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São Paulo é atraente para mulheres criarem negócios

Estudo, porém, coloca a capital paulista em 19ª lugar para o empreendedorismo feminino

Por Cris Olivette
Atualização:

Diretora de marketing da Dell Brasil, Ana Cláudia Braga Foto: Estadão

Cris Olivette

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A cidade de São Paulo acolhe atitudes e expectativas que favorecem mulheres empreendedoras. A cultura local, que engloba rede de contatos, mentalidade, expectativas e políticas de não discriminação, contribui para a existência de empreendedoras.

Ao mesmo tempo, há na capital paulista a prevalência de mentores relevantes, redes e modelos de comportamento que demonstram que a sociedade está na direção certa para ajudar a desenvolver demandas e políticas que permitam às mulheres assumirem posições de liderança e sucesso do negócio.

As considerações são da diretora de marketing da Dell Brasil, Ana Claudia Braga. A empresa realizou estudo a respeito de empreendedorismo feminino, o Women Entrepeneur Cities Index (WE Cities), que aponta São Paulo como a 19ª cidade mais atraente para as empreendedoras, em um universo de 25 cidades avaliadas.

De acordo com ela, justamente no quesito 'atitudes e expectativas' que favorecem empreendedoras a capital ficou em 3º lugar enquanto a cultura local coloca São Paulo na 10ª posição.

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Ana Claudia conta que o ranking é baseado em análises conduzidas pela empresa IHS de análises globais. "Ela adota metodologia baseada em percepções de especialistas do setor público, empresas de tecnologia, startups e da área de educação", afirma.

A diretora afirma que o empreendedorismo feminino é um dos motores para o desenvolvimento. "O relatório de 2015 do McKinsey Global Institute mostra que resolver a desigualdade de gênero em todas as suas dimensões poderia adicionar US$ 28 trilhões ao PIB global em 2025. Esse valor é equivalente à soma das economias da China e dos Estados Unidos."

Segundo ela, no Brasil essa mudança poderia gerar um PIB 30% maior em 2025, colocando até US$ 850 bilhões a mais em circulação no País. Ana Claudia afirma que este foi um dos motivos para a escolha da África do Sul para sediar a sétima edição do DWEN Summit 2016 - conferência global realizada pela Dell para mulheres empreendedoras compartilharem experiências e oportunidades.

"A África do Sul é o único país do mundo onde as mulheres abrem negócios no mesmo ritmo dos homens, gerando impacto positivo na sociedade e contribuindo para melhorar todos os indicadores de desenvolvimento humano. Isso influencia, inclusive, no desenvolvimento infantil e na diminuição da violência doméstica."

Mundo novo. A dona da BR Goods, Beatriz Cricci, foi convidada para participar do DWEN em 2011. "Fiquei encantada quando me ligaram fazendo o convite. Não entendia como uma empresa como a Dell estava me enxergando."

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Beatriz Cricci, fundadora da BR Goods Foto: Estadão

Segundo ela, a experiência foi transformadora e passou a participar de todos os encontros anuais. "Após o primeiro evento, passei a olhar mais para mim e a enxergar a minha capacidade de fazer as coisas. Percebi que estava com um grande negócio nas mãos e que poderia fazê-lo crescer muito mais. Eu não tinha essa noção."

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A empresária que em 2001 começou a empreender fazendo cortinas para box de banheiro, tem hoje carteira com 1.300 clientes, sendo 850 da rede hospitalar, para os quais fornece divisórias de leito feitas com tecido que retarda chamas, é antimicrobiano e redutor de sons.

"Meu grande mercado está em São Paulo. Além disso, a cidade fomenta o empreendedorismo com a realização de inúmeros eventos e palestras. Participo de muitos encontros na Apex e na Endeavor."

Beatriz afirma que oferece capacitação aos seus 42 funcionários diretos por meio de cursos online que não demandam grande investimento. "No caso da Endeavor, muitos cursos são de graça. Os eventos da Fiesp também são muito bacanas."

A cientista da computação e fundadora da consultoria e agência de inovação Ponte 21, e da plataforma de educação na área de tecnologia Mastertech, Camila Achutti foi uma das palestrantes do DWEN Summit 2016, realizado em julho na África do Sul. "Foi uma oportunidade incrível para conhecer mulheres muito especiais e fazer conexões."

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Segundo ela, a proposta do evento de criar um ambiente favorável para que as mulheres se ajudem funcionou muito bem. "E o fato de ter um conjunto de mulheres brasileiras incríveis foi ainda mais positivo. Deu para dar encaminhamento a vários negócios com as brasileiras e com mulheres de outros países. Estamos negociando para fechar parcerias. O evento é inspirador e mão na massa."

Camila conta que a Ponte 21 foi criada no início de 2015. "É um negócio sustentável que está crescendo, mas não é altamente escalável, por se tratar de consultoria. No entanto, estamos empenhados em fazer a Mastertech crescer muito", afirma ela.

CTO da Ponte21 e Mastertech, Camila Achutti em evento na África do Sul Foto: Estadão

Eventos e pessoas. A empresária, que também é embaixadora da Rede Mulher Empreendedora, acredita que os principais movimentos empreendedores ocorrem em São Paulo. "São muitos eventos e as pessoas vêm a São Paulo em busca disso. Por este aspecto, estar em São Paulo ajuda muito. Aqui ficamos por dentro de tudo. Ao ir a um evento temos a oportunidade de conhecer muitas pessoas. Mas do ponto de vista de apoio efetivo do governo e o oferecimento de facilidades práticas, não percebo nada neste sentido", ressalta.

Ana Cláudia, porém, destaca que o acesso a capital para investimento ainda representa um desafio para empresárias de São Paulo.

Camila afirma que empreender é uma atitude transformadora. Segundo ela, a mulher que resolve empreender tem de ser realista e não pensar que será tudo cor de rosa."

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Sócia da corretora de valores Gradual Investimentos, Fernanda Lima considera como um dos pontos positivos para o empreendedorismo em São Paulo o fato de haver grande mercado tanto de possíveis clientes, ou seja, consumidores de produtos e serviços, quanto uma alta qualificação tecnológica desse público alvo.

"Isso significa que eventualmente é possível pensar em negócios que usem intensivamente a tecnologia para reduzir a estrutura de custo com pessoas. Se for fazer isso em uma cidade onde a penetração da tecnologia não é tão grande, talvez não seja possível usar essa ferramenta a seu favor. Particularmente, acredito muito na tecnologia como processo catalisador do empreendimento."

Por outro lado, ela afirma que em São Paulo há muitas possibilidades de ter acesso à capital, "não que isso seja fácil, mas há uma grande diversidade de fundos instalados na capital."

Segundo ela, por mais que o Sebrae e outros órgãos tentem oferecer capacitação ao empreendedor, a verdade é que ele ainda se sente muito só.

"Existe um hiato muito grande entre a realidade dele enquanto empreendedor e os cursos que são oferecidos. Acho que falta um pouco de mão na massa. Talvez falte unidades para fomentar a capacitação efetiva e não só técnica."

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Ela conta que participa da conferência global realizada pela Dell desde a primeira edição. "O primeiro fórum ocorreu em 2010, em Xangai, na China. Fui a única brasileira a participar. O segundo foi aqui no Brasil."

A empresária encara o evento como um grande momento de reflexão sobre inovação. "Meu negócio demanda muita tecnologia, mas não trabalho com isso no dia a dia. É um tempo que me dou para participar de grandes discussões acerca de empreendedorismo e novas tendências de tecnologia, novos modelos de negócios. É um momento intenso que reúne empresárias de vários mercados e países. Há uma troca muito rica."

Para mulheres que pensam em empreender, Fernanda dá um recado. "Em todos os eventos sempre há o relato de um caso impossível que acabou dando certo. Então, minha dica é: o impossível é possível. Não desista. Empreendedor já ouve muito não. Mulher empreendedora ouve mais ainda. E como mulher costuma ter baixa autoestima, é preciso reverter isso. Para empreender é preciso ter autoestima para superar todos os obstáculos. Não desista e procure apoio de um mentor."

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