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O blog do Caderno de Oportunidades

Empresas de serviços resistem à crise

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Por Edilaine Felix
Atualização:

Oliveira. Em 2010 conseguiu crescer 30% em 2015 sobre 2014 Foto: Estadão

CRIS OLIVETTE

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Pequenas empresas do setor de serviços mostram fôlego, apesar dos sucessivos recuos sofridos pela economia ao longo de 2015. O balanço da Saatis Design e Comunicação, de Fabio Alves de Oliveira, por exemplo, aponta crescimento no faturamento de 30% em relação a 2014.

"Ficamos atentos ao que está acontecendo na economia e, ao mesmo tempo, estamos de olho nos segmentos que não estão sendo tão atingidos pela crise, como a área de serviços em tecnologia, onde conquistamos alguns clientes em 2015."

Segundo Oliveira, o dólar alto favoreceu hotéis e resorts, segmento que a Saatis já atendia. "Isso foi ótimo. O bom desempenho desses clientes funcionou como ponto de apoio para que mantivéssemos as finanças da empresa em ordem e ainda nos ajudou a crescer."

Ele afirma que uma atitude constante é a diversificação da carteira de clientes. "Não podemos depender de um mercado só. Assim, conseguimos nos desviar um pouco das crises. Sabíamos que 2015 não seria tão bom quanto o ano anterior, quando crescemos 50%. Era esperado que não fosse igual, mas quase chegamos lá", comemora. em 2010, a Saatis emprega cinco funcionários. Oliveira afirma que em 2016 espera manter a mesma taxa de crescimento.

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"Desde que a recessão começou, procuramos mostrar aos clientes que não adianta parar de investir em marketing durante a crise. Este não é o melhor caminho, pelo contrário, é hora de aparecer ainda mais e aproveitar o espaço deixado pelas gigantes que estão reduzindo ou até mesmo cortando verba publicitária. Agora é hora de pequenas e médias aproveitarem a oportunidade para crescerem um pouco mais."

O CEO do escritório de contabilidade online Contabilizei, Vitor Torres, conta que a plataforma atende milhares de empresas do setor de serviço de todo o Brasil. "Por ser um serviço digital, podemos monitorar com facilidade o desempenho dos negócios dos clientes. O monitoramento também serve para identificar como eles se comportam em relação à nossa plataforma", conta.

Torres afirma que foi assim que identificou muitos negócios com aumento de faturamento, contrariando o que está acontecendo no País. "Nosso estudo aponta que micro e pequenas empresas atendidas pela Contabilizei registraram crescimento médio mensal no faturamento de 2,23% entre janeiro e novembro de 2015. Outro dado interessante é que neste período, não recebemos nenhuma solicitação de baixa de empresa", afirma.

Na escola online de computação gráfica N-Pix, o sinal de alerta foi identificado em meados de 2014. O dono da empresa, Guilherme Albuquerque Salles Vieira, conta que produtos, equipamentos e serviços usados na operação têm preços atrelados ao dólar. "No meio de 2014, percebemos que a moeda americana não iria parar de subir e facilmente dobraria de valor. Foi importante perceber esse sinal amarelo para que fizéssemos modificações. Identificamos, por exemplo, itens subutilizados e fornecedores que poderiam ser trocados", conta.

Vieira. Da escola de computação gráfica N-Pix Foto: Estadão

 

Ele afirma que assim conseguiu manter os custos num patamar razoável. "Com essas mudanças, pude manter a verba para marketing e publicidade."

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O empresário conta que muitas empresas reduziram drasticamente investimentos em cursos para atualização dos funcionários. "Nosso foco passou a ser ainda mais voltado à captação de alunos, o que nos garantiu crescimento de 25,2% no ano, taxa que considero muito positiva."

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Neste ano, Vieira está atualizando os cursos e investindo na comunicação com os alunos. "Queremos deixar claro que aluno de curso online tem até mais contato com o professor do que em curso presencial, porque o professor está sempre disponível quando ele precisa. Também vamos continuar investindo em marketing e anúncios em sites de busca."

No final de 2014, na cidade do Rio de Janeiro, entrou em operação a Delta Transfer - Turismo Receptivo, de Bruno Soares Mann. O empresário já trabalhava na área antes de resolver alçar voo solo.

Segundo ele, o desempenho da empresa durante o primeiro ano de vida foi muito bom. "A crise favorece o turismo no Brasil por conta da alta do dólar. Os brasileiros evitam ir ao exterior e viajam dentro do País. Ao mesmo tempo, aumenta o fluxo de estrangeiros. É um segmento que está à parte da crise. Por isso, nosso desempenho foi além do planejado. Foi um ano realmente muito bom."

Mann iniciou a empresa sozinho. Hoje, possui cinco colaboradores. "O faturamento chegou a R$ 150 mil em um ano. Uma estratégia adotada para alavancar as vendas foi a parceria com outra empresa de receptividade. A Delta foca o público internacional e a Receptivo Rio Turismo é especializada em mercado nacional. Unimos forças e complementamos a oferta de produtos."

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Agora, sua expectativa está concentrada na Olimpíada. "Teremos muita demanda durante os dois meses do evento. Antes, teremos o Carnaval e dois grandes shows. Acho que em 2016 teremos alta temporada o ano todo."

Empresário faz readequação de preços para atrair mais clientes

A Allan Costa Consultoria e Treinamento e Looks Creative Studio, fundadas em 2013 por Allan Costa, são dois exemplos de negócios que fugiram à regra e conquistaram um bom desempenho em 2015.

Costa diz que a empresa de consultoria na área de empreendedorismo mais que dobrou de tamanho em 2015 em relação a 2014, alcançando crescimento de 258%.

Já a produtora de conteúdo audiovisual cresceu mais de 300% em relação a 2014. "Apesar da situação do País, estamos conseguindo fazer com que as duas empresas avancem no mercado", diz.

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Para chegar a esses resultados, Costa afirma que no início de 2015, diante da evidência do avanço da recessão, fez uma readequação de preços na empresa de consultoria.

"Passamos a oferecer condições melhores para que os clientes tivessem condições de nos contratar. Concluímos que só assim poderíamos seguir com o nosso propósito de ajudarmos as empresas a terem colaboradores mais comprometidos e satisfeitos."

Na Looks, além do reposicionamento de preços, o empresário reformulou a estratégia de produção. "Sabíamos que durante a crise as empresas precisariam de ajuda. Como o vídeo é um instrumento efetivo para melhorar o desempenho, readequamos processos internos para reduzir as horas empregadas no processo de produção desses materiais. Também criamos pacotes de vídeo tão padronizados quanto possível, evidentemente cada vídeo é diferente conforme o cliente", diz.

Guinada. Outra ação que ajudou a reforçar o desempenho foi a guinada dada em direção às startups. "Essa mudança de foco resultou em bons negócios que foram responsáveis por grande parte do faturamento de 2015."

Segundo o empresário, neste ano pretende desenvolver mais a parte digital da empresa de consultoria. "Quero usar a internet para realizar capacitação de alguns treinamentos que têm conteúdos padronizados. Assim, poderemos maximizar a capacidade de atuação dos consultores em ações que demandam mais especificidades."

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Costa afirma que na produtora irá intensificar ainda mais o movimento em direção às startups. "Também vamos passar a olhar para o mercado público, que até agora nunca foi nosso alvo. Por conta das investigações relacionadas a contratos públicos, acreditamos que esse mercado, que era muito fechado, terá mais abertura. Vamos ficar de olho nas licitações."

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