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Do consultório para o balcão de entregas

Dono das redes China in Box e Gendai, que faturaram R$ 420 milhões em 2014, Robinson Shiba diz que aprendeu com a crise

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 Foto: Estadão

Formado em Odontologia em 1989, Robinson Shiba, hoje com 47 anos, até tentou levar adiante a profissão de dentista. Montou consultório e clinicou por três anos, mas o lado empreendedor falou mais alto. "Meu pai, também dentista, era dono de uma loja de materiais para construção. Me espelhando nele, eu sempre tive vontade de ter um negócio próprio em paralelo à odontologia", conta.

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A ideia de seguir no ramo de alimentação veio em 1988, ano em que morou nos Estados Unidos. Nesse período, trabalhou em vários restaurantes e foi lá que decidiu que o seu negócio seria um restaurante. "Nos Estados Unidos, a comida chinesa em domicílio já era um negócio com grande penetração, mas aqui no Brasil, um comércio de refeições apenas para entrega era inédito."

Enquanto atuava como dentista, Shiba seguiu os passos do pai e decidiu empreender. Com investimento inicial de US$ 60 mil, nasceu a primeira loja China in Box, em 1992, em Moema, um bairro com características residencial e comercial para servir almoço e jantar. Para abrir o ponto, não precisou estudar nada sobre empreendedorismo. "Cresci no mundo do varejo, em um ambiente favorável que era a loja do meu pai."

Em agosto de 1993, com o negócio dando certo, Shiba abriu a segunda loja. O negócio prosperava e sem conseguir exercer as duas profissões, ele decidiu continuar apenas com os restaurantes. "Vi que o negócio era promissor. Muitos amigos e clientes se interessaram em abrir lojas, então decidi franquear. Como não conhecia o modelo, contratei uma consultoria para formatar e entender como funcionava uma franquia", diz.

No final de 1992, Shiba inaugurou o Gendai, restaurante de comida japonesa. Porém, neste negócio ele atuava apenas como investidor, e um sócio era o responsável por toda a operação e expansão das lojas.

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A primeira loja franqueada foi aberta em julho de 1994, época em que o negócio começava a ser lucrativo, e depois de o empresário ter participado de uma feira do setor e licenciar 35 unidades. "Nessa época eu tinha seis lojas (das bandeiras China in Box e Gendai), quatro em sociedade com amigos e duas China in Box que eram apenas minhas", conta.

A junção das operações ocorreu em 2007, com a criação do Grupo TrendFoods, quando Shiba decidiu trazer os sócios do Gendai para a operação do China in Box e criar uma empresa para cuidar das duas marcas. "Eu já era sócio do Gendai, mas eles não eram do China in Box. Fizemos troca de ações e formamos um grupo só para capturar sinergias. Tínhamos operações duplicadas e unificamos."

Hoje, 22 anos depois da criação do primeiro delivery China in Box, o Grupo TrendFoods soma 240 lojas, entre restaurantes e deliveries, com projeção de encerrar 2015 com 250 unidades. "Este ano estaremos mais conservadores e cautelosos."

O grupo, que faturou cerca de R$ 420 milhões em 2014, serve aproximadamente cinco mil refeições por loja, ou 1,2 milhão de refeições por mês. Mesmo com números expressivos, Shiba diz que os contratempos são constantes. "Há 22 anos eu tenho dificuldades", brinca o empresário. Ele afirma que as maiores são as fiscais e tributárias, que causam entraves para quem quer empreender, além da inflação. "Mas o empreendedor tem espírito aventureiro e gosta de desafios."

Para quem quer empreender no ramo alimentício, Shiba aconselha: "Faça uma pesquisa, mesmo que informal. Existem ferramentas na internet para conhecer a culinária e os hábitos de consumo. Visite restaurantes, prováveis concorrentes, e faça diferente do que já existe".

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O empresário lembra que este já é um mercado extremamente concorrido, e se o empreendedor não apresentar uma proposta diferente e inovadora o negócio se tornará mais difícil ainda. Shiba acredita que 2015 será um ano muito propício para empreender. Segundo ele, em ano de crise as boas ofertas aparecem. "Eu montei minha loja em 1992, pós Plano Collor e consegui bons preços. Garimpando, se acha coisas boas."

Sem rotina, trabalha em média 14 horas por dia. "Mas tem dias que duram 30 horas e aquele que é melhor nem ir trabalhar", brinca Shiba. Ele acredita mesmo que na vida de empreendedor "o olho do dono deve estar sempre em cima".

"O empreendedor é um sonhador, mas um sonhador que atua, que implanta. Se quiser montar seu negócio, saia do plano de negócios, coloque em prática, pregue o primeiro prego. Acredite no seu sonho e execute, se não alguém executará antes de você."

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