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Campus Party: Painel discute vantagens de empreender em SP

Autoridades paulistanas e especialistas em empreendedorismo ressaltam a vocação da cidade para a criação de startups

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Por Redação
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Palco Lua colocou empreendedorismo em debate (Imagem: Marcio Fernandes/Estadão) Foto: Estadão

DIEGO MOURA, Especial para o Estado

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Não é à toa que a Campus Party Brasil, evento tecnológico que está em sua 8ª edição, tem a capital paulista como sede. Em meio aos estandes, computadores e robôs da maior concentração de startups por metro quadrado do País, é fácil tropeçar em boas ideias, muitas concebidas localmente, trazidas para cá ou de alguma forma relacionadas à cidade. "Se você pretende ter um negócio, tem de ter consciência de que terá de se relacionar de alguma forma com São Paulo", sentencia o diretor geral da Endeavor Brasil, Juliano Seabra.

No dia 5 de fevereiro, Seabra subiu ao Palco Lua do evento - dedicado ao empreendedorismo - acompanhado do coordenador de interconectividade da cidade, João Cassino, do presidente da São Paulo Negócios, Wilson Poit, e do CEO da Startup Brasil, Felipe Matos. Na pauta, um convite à plateia de "campuseiros": investir na capital.

"Os grandes clientes, mentores e investidores estão aqui, em São Paulo", afirma Matos. O Startup Brasil, programa federal de incentivo às empresas, tem sede em terras paulistanas. Ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, funciona por meio de editais realizados duas vezes ao ano. São 12 aceleradoras privadas que investem nos negócios por meio do programa. "A comunidade de empreendedores em São Paulo evoluiu muito. Há muitas iniciativas para aglutinar essas pessoas, até fisicamente. Elas criam um ambiente superinteressante."

Os empreendedores também passaram a contar com mais uma aliada. Há um ano e meio nasceu a SP Negócios, cuja missão, segundo Poit, que já foi empresário, é promover o desenvolvimento econômico de São Paulo e ajudar o empreendedor. "Nós criamos o portal do empreendedor, que facilita muito na hora de abrir um negócio. Nossa meta é possibilitar a abertura de uma empresa em cinco dias." Outro ponto, de acordo com ele, é o desenvolvimento e incremento da Tech Sampa, órgão municipal que congrega ações de apoio a startups.

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"Nós queremos usar a infraestrutura de conectividade que a Prefeitura já tem para o empreendedorismo", diz Cassino. Ele exemplifica com o caso dos telecentros, espécies de lan houses públicas. Concebidos há 15 anos para fomentar a inclusão social, o propósito ficou pequeno. "Quem quer montar uma empresa e tem de alugar um escritório virtual, pode dispor dos 158 escritórios virtuais que a Prefeitura tem, prontos, gratuitos. É só ir lá utilizar."

Ouvindo atentamente a palestra estava o engenheiro de software Ricardo Akio Kobayashi, de 25 anos. Ele é sócio-fundador da Martin.labs, startup que desde 2012 produz aplicativos sob medida: de um app para ser usado na linha de montagem de uma grande empresa de eletrônicos a uma espécie de rede social, na qual o usuário adiciona informações sobre a bebida que está tomando e, além de interagir com amigos, pode ter uma ideia do teor alcoólico em circulação em seu sangue.

Conectado. Kobayashi apresenta na feira novo aplicativo, contra desperdício de alimentos (Imagem: Marcio Fernandes/Estadão) Foto: Estadão

Nesta edição da Campus Party, ele trouxe um aplicativo que quer combater o desperdício de alimentos. "Usa informações de ingredientes que a pessoa tem em casa para buscar receitas", conta. "Queremos ajudar a cidade de São Paulo, fazer algo social. As ideias são muitas, falta monetizá-las", brinca.

Escolhas. "Se você é um empreendedor que quer montar um negócio para crescer num mercado de 200 milhões de consumidores que falam português, precisa estar numa cidade que tem a maior conectividade, que é São Paulo", acrescenta Seabra. A busca por esse "Eldorado" das startups fez parte da trajetória de muitos empreendedores que expõem seus negócios na Campus Party.

As cariocas Marcela Kashiwagi e Ana Paula Lessa, de 26 e 23 anos, trocaram o Rio por São Paulo. Com a mudança, o site Cabe na Mala deslanchou. O negócio, que reúne quem procura produtos no exterior e aqueles que podem comprá-los e "trazê-los na mala" por uma recompensa, começou em 2013 e tem 30 mil cadastrados. A meta, segundo Marcela, é chegar ao final do ano com 200 mil. A economia dos que optaram por contratar o site - e os viajantes - chegou a quase R$ 500 mil, afirmam elas. E o processo de instalação deu certo mais rápido na capital paulista.

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Mudança. Na Campus Party, Marcela Kashiwagi (à esq.) e Ana Paula Lessa contam que trocaram o Rio por São Paulo, e o site Cabe na Mala deslanchou (Imagem: Divulgação) Foto: Estadão

O caso do mato-grossense Ricardo Rodrigues, de 28 anos, foi um pouco diferente. Pensando em tocar a vida onde o talento computacional fosse mais aproveitado, veio para São Paulo fazer um mestrado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Cansado de teorias e da academia, resolveu aplicar os conhecimentos de pesquisador de inteligência artificial em algo prático. Daí, saiu a Social Miner. A startup, que tem como cliente, entre outros, um grande site de compras coletivas, oferece a possibilidade de um "mailing humanizado". "As empresas veem os clientes sem rosto, então nós criamos não uma base de e-mails, mas de indivíduos", orgulha-se. "E começar em São Paulo foi praticamente obrigatório. Aqui começa uma cultura do Vale do Silício. Já esbarrei num investidor, num cliente e até numa designer dentro de um café. Sou um pouco workaholic", ri. "Você não vem para São Paulo porque tem praia, mas para se dar bem na vida."

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Aos 27 anos, o recifense André Braga é CEO da Eventick, uma startup de venda online de páginas personalizadas de eventos e ingressos e concorda com a análise do mato-grossense Rodrigues. "Em São Paulo, tivemos um crescimento de 300%." Ele afirma que a cidade não exige que o empreendedor seja bem relacionado para conseguir se dar bem, "como ocorre em Recife".

Para Seabra, da Endeavor, o desafio das startups hoje é crescer. Ele considera que mentoria é fundamental para fortalecer esses negócios. "O empreendedor é muito sozinho. Quando conseguimos conectar empreendedores muito bem sucedidos com quem está começando, o processo é muito mais rápido", afirma.

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