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Empresárias de Santos e de Goiás contratam profissionais de São Paulo para treinar empresários e suas equipes com o objetivo de fomentar conhecimento e novos negócios nas regiões onde vivem

Por Cris Olivette
Atualização:

Ludmilla Rossi, curadora e criadora do TIP Foto: Estadão

Desde 2010, pequenos empresários da Baixada Santista contam com um serviço criado para promover o conhecimento e estimular o desenvolvimento do mercado de comunicação, tecnologia e comunicação digital da região. Trata-se do TIP, que tanto pode significar 'dica' (em inglês), quanto Treinamento, Inovação e Pesquisa.

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O centro de educação foi criado pela jovem empresária Ludmilla Rossi, de 33 anos, que há 14 anos comanda a agência de marketing digital MKT. "Quem atua nesse mercado começa muito jovem e é importante que tenha contato com profissionais de talento para absorver informações e referências. O TIP nasceu para melhorar e qualificar profissionais da região."

Ludmilla conta que uma área de 450m² foi dividida em dois espaços distintos. A MKT opera em um deles com seus 50 funcionários. Já o espaço do TIP comporta 40 pessoas, sendo que conteúdos de até 60 minutos são compartilhadas no www.youtube.com/user/pensetip. "No lugar de mandar 40 profissionais para fazer curso em São Paulo, criamos o caminho inverso." Com a iniciativa, os pequenos empresários não gastam com viagem, hospedagem, alimentação etc.

"O TIP oferece cursos geralmente aos sábados, ou em horários compatíveis para quem trabalha. O fato de não termos de ir para São Paulo é um grande facilitador. Além disso, o TIP tem essa pegada de convidar gente do mercado para falar de assuntos relacionados a nossa realidade. Eventos em São Paulo costumam apresentar casos de grandes empresas, eles não falam nossa linguagem", diz a dona da Salt Propaganda, Paula Salgueiro. "Eu e vários empresários recorremos ao TIP para capacitarmos nossas equipes."

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Ana Paula da Salt Progpaganda Foto: Estadão

Para identificar os palestrantes, Ludmilla adota dois critérios. "Convido quem admiro. Vou a muitos a eventos em São Paulo e quando vejo uma palestra incrível, ou me deparo com um conteúdo interessante em um meio digital, passo a observar esse nome. Sigo a pessoa por um tempo para ver se suas ideias estão alinhadas com nossa proposta porque, para topar vir palestrar em Santos, a pessoa tem de gostar de compartilhar conhecimento e de responder perguntas", explica.

Segundo ela, outra alternativa de capacitação é feita por meio de repasse de conhecimento. "Um exemplo é quando enviamos funcionários para eventos fora do País. Na volta, eles montam um conteúdo resumido e repassam as informações para o mercado de forma gratuita ou beneficente." Ela explica que em evento beneficente é cobrado ingresso, com valor inferior ao praticado pelo mercado. Além disso, costuma solicitar um quilo de alimento. Tudo é doado para instituições de caridade da região.

Ludmilla também realiza eventos com conteúdo voltado ao público carente. "Recentemente, atendemos a um pedido do Instituto Querô - projeto social de empreendedorismo ligado a cinema, e demos três dias de curso de audiovisual para os meninos do projeto."

A dona da agência de marketing digital para celebridades Sow Fan, Karina Martins conta que desde o início frequenta os cursos. "Alguns foram fundamentais para a montagem do meu negócio." Segundo Karina, ela faz cursos com profissionais de alto nível, sem a necessidade de gastar tempo e dinheiro indo à São Paulo. "Além da praticidade, há interação com o pessoal da região. Já fechei negócios e parcerias durante os eventos. Além disso, se eu precisar de um curso em alguma área e falar para a Ludmilla, é bem provável que a sugestão seja contemplada."

Karina Martins, fundadora da agência de marketing digital para celebridades, Sow Fan Foto: Estadão

 

A empresária diz que 30% dos cursos são gratuitos, 40% têm desconto com a entrega de alimentos e os demais são beneficentes - exclusivamente para arrecadar fundos destinado a entidades sociais. "Por ano, são cerca de 500 horas de conteúdos. Em cinco anos, já atendemos mais de 2, 6 mil pessoas. É muito gratificante e também aprendo. E ao fortalecer as empresas, indiretamente gero potenciais clientes para o meu negócio, e ainda atraio talentos."

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Empresárias montam agenda mensal de cursos e movimentam cena empreendedora 

Em Goiânia, as irmãs Sabrina e Paula del Bianco são sócias de Fernanda Machado no Coletivo Centopeia, um espaço de 500m² no qual desenvolvem atividades de coworking locando, além de estações de trabalho e salas de reunião, dois ateliês.

No mesmo local, elas realizam cursos com palestrantes vindos de grandes centros. "Queremos fomentar a criatividade, o conhecimento, novas ideias e negócios", diz Sabrina. 

Sabrina (à esq.), Fernanda e Paulacomandam o Coletivo Centopeia Foto: Estadão

A iniciativa começou há quatro anos. "Víamos eventos que ocorriam em São Paulo e não tínhamos condições de ir por falta de tempo ou de dinheiro, e resolvemos trazê-los para cá. Nesse período, já atendemos mais de três mil pessoas."

Hoje, elas mantém agenda mensal de cursos. "Cuidamos da prospecção, comercialização, buscamos o convidado no aeroporto, o levamos ao hotel etc. Além desse tipo de evento, organizamos bate-papos gratuitos entre profissionais da região sobre temas específicos." Aos palestrantes, Sabrina paga cachê com o valor de mercado. "Nossa margem de lucro é quase zero porque queremos abranger o maior número de pessoas, além de arcarmos com os custos de passagens, hospedagem, refeições etc."

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Ciro Rocha, Enredo Foto: Estadão

 

O dono da empresa de branding Enredo, Ciro Rocha, sempre que pode frequenta as palestras, ou envia pessoas de sua equipe. "Sem o Coletivo Centopeia teríamos de viajar em busca de capacitação." Segundo ele, a iniciativa fez aumentar muito o nível de conhecimento dos empreendedores de Goiânia, assim como a concorrência. "Isso passou a ocorrer porque o networking gerado nos eventos é muito bom e acabam impulsionando a criação de novas empresas."

A fundadora do Casulo Moda Coletiva, espaço que comercializa modelos exclusivos de estilistas de Goiânia, Maiene Marques Horbylon conta que o modelo colaborativo adotado pelo Centopeia serviu de inspiração para a criação de seu negócio.

"As marcas pequenas têm dificuldade de terceirizar alguns serviços porque produzem uma quantidade reduzida. O negócio foi criado tanto para comercializar essas peças de designers quanto para prestar serviços especializados em produção de moda", diz.

Maiene (à esq.) e as parceiras Raphaela e Milleide no espaço do coletivo de moda Foto: Estadão

A jovem também tem uma marca de roupas chamada Novelo. "Dentro do Casulo, temos um braço de capacitação no qual realizamos cursos e oficinas para adultos e crianças. No futuro, penso em organizar nosso ateliê para ser um coworking de produção."

Maiene conta que leva os produtos do coletivo de moda para vários lugares do Brasil. "Participamos de feiras e festivais de música para divulgar o trabalho que realizamos."

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Além de participar de cursos oferecidos pelo Coletivo Centopeia, ela diz que eles são os seus maiores parceiros. "Já usamos o espaço para várias oficinas."

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