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Empresário supera desacerto. Especialistas apontam problemas mais frequentes que podem comprometer a sobrevivência da empresa

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Cris Olivette Após ter quatro negócios que não deram certo, porque eram pequenos e não ganhavam escala, o engenheiro eletricista Wilson Poit não desistiu de empreender e criou a Poit Energia. "Tentei novamente, aprendendo com os meus erros e com os erros dos outros, observando o mercado e sendo mais criativo." Empreendendo há 30 anos, Poit vive agora uma experiência bem sucedida, que começou há 12 anos. Hoje, sua empresa é líder no mercado de locação de geradores e infraestrutura temporária na América Latina. Com crescimento de 40% nos últimos cinco anos, a empresa tem 500 funcionários, 1.200 geradores para aluguel e 100 caminhões. Além da perseverança, Poit avalia que sua preocupação em agregar valor ao negócio, oferecendo equipamentos auxiliares e suporte técnico altamente especializado, ajudaram a consolidar a empresa. "Desta vez também caprichei na formação da equipe. O grande diferencial de um negócio está na montagem de um time", garante. Mas por que empresas criadas a partir de boas ideias muitas vezes não dão certo? Na opinião do professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Silvio Passarelli, o ambiente de negócios no Brasil é hostil às empresas nascentes, por causa, entre outros, da burocracia e o alto custo dos tributos. Segundo ele, até mesmo o perfil do empreendedor pode comprometer o negócio. "Para empreender é preciso ter constância de propósito e saber administrar o tempo." A avaliação de risco muito otimista também é um grave defeito. "As pessoas ficam tão entusiasmados com o sonho, que não conseguem avaliar com clareza os verdadeiros riscos embutidos na operação e acabam mascarando os resultados." No Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), a incompatibilidade de gênios é um dos motivos que levam ao fim empresas que estão em processo de incubação. "Esse é um problema que destrói casamentos e sociedades", diz o diretor Sérgio Risola. Outro ponto problemático, segundo ele, é a falta de recursos. "O tempo de análise das agências de fomento para repassar recursos não acompanha a velocidade do mercado, surgindo inovações que superam os negócios que não decolaram." A boa notícia, diz Risola, é que investimentos internacionais chegaram de maneira extraordinária ao Brasil. "Mas faltam empresas arrumadas para receber esse aporte. Por isso, estamos contratando especialistas financeiros para ajudar na formatação jurídica das empresas, para que obtenham investimentos." Para o consultor do Sebrae-SP Reinaldo Messias, até mesmo negócios tradicionais e de baixo risco, como lanchonetes e salão de beleza, correm o risco de naufragar se forem instalados no ponto errado. "Fazer pouca divulgação no início da atividade também pode ser fatal", avalia. Segundo Messias, a falta de capital de giro para sustentar a atividade enquanto ela não engrena, é outra dificuldade dos pequenos empresários. "Quando não dá certo, no fundo, o motivo é não ter avaliado melhor os riscos embutidos no negócio." Os amigos de infância Eduardo Ourivio e Mario Chady, já abriram vários negócios, mas nem todos foram bem sucedidos. "Nós sempre atuamos na área de gastronomia, mas tínhamos sérios problemas de atendimento e gestão e chegamos à beira da falência", relembra Ourivio. Apesar disso, de 1992 a 1997, a dupla criou seis empreendimentos, entre eles o Spoleto, rede que serve pratos rápidos. "Naquela época estávamos testando o conceito do Spoleto. Nosso objetivo era unir a velocidade da culinária rápida à sofisticação de um restaurante italiano." A ideia foi um sucesso, em dois anos já tinham 15 franquias, dobrando no ano seguinte. Hoje, o Spoleto tem lojas espalhadas pelo Brasil e opera também no México, Costa Rica e Espanha. Juntas, elas servem cerca de 44 mil refeições por dia. Com a expansão, os sócios criaram o Grupo Trigo, que administra as demais empresas da organização, como franquias de pizzaria e de temakeria, fábrica de massas e molhos, entre outras.

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