, não posso interferir. Cada um sabe o quanto pode gastar."

'A economia é grande'

A diária depende da quantidade de pessoas. "O valor da minha diária mais o valor da compra do supermercado fica em torno de R$ 1.500. Não parece, mas a economia para uma família de quatro pessoas, por exemplo, é grande. Se você dividir esse valor por quatro pessoas e 20 dias, sai R$ 18 cada refeição." Daniele prepara, geralmente, oito proteínas e seis acompanhamentos, que são embalados e armazenados.

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"Atendo solteiros, casais e famílias. Muitos deles têm alergias, são vegetarianos, preferem uma dieta de baixo carboidrato, entre outros. Já atendi também pessoas que precisavam de uma dieta específica por conta de uma cirurgia. O mais legal é ver a mudança de estilo de vida, a abertura para provar novos sabores, como os legumes", orgulha-se. A cozinheira também elabora cardápios infantis.

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Para a coordenadora do Centro de Empreendedorismo da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Alessandra Andrade, as mudanças de comportamento de uma nova geração de consumidores também ajuda a explicar o aumento de demanda por boa alimentação e exercício físico. "É uma mudança de comportamento muito focada nessa geração millenium, ela é bem atenciosos em relação à responsabilidade (empresarial) e impacto (ambiental)", diz Alessandra.

Ela recomenda que novos empreendedores no segmento aproveitem a facilidade proporcionada pelas plataformas digitais, onde é possível começar com pouco investimento e testar estratégias. "O mais importante é prototipar e validar. Antes de fazer tudo, é preciso pensar no que você pode fazer pequeno para garantir que a sua ideia é válida."

Estúdio de ioga

Depois de anos no mercado financeiro e uma transferência para trabalhar em São Paulo, o norte-americano Charlie Barnett se cansou da correria e decidiu mudar radicalmente. Praticante de ioga desde os anos 1990, Barnett deixou o emprego em 2002, viajou para vários países para aprender a ser professor e em 2006 inaugurou o Yogaflow, escola que oferece aulas da prática, massagens, cursos e ayurveda.

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"Está havendo crescimento constante da procura pela ioga. Nunca foi um boom, uma moda passageira. O interesse foi crescendo a cada ano. E hoje as novas gerações se preocupam mais em combater o estresse, que faz muito mal para a saúde", diz Barnett.  Com dois estúdios na capital paulista, o YogaFlow atende cerca de 1.000 alunos por mês. A mensalidade custa, em média, R$ 400.

Em busca de companhia para suas corridas, Giselli Souza criou um clube de corrida, o Divas que Correm, que acabou se tornando com uma loja virtual.

 

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